domingo, 18 de dezembro de 2011

PDT

O PDT nasceu três vezes, isso mesmo! A primeira, em 15 de maio de 1945, como PTB. A segunda, em 17 de junho de 1979, em Lisboa, no grande encontro dos trabalhistas do exílio e do país, do qual Jackson Lago e Neiva Moreira participaram e assinaram sua fundação.

Após a perda da sigla PTB, no dia 12 de maio de 1980, para políticos sem identidade com o trabalhismo (numa manobra judiciária orientada pelos senhores da ditadura), os trabalhistas autênticos realizaram um encontro nacional no Rio de Janeiro, em 17 de maio, com mais de 1.000 participantes de todo o país e fundaram o PDT. Neiva Moreira, Jackson Lago, João Francisco, Reginaldo Telles e muitos outros companheiros maranhenses estiveram lá.

Nos seus últimos 31 anos, acredito que o nosso partido não tenha passado por um momento tão difícil como o atual. De raiz trabalhista, democrático e nacionalista, o nosso partido está sob a ameaça de cair de “corpo e alma” nas armadilhas da política convencional, isto é, no mais vulgar fisiologismo. Isto representaria um tremendo revés para as forças progressistas e democráticas em nosso estado.

Quando aceitamos exercer a presidência do partido, tínhamos a consciência de que as dificuldades seriam enormes, pois o partido perdeu seu líder principal e insubstituível, após a cassação e a campanha eleitoral extremamente adversa e desigual, na qual os seus adversários não lhe dispensaram nem o menor respeito pela sua história de vida, a de um homem que se dedicou às lutas sociais de nosso estado e país.

Além disso, o nosso partido, por seus longos anos de poder municipal e breve poder estadual, não soube enfrentar, de forma construtiva e salutar, alguns desvios de conduta e comportamento que todos devemos ter no exercício da função pública, maus costumes e práticas que possam surgir do longo exercício do poder, além do surgimento de todo tipo de convencionalismo, e do que advém deste com as suas soluções práticas e eficazes. A rigor, somos enfrentados pelo que surgiu desse fisiologismo!

Tomei conhecimento de que os nossos adversários internos nos acusam de três coisas: 1. O fato de não ter residência fixa no Maranhão; 2. A falta de experiência política; 3. A má relação com os demais partidos políticos, o que acabaria levando a um isolamento político.

Gostaria de responder às três, como forma de dar satisfação aos companheiros e às companheiras de partido.

Primeiro, apesar de passar mais dias fora do estado, por razões familiares e profissionais, tenho mantido vínculos profissionais em São Luis e Imperatriz que me obrigam a ficar, pelo menos, 7 dias por mês no endereço conhecido por todos. Agora, com os compromissos de partido, desde 06 de junho passado, tenho ficado 12-14 dias por mês.

Segundo, não posso negar que não tenha experiência política, pois nunca exerci nenhum cargo público eletivo ou de nomeação. Não obstante, acompanho a política desde cedo, exerço a minha profissão nas diversas áreas públicas desde 1994 e creio ter dado conta das tarefas que nos foram impostas ao longo desses últimos meses.

Terceiro, dediquei-me à reorganização do PDT para, uma vez fortalecido e organizado, iniciarmos de forma altaneira e leal a relação com os demais partidos políticos do campo democrático e progressista de nosso estado. Aliás, durante esse período, chegamos a conversar com alguns de seus protagonistas.

Creio que essas acusações são tão vazias como os propósitos daqueles que nos combatem, pois os mesmos que se consideram tão experientes e bem relacionados, são os que têm prejudicado a reorganização de nosso partido sob os mais elevados princípios e valores cívicos, além de não terem um projeto próprio para o mesmo. Querem assenhorear-se de nosso partido para entregá-lo ou leiloá-lo a projetos de poder de cunho estritamente pessoais e atrasados, sem qualquer cuidado ou zelo.

Não posso resignar-me a estas opções. Cabe-me, assim como aos trabalhistas autênticos, a única opção que aponta uma possibilidade de futuro: a de um PDT vivo e atuante baseado nos seus princípios, nas suas raízes e na sua história.

A este PDT, estarei sempre filiado e disposto a travar o melhor combate.

Saudações Trabalhistas!

Igor Lago

São Luis, 18 de dezembro de 2011.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Carta de Clay

É na condição de fundadora, militante, colaboradora em todos os momentos da vida política do PDT e companheira de Jackson Lago que, antes mesmo da fundação do partido, esteve engajada, sob a liderança histórica de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro e Neiva Moreira, entre outros, na construção desta legenda, venho manifestar minha preocupação e surpresa diante dos rumos que vem tomando a nossa vida partidária no Estado do Maranhão.
Sou testemunha do esforço realizado sob a liderança de Igor Lago, no sentido da reorganização do PDT no Maranhão, após o desaparecimento físico daquele que sempre conduziu, com determinação e compromissos, as causas populares e democráticas, particularmente no combate ao Maranhão oligárquico. Foram décadas de lutas travadas que legitimaram a legenda do PDT que, sob a liderança do Jackson, governou por três vezes a cidade de São Luís e o Estado, quando neste cargo foi retirado através de um golpe político-judicial. Não é, portanto, segredo para nenhum maranhense e nenhum brasileiro que Jackson teve que enfrentar todos os poderes constituídos da República para manter a coerência política e ética de sua vida.
Portanto, após a constituição da Comissão Executiva Provisória Estadual, Igor, com os demais companheiros desta Executiva lançaram-se à tarefa que o Jackson, em reunião realizada em dezembro de 2010, havia atribuído a todos os seus companheiros: a reestruturação e reorganização do partido em todo o Estado do Maranhão. Assim foi instalado um processo democrático interno de criação de 211 Comissões Executivas Provisórias Municipais, entre os 217 municípios do Estado, destacando o fato que destas Comissões aproximadamente 50 já realizaram suas convenções e, legalmente, se constituíram em Diretórios.
Respeitando e preservando a memória do Jackson e a história do nosso partido, fundamentada sempre na sua democracia, venho expressar a minha profunda decepção com os rumos propostos pela Direção Nacional, na tentativa de intervenção do processo de construção democrática que até aqui vem sendo desenvolvido. Espero que a Direção Nacional do nosso partido não realize qualquer ato que se caracterize como atitude antidemocrática, preservando todos os compromissos até aqui assumidos.

Atenciosamente,

Clay Lago

São Luis,17 de Dezembro de 2011

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Nota aos Trabalhistas

Lamento profundamente a decisão autoritária de alguns membros da Executiva Nacional a respeito da Comissão Provisória Estadual do Maranhão.

Não posso deixar de expressar meu inconformismo com a forma com que trataram o nosso Partido, num total desrespeito à nossa história e ao legado de seus fundadores, dentre eles o ex-governador Jackson Lago e o ex-deputado federal Neiva Moreira, assim como à vontade da imensa maioria de nossos líderes e militantes.

Rasgaram os princípios das boas práticas partidárias e da própria democracia interna e, com um “canetaço”, optaram pela minoria que, a rigor, não tem projeto partidário a não ser os seus próprios interesses pessoais ou de grupo.

Fizemos todos os esforços para que não cometessem essa violência ao tentar convencê-los, pelo bom senso e pela altivez, que o melhor caminho seria a prorrogação de nossa Comissão Provisória Estadual ou a homologação da que foi deixada pelo nosso ex-governador e a marcação da Convenção.

Após o Carnaval daremos uma entrevista coletiva, como forma de prestar satisfação e informação de nossos próximos passos aos trabalhistas e à opinião pública.

Não nos resignaremos e lutaremos com todos os meios garantidos por nosso próprio Estatuto, para que a Democracia prevaleça e, assim, possamos continuar lutando sob o legado de Getúlio, Pasqualini, Jango, Brizola, Francisco Julião, Doutel de Andrade, Abdias Nascimento, Darcy Ribeiro e Jackson Lago.

Saudações Trabalhistas!

Igor Lago

Imperatriz, 16/02/2012

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Carta de Igor

Companheira(o)s do Partido Democrático Trabalhista do Maranhão,

Como presidente da Comissão Provisória de nosso partido até o dia 01 de dezembro, estamos aguardando o cumprimento do que foi acordado no último encontro entre alguns membros de nosso partido maranhense e o presidente licenciado (ex-ministro Carlos Lupi) e o secretário geral nacional (Sr. Manoel Dias) no último 21 de outubro em Fortaleza-CE, onde tivemos a oportunidade de apresentar aos dois os resultados de todo um trabalho feito “coletivamente” em prol do desenvolvimento de nosso partido.

Temos plena consciência de que representamos os anseios de sua grande maioria, não somente pelo que representamos mas, também, por nos pautarmos pela correção, humildade e sensatez no trato das coisas partidárias que visaram a sua reorganização no estado.

Como ainda não houve a prorrogação de nossa Comissão Provisória pela Executiva Nacional, muitos companheiros e companheiras elaboraram uma carta que está sendo assinada desde a última sexta-feira, por nossos fundadores, militantes históricos, deputados e ex-deputados, prefeitos e ex-prefeitos, vereadores e ex-vereadores, secretários e ex-secretários e presidentes de comissões provisórias e diretórios.


Tudo o que queremos é que a Executiva Nacional considere a história de nosso partido e que reconheça o desejo da imensa maioria de seus membros, que é o de prorrogar a Comissão Provisória Estadual por 90 dias, sem excluir ninguém, e marque uma data para a realização de uma convenção para a escolha do Diretório Estadual. Assim, estaremos reforçando a nossa natureza democrática, o que é salutar para qualquer partido que pretenda lutar pela melhora de nossa democracia e realidade social. Assim, também, estaremos cumprindo com as boas práticas partidárias e dando a oportunidade àqueles que discordam da nossa condução para formarem sua chapa e disputarem o Diretório.
Estamos cientes de nosso dever, pois aceitamos um desafio não somente de reorganizar o partido, como o de colocá-lo à altura das exigências do momento. O nosso estado perdeu a sua grande liderança popular quem, antes de partir para tratamento de saúde, orientou na formação da última comissão provisória para enfrentar os novos desafios após a cassação e a derrota eleitoral numa eleição extremamente desigual e desfavorável. Queria o seu partido coeso e representativo com as suas principais lideranças no comando dessa etapa que se anunciava difícil, e que a estamos enfrentando sem a sua presença. O Maranhão precisa de um grande partido popular! Hoje, estamos órfãos de um líder à altura desse momento. Mas, se tivermos consideração e reconhecimento de nossos companheiros nacionais, não nos faltarão esforços no sentido de preencher esse vazio com um partido formado por valorosos companheiros e companheiras forjados na luta popular e democrática (e, não menos importante, com experiências administrativas diversas!), que lute por melhores condições de vida para a nossa gente.
Gostaria de registrar a minha mais sincera gratidão a todos os companheiros e companheiras que nos tem estimulado em travar mais essa batalha, especialmente aos queridos Neiva Moreira e sua esposa Vânia, pelo apoio e solidariedade; à Clay, Wagner e todos os nossos familiares, assim como àqueles que nos atendem com calor e estímulo pelo Maranhão adentro.

O PDT É MAIOR!

Saudações Trabalhistas!

Igor Lago
Membro do Diretório Nacional do PDT.

São Luis, 14/12/2011

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

PDT e os Desafios do Presente II

Companheira(o)s do Partido Democrático Trabalhista do Maranhão,

A nossa carta de ontem, que procurou chamar a atenção de todos sobre o que está ocorrendo nos últimos dias, viajou por esse mundo virtual, ultrapassou as nossas fronteiras e chegou aos mais variados lugares de nosso estado e país.

Durante o dia de hoje, recebi mensagens de solidariedade aqui, pelo celular, e atendi ao telefone para escutar o estímulo de muitos valorosos companheiros do interior de nosso estado, de nossa capital e do país.

Aproveito para agradecer a todos. Estamos firmes no propósito de fazer com que o PDT seja um escudo para o povo maranhense, na sua luta por melhores condições de vida.

Mas, o que gostaríamos de informar nesta, é que o Ministro Carlos Lupi nos telefonou no começo desta noite, para dizer que tomou conhecimento do que está acontecendo com o nosso partido pela mídia, a partir da minha carta e de sua repercussão.

Demonstrou total desconhecimento e desaprovação da iniciativa daqueles dois senhores, que atuaram em seu nome com as mais estapafúrdias justificativas para mudar no "grito" uma Comissão que só tem trabalhado para que o nosso partido supere esse momento tão difícil que estamos vivendo - a ausência daquele que foi o maior líder das oposições de nosso estado!

Fêz questão de afirmar que o PDT nacional respeita e respeitará as decisões de nosso partido aqui no Maranhão.

E, se estou dando estas informações, é que o mesmo concordou com a iniciativa de escrever esta nova carta, e dar a todos os pedetistas maranhenses o esclarecimento desse episódio.

Portanto, cabe-me expressar a nossa satisfação para com a iniciativa do Ministro Lupi para atingirmos esse objetivo.

Tenho a convicção de que estamos defendendo uma boa causa, pois esta representa os nossos mais valorosos anseios de querer fazer com que o nosso partido seja uma ferramenta, um instrumento de luta, uma casa para reunirmos todos aqueles que consideram que os valores do trabalho sempre devem impor-se ante os valores do capital, que o homem seja sempre colocado em primeiro plano antes de qualquer idéia de lucro ou ganância, que as liberdades sejam cotidianas e, a democracia, sempre o começo, meio e fim de qualquer ação cívica.

Mas, precisamos ter atitudes coerentes com a nossa história e nossos propósitos sempre.

Assim, estaremos honrando os ideais de nossos fundadores e de todos aqueles que viveram as suas vidas de forma solidária para tornar este estado e este país um canto mais digno de se viver.

Jango, Brizola, Darcy, Julião, Jackson, Doutel, Dias, Matheus, Brandão, Grill e tantos outros não passaram aqui em vão.

Até a próxima.

Saudações Trabalhistas!

Igor Lago
Presidente da Comissão Estadual do PDT/Maranhão.

Publicado em 30/11/2011

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

PDT do Maranhão e os Desafios do Presente

Companheira(o)s do Partido Democrático Trabalhista do Maranhão,

Como Presidente da Comissão Provisória de nosso partido desde o dia 06 de junho, cabe-me relatar a todos vocês algo de extrema gravidade que está acontecendo em nosso partido:

Dêsde a última quinta-feira, dia 24 de novembro, fui avisado por alguns membros de nossa Comissão, que os senhores Weverton Rocha e Julião Amin tramam a minha saída da presidência junto ao Ministro Carlos Lupi.

A justificativa que estes senhores estão dando é a de que o Ministro estaria contrariado com as minhas declarações durante o episódio que envolveu a todos nós, isto é, a viagem que o Ministro realizara ao nosso estado em dezembro de 2009, numa agenda ministerial e partidária feita por seu então assessor e candidato a deputado federal.

Considero que as minhas declarações foram necessárias para contribuir a esclarecer os fatos e repor a verdade, pois não bastasse a agenda mal feita pelos assessores do Ministro (não tiveram o apropriado cuidado para com uma autoridade federal, no que se refere ao seu transporte aéreo!), a nota do Ministério do Trabalho e Emprego, feita às pressas e sem nenhum respaldo político e jurídico, faz referência equivocada ao nosso ex-governador e ao nosso partido, assim como a declaração do presidente nacional em exercício deputado André Figueiredo, de que cobraria explicações ao PDT do Maranhão.

Não tivemos outra opção ao ser indagado por diversos jornalistas de todo o país que, naquele momento, cobravam de mim tais explicações. Não me furtei a fazê-las!

Reafirmo que o ex-governador Jackson Lago viajou como convidado e num gesto de deferência ao presidente nacional de seu partido com viagem ao nosso estado; que o nosso partido não arcou com despesas de transporte aéreo como atestam a nossa contabilidade de 2009 e 2010. E, com toda a veemência, reafirmo que o Sr. Jackson Lago jamais fizera algum pedido a qualquer empresário para que alugasse ou cedesse aviões para a concretização dessa viagem! Tenho afirmações seguras de vários companheiros e conhecidos que compartiram com ele a sua trajetória e, especificamente, quanto a essa viagem.

Qualquer outra afirmação contrária a esta é fruto da irresponsabilidade e da inconsequência de pessoas que jamais tiveram a noção exata de quem era o homem público Jackson Lago, apesar das oportunidades que tiveram junto a ele.

A minha percepção nesse episódio da viagem ao Maranhão, é a de que expuseram o Ministro ao ridículo, não só pelo fato em si, mas pelas consecutivas explicações superficiais e ocas sobre o episódio, especialmente do atual deputado federal em exercício e ex-assessor do Ministro.

Este, sem noção de que exporia ainda mais o Ministro, chegou a discursar no grande expediente da Câmara para defender-se de inúmeras acusações, muitas graves e, com certeza, já começam a despertar a atenção dos seus pares naquela Casa. E, como lhe sobravam alguns minutos de seu grande expediente, dirigiu sua verborragia para mim, como se eu tivesse sido o autor de toda a incompetência causadora de fatídico episódio.

Dizem que a arrogância e a incompetência, quando andam juntas, provocam devastações as mais diversas. Ei-las aos nossos olhos!

Companheira(o)s, creio que estamos cumprindo uma missão: a de reorganizar o nosso partido, a de levar adiante a luta pela libertação de nosso povo, a de cultivar os melhores valores de uma Répública e de uma Democracia.

Hoje mesmo, tomei a iniciativa de ligar para o Secretário Nacional, o Sr. Manoel Dias, quem me disse que não estava sabendo de nenhuma decisão nesse sentido.

Creio que isto tudo foge da concertação que tivemos em Fortaleza, onde conversamos e discutimos com o Ministro e o Secretário Nacional a realidade de nosso partido. Espero que eles tenham compreendido que o PDT no Maranhão tem muito mais profundidade e significado do que possam ter feito chegar aos seus ouvidos.

O nosso partido é grande, tem boas perspectivas para as próximas eleições municipais e, com certeza, para as eleições estaduais. Posso adiantar que disputaremos muitas prefeituras com chance de vitória, faremos esforços para coligar com os demais partidos do campo das oposições e elegeremos inúmeros vereadores.

Isto desperta a inveja de muitos e as tentativas de golpismo. Mas, não passarão!

Somos decididos a lutar por nossa causa que consideramos justa.

Não nos entregaremos a nenhuma manobra que contrarie às boas práticas partidárias.

Não nos calaremos diante daqueles que querem leiloar o nosso partido para fulano,beltrano ou sicrano!

Sou homem de fé e creio na justiça dos homens e de Deus.

Saudações Trabalhistas!

Igor Lago
Presidente da Comissão Estadual do PDT-Maranhão

São Luis, 28/11/2011.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

PDT PRESENTE! JACKSON LAGO PRESENTE!

No dia 06 de junho assumimos a presidência da Comissão Provisória do Partido Democrático Trabalhista do Maranhão, em substituição àquele que foi um dos seus fundadores e um dos maiores líderes políticos de tradição democrática e popular de nosso estado. Não é tarefa fácil e, com toda a humildade, tenho procurado exercê-la seguindo o caminho trilhado por ele durante a vida inteira, ou seja, o da correção e respeito a todo (a)s o (a)s companheiro (a)s de partido e de luta, assim como o do cultivo das boas práticas partidárias.

Procurei, antes de assumir, os fundadores de nosso partido; visitei, conversei e aconselhei-me com os mesmos, dentre eles, Neiva Moreira, João Francisco, Reginaldo e Maria Lúcia Telles, Pedro Lago, Alaíde, Terezinha, Léo Costa, Sandra Torres, Eduardo Telles, Josemar Pinheiro e muitos outros. Comparti, na sede do partido e nas viagens ao interior do estado, de interessantes conversas e discussões a respeito de nosso PDT e de nosso Maranhão com valoroso(a)s companheiro(a)s.

A Comissão Provisória Estadual, de forma colegiada, dedicou-se a reorganizar o partido, após o que considero o seu (nosso) momento mais difícil, isto é, a cassação fatídica de 16 de abril de 2009, a campanha eleitoral injusta e o seu resultado adverso, o afastamento para tratamento de saúde e, por fim, o falecimento de seu (nosso) principal líder.

Acredito que a comoção de sua morte nos impõe uma responsabilidade ainda maior: a de reorganizar um partido de oposição no Maranhão com toda a sua experiência, acumulada ao longo de décadas, com uma visão de futuro. O PDT, com toda a sua história e experiência política, precisa ter a suficiente capacidade de discernimento ante os desafios do presente e do futuro.

Fizemos 15 reuniões, algumas até altas horas da madrugada, nas quais discutimos a organização do partido nos municípios. Estas, acredito, foram de grande aprendizado para todos nós, pois nos deram a oportunidade de conhecer de perto muitas realidades de nosso partido e dos nosso(a)s querido(a)s companheiro(a)s. Pude aprender muito com todos, especialmente aqueles líderes que o nosso partido deve ter todo o orgulho de tê-los em suas fileiras, tanto na Comissão Provisória Estadual como nas Comissões Provisórias Municipais e Diretórios Municipais. De forma semelhante, também aprendi com aqueles que não fazem parte das mesmas, mas que tem toda uma vida dedicada ao partido e ao nosso sofrido Maranhão. O PDT tem um imenso orgulho de todo(a)s!

Das discussões acaloradas, do embate natural no exercício da política e as características inerentes a cada um de nós, pudemos chegar a um resultado que considero muito significativo: o de formar o partido em 211 dos 217 municípios de nosso estado! Acho que é um feito e tanto, verdadeiro motivo de orgulho para todos nós pedetistas que buscamos um Maranhão melhor, mais digno e mais justo. Para um partido popular e democrático erigir-se das inúmeras adversidades, e sem a presença física de seu principal líder, não podemos desprezar a nossa obra.

Durante esses 140 dias, tivemos a felicidade de filiar valoroso(a)s cidadão(ã)s em todo o estado, vereadores, candidato(a)s a vereador, vice-prefeito e prefeito, em nome dos quais gostaria de mencionar o Ministro Edson Vidigal - grande maranhense de Caxias e bravo companheiro das lutas recentes de libertação de nosso estado, ao lado de nosso eterno guerreiro Jackson Lago.

O nosso partido é feito pela vontade de nosso(a)s companheiro(a)s de querer mudar o Maranhão que sofre de tudo e, principalmente, da presença do Estado em seu território. Esse é o maior sofrimento de nosso povo! Basta freqüentar as periferias. ou sairmos de nossas principais cidades, para constatar o abandono de nossa gente. A impressão que temos, num primeiro momento, é a de que houve uma guerra. Mas, sabemos que não aconteceu nenhuma guerra, a não ser a que as nossas irresponsáveis elites fizeram contra o nosso próprio povo ao longo desses anos todos.

A guerra contra a saúde pública, contra a educação pública, contra a distribuição da terra e os seus benefícios para o desenvolvimento, contra toda infra-estrutura que comunica e interliga os povoados, as vilas, as comunidades e as cidades, enfim, contra o funcionamento normal de nossas instituições.

O nosso povo ainda não conquistou a liberdade e dignidade de ter bons serviços públicos de educação e saúde, de moradia com adequados serviços de água e esgoto, de terra e apoio técnico para o trabalho na mesma. Mas, em nome de nosso partido, gostaria de afirmar que o PDT estará onde sempre esteve, isto é, ao lado de nosso povo na conquista de liberdade, democracia e justiça social.
Como diz o verso de nosso maior poeta:

“Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida é luta renhida:
Viver é lutar.A vida é combate,
Que os fracos abate, Que os fortes, os bravos,
Só pode exaltar.”


São Luis, 24 de outubro de 2011.

Igor Matos Lago
Presidente da Comissão Provisória do PDT – Maranhão.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Saudações ao Neiva!

O Presidente da Comissão Provisória Estadual do PDT e o Presidente do Diretório Municipal de São Luis, em nome de todos os membros de nosso partido, parabenizamos ao grande companheiro Neiva Moreira por mais um ano de vida.

Esse grande brasileiro nascido em Nova Iorque do Maranhão, há 94 anos atrás, tornou-se jornalista, deputado estadual e federal, político reformista e revolucionário, exilado, escritor, editor, cidadão do terceiro mundo, fundador de nosso partido e eterno companheiro de Leonel de Moura Brizola e Jackson Lago.

Nosso partido tem a honra de viver e conviver com o seu exemplo de vida, seguido por todos nós que almejamos uma sociedade democrática, estruturada na liberdade e na justiça social, em que os direitos humanos, em particular os valores do trabalho se sobreponham aos do capital.

Abraçamos afetuosamente o companheiro Neiva Moreira!

Saudações Trabalhistas!

Igor Matos Lago e Moacir Feitosa.

São Luís, 10 de outubro de 2011.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Coragem Política!

Companheiras e companheiros do PDT,

É, sinceramente, um imenso prazer estar aqui com vocês, nesta cidade heróica, lugar de tantas batalhas pela República, pela Democracia, pela Legalidade. Quis o destino que, aqui e agora, não estivesse presente, fisicamente, um homem que dedicou toda a sua vida em prol dos ideais do Trabalhismo, da Democracia e da Justiça Social. Mas, cumprindo com o nosso dever, aqui estamos, juntamente com todos os companheiros e companheiras de nosso sofrido estado, nos esforçando em representá-lo. Temos a consciência de que este Encontro é de celebração por uma das mais belas campanhas cívicas de nossa história, liderada pelo jovem governador gaúcho, a quem o poeta chileno e prêmio Nobel - Pablo Neruda -, dedicou um lindo poema titulado Brizola de las Américas. E, se nos perguntarmos a principal razão da existência de tal Campanha, temos de reconhecer que esta deveu-se a uma qualidade rara na política brasileira:

Coragem! Amigas e amigos, o Brizola foi sinônimo de Coragem Política!

Não podemos jamais esquecer de que somos o partido do trabalhismo brasileiro - movimento autóctone-, que não deixa a desejar em nada, seja do ponto de vista teórico ou prático, em relação às outras ideologias. Este encontro pode nos servir não somente para relembrar esse feito ímpar de nossa história; mas, também, para começarmos a refletir a respeito de nosso próprio partido, de nosso papel no presente e no futuro. Eis, senhoras e senhores, que nos surgem algumas perguntas:

1. O PDT tem estado à altura dos ideais trabalhistas protagonizados por Getúlio Vargas, Alberto Pasqualini, João Goulart, Leonel Brizola e Darcy Ribeiro?
2. Se, na raiz de nossos ideais trabalhistas, encontra-se a concepção nacionalista e, consequentemente, antiimperialista, está o PDT combatendo a nossa situação de mera neocolônia exportadora de matéria-prima e commodities, cujos repetidos governos teimam em nos manter?
3. Ou está mudo, tímido e acomodado diante de tal realidade imposta pelo neoliberalismo, há 30 anos, com a tal chamada globalização?
4. Resignou-se o nosso partido, ao igual que muitos outros partidos ditos progressistas e de esquerda, com a velha concepção de crescimento econômico dependente ou a oportunista miopia de que crescimento econômico implica em diminuição da desigualdade social, tão divulgada pela nossa imprensa oficialista?

Senhoras e senhores, ainda na raiz de nossos ideais trabalhistas, temos uma outra, a do primado dos valores do trabalho sobre o capital. Não esqueçamos o nosso papel de partido que busca transformar a nossa realidade social e econômica fazendo com que o nosso povo conquiste uma vida digna e, assim, o nosso país se torne uma grande Nação. Coragem política PDT!

Getúlio, Jango, Brizola, Darcy, Francisco Julião, Abdias Nascimento, Mário Juruna, Jackson Lago vivem!

Saudações Trabalhistas!

Igor Lago
Presidente Estadual do PDT do Maranhão

* Discurso que seria apresentado no V Congresso do PDT em Setembro de 2011, mas por limitação do tempo teve que ser encurtado.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O PDT é um partido de história, forjado na luta pela democracia

“Jamais uma só pessoa ou um só político destruirá o PDT”.

O nosso entrevistado da semana é o médico Igor Matos Lago, 42, natural de São Luis, militante político desde os seus 11 anos, participando das inumeráveis reuniões que aconteciam na casa de seus pais ou na sede do Partido participando da Juventude Trabalhista e, depois, Juventude Socialista.
Graduação em Medicina no Instituto Superior de Ciências Médicas de Havana, onde viveu 6 anos, graças a uma bolsa de estudo que o seu pai, o ex-governador do Maranhão, Jackson Lago, conseguiu junto ao Ministério da Saúde de Cuba, durante uma viagem a um congresso naquele país.
Com diploma Revalidado na UFMA, fêz Pós-Graduação como Residente em Clínica Médica no Hospital Ipiranga - SUS - SP, especialização em Cardiologia e, depois, em Cardiologia - UTI, na Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo e, por último, especialização em Hemodinâmica no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia do Estado de São Paulo. Um dos herdeiros políticos de Jackson Lago, ocupa a presidência da Comissão provisória do PDT no Maranhão.
Por EGÍDIO PACHECO

TRIBUNA DO NORDESTE – O seu pai, o ex-governador, Jackson Lago, militou na Medicina e na Política. Qual a avaliação que o senhor faz do médico Jackson Lago?
Igor Lago – Como profissional, sempre foi muito dedicado, muito interessado em se superar a cada dia. Tinha aquela atitude do médico de extrema preocupação com o ser humano e não só com a doença. Ele era profundamente humanista na sua arte de exercer a Medicina.

T. N. – E na Política?
Igor Lago – Na Política ele também carregava esse humanismo. Achava que a Política era o meio de servir às pessoas e, especialmente, aos mais pobres, injustiçados, abandonados, o que no Maranhão ainda é muito forte essa característica. Acredito que tanto como médico como político, foi um grande humanista.

T. N. – Como o senhor acompanhou o “esfacelamento” entre aspas, do PDT no Maranhão, especificamente em São Luís, capitaneado pelo então prefeito de São Luís, Tadeu Palácio?
Igor Lago – A vida, assim como a política, é um processo. A cada dia enfrentamos um problema. Ninguém destruiu o PDT. Ninguém ainda conseguiu destruir o PDT. Acho muito difícil que alguém o consiga. O PDT é um partido de história, forjado na luta pela Democracia, Anistia, Liberdade, pelos Direitos Humanos, pelas propostas verdes de defesa do meio ambiente, pela transformação social, pela Educação Pública integral de qualidade, pelos serviços de Saúde de qualidade, por uma melhor distribuição da terra que possa ajudar o homem do campo a se desenvolver. Então, o PDT, com essas características, jamais poderá ser alvo de destruição por uma só pessoa, um só político. O PDT, como todos os partidos, teve e tem os seus problemas mas, por essas características, por essa raiz, acho muito difícil, que alguém consiga destruir o PDT. Além dessas características, há uma disposição de seus fundadores, de seus membros de, a todo tempo, lutar pelo Partido, descobrir as armadilhas que são montadas contra o Partido e nós as vamos desfazendo no dia-a-dia.

T. N. ,– Qual foi o pior momento do PDT estadual?
Igor Lago – Posso lhe dizer que o PDT enfrentou os seus piores momentos durante a cassação, as eleições de 2010 e, principalmente, após a ausência para tratamento de saúde e, infelizmente, o desaparecimento físico de nosso companheiro e líder maior - Jackson Lago. Mas, tudo isto só estimulou os companheiros, a se reunirem e trabalharem pela reorganização e fortalecimento do PDT. Então, ao contrário do que muitos imaginam, o PDT hoje, mesmo sem a presença do seu líder maior, mesmo com tudo que ocorreu nos últimos tempos, o PDT é um partido forte e vai dar demonstração muito contundente disto num futuro muito próximo.

T. N. – É verdade que o pedetista, Jackson Lago, durante a sua trajetória e, principalmente, quando governador do Maranhão, foi um dos políticos mais perseguidos no Estado e, porque não dizer, no Brasil?
Igor Lago – Sem dúvida nenhuma. Considerando que vivemos sob o domínio de um grupo político que não tem a natureza democrática e que mantém esse Estado sob as rédeas, interferindo em todas as suas instituições, nós consideramos que o nosso líder Jackson Kepler Lago foi o político brasileiro mais perseguido durante o processo de redemocratização que, aliás, ainda não aconteceu verdadeiramente no Maranhão, porque só vamos poder dizer que o Maranhão está democratizado, quando tivermos uma alternância de poder consolidada. Ele tentou, mas lhe foi tirada a chance após dois anos, três meses e dezesseis dias.

T. N. – Como está o PDT hoje na sua organização?
Igor Lago – Olha. O PDT hoje vem se reorganizando, se reestruturando e vamos estar presentes nos 217 municípios do Maranhão. Participamos de mais uma reunião da Executiva Estadual. Já temos o Partido organizado em cerca de 150 municípios e estamos correndo atrás dos prazos legais, para chegar ao nosso objetivo, que é o de formalizar o PDT em todos os municípios do Estado até outubro. Acredito que estamos muito próximos dessa meta, e vejo o entusiasmo dos companheiros voltando. Aquela tristeza, aquele abatimento, de pouco a pouco, está se transformando num grande entusiasmo em reorganizar o Partido. Essa é a forma que todo mundo está encontrando de homenagear o nosso líder maior.

T. N. – As eleições municipais estão chegando. E como vai ser a participação do PDT. Ele vai integrar uma frente oposicionista de unidade?
Igor Lago – Veja bem. Nós temos colocado que o melhor para o PDT, que está passando por esse processo de reorganização, seria tratar de alguns assuntos, como o de São Luís, só a partir do ano que vem. De preferência, depois do carnaval, para que essas discussões não contaminem o processo que estamos construindo no presente, isto é, a reorganização partidária. Agora, quando concluirmos esse processo de reorganização, o PDT vai estar mais fortalecido para discutir todas as questões, inclusive esta de São Luís. Mas, posso lhe adiantar que há um sentimento muito forte no Partido (pelo que se percebe e se ouve hoje) de que o mesmo tem uma resposta à sociedade de São Luís, a de candidatura própria, mas ainda é muito cedo. Vamos deixar para discutir isso, no momento adequado, no momento propício.

T. N. – Como o senhor vê a oposição hoje no Maranhão?
Igor Lago – A oposição no Maranhão está enfrentando um momento muito difícil porque, após as eleições de 2006 e com a cassação, houve um segmento dentro da oposição, que colocou em primeiro plano o seu objetivo próprio. Não teve o entendimento de que seria importante a unidade das oposições já no primeiro turno das eleições de 2010. Então, as oposições foram divididas para as eleições, e deu no que deu. Segundo, houve um comportamento durante as eleições de muita deslealdade e de desrespeito, quando um segmento decidiu avançar sobre outro segmento de forma desleal, rasteira, não condizente com os princípios da ética, da moral, os príncipios democráticos e republicanos. Preferiram seguir os princípios – se é que se pode chamar de princípios – da esperteza. Então, deu no que deu. Não tivemos nem segundo turno e estamos amargando essa realidade dura, que é a oligarquia se consolidar no poder após ter tomado o mandato popular nos tapetes dos tribunais. Mas, vamos ver o que a gente pode reconstruir. O PDT está fazendo a sua parte; reorganizando-se, reestruturando-se e, partir para 2012 como um partido forte apresentando o maior número possível de candidatos a vereadores, vice-prefeito e prefeito, e tentar fazer a composição com os outros partidos dentro do campo democrático, sempre pautando pelo respeito e pela lealdade, visando mudar o Maranhão.
T. N. – Com vistas a 2012, o PDT já está trabalhando um projeto real para o desenvolvimento de São Luís?
Igor Lago – O PDT tem toda uma história com relação a São Luís. O PDT ganhou as eleições municipais de São Luís de 1988, 1996, 2000, 2004 e ganhou outras com partidos aliados. No momento apropriado, como já disse, nós vamos dar uma resposta aos anseios da sociedade de São Luís. O PDT vai apontar que tem propostas novas, modernas, de compromisso com o desenvolvimento da cidade de São Luis, principalmente, com os requisitos de qualidade na área da saúde, educação, regularização dos terrenos e enfrentar o problema do trânsito, que é muito sério, o da segurança – ver no que se pode colaborar no enfrentamento da violência, drogas, etc. O PDT é um partido que tem tradição solidária, e vai continuar servindo aos ludovicenses e aos maranhenses.

T. N. – O senhor como médico, como o senhor vê o Sistema Único de Saúde hoje no Brasil?
Igor Lago – Fico muito triste porque, recentemente, tivemos um governo que chegou ao poder em 2002, dizendo que ia transformar o País: mudar a saúde, a educação, a infra estrutura, e o que vemos é que o País em nada disso avançou; ao contrário, na área da saúde, o valor percentual do PIB até diminuiu com relação ao governo anterior. Constatamos que, de fato, não mudou, não melhorou a saúde do País. Eu me sinto muito decepcionado, frustrado em ver que o País não avançou. Vemos pelos jornais e TVs as crises dos hospitais públicos, filas imensas nos serviços de urgências e emergências, a falta de atividades básicas de saúde. Então, acho que nós precisamos mudar muito para que possamos dar uma melhor cara na saúde pública brasileira.

T. N. – E como o senhor vê a saúde doméstica? A governadora Roseana, assim que tomou o poder anunciou a construção de 73 hospitais para dezembro do ano passado e até agora inaugurou apenas um. Além do mais, a Revista Isto É deu uma manchete de que os hospitais de Roseana estão na UTI. Um escândalo envolvendo licitações e doações de campanha. Como o senhor vê esse episódio?
Igor Lago – Eu diria que o Maranhão deu passos de caranguejo em todas as áreas e, na área da saúde, o que está vindo à tona, reflete isto de forma muito categórica. O Maranhão, há muito tempo, precisa construir hospitais regionais para atendimento de urgência e emergência nas áreas clínica e cirúrgica básicas, para que os postos de saúde e unidades de primeira instância possam se integrar a esses hospitais, que teriam, a princípio, serviços de média e, alguns, de alta complexidade.
Com o conhecimento logístico dos níveis das unidades de saúde, é que vamos resolver o problema, com muita vontade política e com uma correta aplicação dos recursos públicos.

* Entrevista concedida ao Jornal Tribuna do Nordeste em 19 de Agosto de 2011

sábado, 10 de setembro de 2011

Salvador Allende

Senhora(e)s, companheira(o)s e amiga(o)s,

Amanhã, dia 11 de setembro de 2011, completaremos 38 anos do golpe no Chile.
Uma missiva eletrônica do Instituto João Goulart- nosso único Presidente da República morto no exílio-, inspirou-me nessa intenção de divulgar o último discurso do saudoso presidente chileno Salvador Allende, médico, senador e político que tentou mudar a realidade daquele país.

Há muitas passagens sobre esse grande homem, dentre elas, a de prestar solidariedade pessoal e política aos três guerrilheiros remanescentes da guerrilha liderada pelo Che Guevara na Bolívia. Allende senador, envolveu-se pessoalmente na proteção desses três homens em 1967, e que continuam vivos na ilha caribenha de Cuba.

Apesar de todo o poder dos setores que dominavam a política chilena, Salvador Allende elegeu-se presidente da república em 1970 numa ampla aliança dos setores progressistas daquele país. Fêz um governo exemplar, com a prestação e colaboração dos melhores homens públicos do Chile e de outros países, a exemplo de nosso Darcy Ribeiro.

Infelizmente, foi derrubado e, ao igual que Getúlio Vargas, preferiu a morte. Não quis render-se à infâmia! Preferiu enfrentar voluntariamente a morte- esse eterno enigma de nossa existência.

O seu último discurso é um verdadeiro poema libertário. Não há nenhuma palavra fora de lugar. Todas são, necessariamente, postas em seu sentido, o da explicação do ato a ser feito em seguida, ou seja, a disposição de morrer lutando ou, o que realmente ocorreu, a entrega da vida (o suicídio), como disposição de luta e manutenção da honra pessoal e política. Poucos presidentes a fizeram!

Nós, brasileiros, temos o nosso saudoso Getúlio Vargas, que preferiu suicidar-se aos 71 anos, ao ver-se deposto e humilhado pelos poderosos de nosso país. Salvador Allende, quem dissera que a queda do João Goulart foi sentida em todo o continente (exceto pelos intelectuais uspianos!), fêz a mesma opção.

Eis o seu último discurso, desde o Palácio de La Moneda, logo após os criminosos bombardeios.

Igor Lago.
10/09/2011.


O ÚLTIMO DISCURSO DE SALVADOR ALLENDE
Discurso do Presidente Salvador Allende, em 11 de setembro de 1973, dia do golpe de Estado que derrubou o governo da Unidade Popular e implantou a sanguinária ditadura militar comandada pelo general Pinochet:


"Seguramente, esta será a última oportunidade em que poderei dirigir-me a vocês. A Força Aérea bombardeou as antenas da Rádio Magallanes. Minhas palavras não têm amargura, mas decepção. Que sejam elas um castigo moral para quem traiu seu juramento: soldados do Chile, comandantes-em-chefe titulares, o almirante Merino, que se autodesignou comandante da Armada, e o senhor Mendoza, general rastejante que ainda ontem manifestara sua fidelidade e lealdade ao Governo, e que também se autodenominou diretor geral dos carabineros.

Diante destes fatos só me cabe dizer aos trabalhadores: Não vou renunciar! Colocado numa encruzilhada histórica, pagarei com minha vida a lealdade ao povo. E lhes digo que tenho a certeza de que a semente que entregamos à consciência digna de milhares e milhares de chilenos, não poderá ser ceifada definitivamente. [Eles] têm a força, poderão nos avassalar, mas não se detém os processos sociais nem com o crime nem com a força. A história é nossa e a fazem os povos.

Trabalhadores de minha Pátria: quero agradecer-lhes a lealdade que sempre tiveram, a confiança que depositaram em um homem que foi apenas intérprete de grandes anseios de justiça, que empenhou sua palavra em que respeitaria a Constituição e a lei, e assim o fez.

Neste momento definitivo, o último em que eu poderei dirigir-me a vocês, quero que aproveitem a lição: o capital estrangeiro, o imperialismo, unidos à reação criaram o clima para que as Forças Armadas rompessem sua tradição, que lhes ensinara o general Schneider e reafirmara o comandante Araya, vítimas do mesmo setor social que hoje estará esperando com as mãos livres, reconquistar o poder para seguir defendendo seus lucros e seus privilégios.

Dirijo-me a vocês, sobretudo à mulher simples de nossa terra, à camponesa que nos acreditou, à mãe que soube de nossa preocupação com as crianças. Dirijo-me aos profissionais da Pátria, aos profissionais patriotas que continuaram trabalhando contra a sedição auspiciada pelas associações profissionais, associações classistas que também defenderam os lucros de uma sociedade capitalista. Dirijo-me à juventude, àqueles que cantaram e deram sua alegria e seu espírito de luta.

Dirijo-me ao homem do Chile, ao operário, ao camponês, ao intelectual, àqueles que serão perseguidos, porque em nosso país o fascismo está há tempos presente; nos atentados terroristas, explodindo as pontes, cortando as vias férreas, destruindo os oleodutos e os gasodutos, frente ao silêncio daqueles que tinham a obrigação de agir. Estavam comprometidos. A historia os julgará.

Seguramente a Rádio Magallanes será calada e o metal tranqüilo de minha voz não chegará mais a vocês. Não importa. Vocês continuarão a ouvi-la. Sempre estarei junto a vocês. Pelo menos minha lembrança será a de um homem digno que foi leal à Pátria. O povo deve defender-se, mas não se sacrificar. O povo não deve se deixar arrasar nem tranqüilizar, mas tampouco pode humilhar-se.

Trabalhadores de minha Pátria, tenho fé no Chile e seu destino. Superarão outros homens este momento cinzento e amargo em que a traição pretende impor-se. Saibam que, antes do que se pensa, de novo se abrirão as grandes alamedas por onde passará o homem livre, para construir uma sociedade melhor."

domingo, 4 de setembro de 2011

Legalidade, Brizola e Jackson

A Campanha da Legalidade exerceu uma enorme influência na formação política de Jackson Kepler Lago. Como estudante de Medicina, médico e pós-graduando no Rio de Janeiro, participou ativamente dos movimentos estudantis e sociais no final dos anos 50 e início dos anos 60 na “cidade tambor” de nosso país. Era assíduo freqüentador da UNE que, diferentemente da atual, realizava as famosas palestras de personalidades progressistas nacionais e internacionais, hasteava as bandeiras nacionalistas, democráticas e reformadoras ou revolucionárias da época, etc.

Tinha admiração e relacionava-se com vários contemporâneos do Partido Comunista Brasileiro, do Partido Socialista Brasileiro e do Partido Trabalhista Brasileiro que, naquela época, tinha no jovem governador gaúcho Leonel de Moura Brizola uma estrela em ascensão no cenário político nacional com as suas políticas de educação pública, reforma agrária e a nacionalização de companhias estrangeiras que emperravam o desenvolvimento daquele estado. Quando da renúncia do presidente conservador Jânio Quadros em 1961, o nosso Jango encontrava-se no outro lado do planeta em visita oficial. Não queriam dar posse ao sucessor político de Getúlio Vargas que, eleito pela segunda vez vice-presidente do país, tinha o seu direito garantido pela Constituição.

Não fosse o movimento cívico desencadeado pelo governador gaúcho, o golpe cívico-militar, frustrado em 54 e exitoso em 64, seria em 61! A Campanha da Legalidade influenciou a todos, especialmente aqueles envolvidos com os movimentos sociais, políticos e culturais em plena efervescência no país. O governo Goulart que, diga-se de passagem, gozava de grande popularidade e estava determinado a implementar as reformas de base (as quais ainda tanto precisamos!), marcou profundamente a sua geração. Ele se orgulhava ao falar que participou do Comício da Central do Brasil no dia 13 de março, ouvindo o Arraes, o Brizola e o Jango.

Acho que foi o Comício de sua vida! Depois, veio o golpe. Terminou sua pós-graduação em Cirurgia Torácica e voltou a São Luis, onde implantou um dos primeiros serviços de cirurgia torácica no nordeste do país. Logo em 1967, foi secretário de saúde do município de São Luis, a convite do então prefeito Epitácio Cafeteira que, numa manifestação de rebeldia da ilha de São Luis, derrotara aos três candidatos do jovem governador conservador José Sarney. Desenvolveu a rede de saúde na cidade levando os serviços até a periferia. Em 1974, foi eleito o deputado estadual mais votado pelo MDB (mandato que dedicou à luta dos trabalhadores rurais de nosso estado e à luta pela Anistia) e, em 1978, obteve a primeira suplência de deputado federal com grande suspeita de ter seu mandato frustrado por manobras de apuração afeitas à oligarquia maranhense.

Visitou o líder maranhense Neiva Moreira no exílio, quem lhe passava notícias do Brizola, do Jango e de outros companheiros trabalhistas. Nesse espaço de tempo, tornou-se professor da Faculdade de Medicina no Maranhão e médico cirurgião de notória dedicação ao desenvolvimento dos serviços públicos. Em 1979, lembro de sua alegria ao viajar a Lisboa para participar do Encontro dos Trabalhistas no exílio. Voltou emocionado e inspirado pela liderança daquele que considerava um dos maiores homens públicos da história brasileira. Também tinha uma devoção especial ao Cavaleiro da Esperança, o saudoso Luis Carlos Prestes.

Foi um dos primeiros signatários da fundação do PTB e, depois, do PDT. Enfrentou várias derrotas eleitorais, tais como a de 1976 para prefeito de Bacabal, as de 1978, 1982 e 1986 para deputado federal (nesta última foi o quinto mais votado, porém, o PDT não fez o quociente eleitoral!), a de 1985 para prefeito de São Luis, as de 1994, 2002(nesta lhe tiraram a chance de disputar o segundo turno por manobras de tapetão judiciário!) e 2010 para governador (esta marcadamente influenciada pela utilização do projeto Ficha Limpa pela oligarquia e seus dissidentes!).

Foi secretário de saúde no governo Cafeteira entre 1987 e 1988 com atuação nas conferências pela formação do SUS. Mas, também, colheu vitórias eleitorais, tais como a de 1988, 1996 e 2000 para prefeito de São Luis e, em 2006, para governador. Infelizmente, cassaram-lhe injustamente o seu mandato sob a alegação de abuso de poder político e econômico contra a candidata dos Sarney. Estava fazendo uma verdadeira mudança nos rumos do estado, o que atiçou os instintos de sobrevivência da oligarquia.

Seja como deputado estadual, prefeito ou governador, sempre se notabilizou pelo bom senso, pela honradez e pelo alto sentido do servir aos interesses públicos. Ainda nos seus últimos dias da última campanha, pude testemunhar momento de emoção nos seus olhos quando um popular lhe falou que “se o Brizola fosse vivo, jamais lhe teriam tirado o mandato”. Nas lágrimas salientes de seus olhos, vi a certeza de sua saudade daquele líder que se dedicou a mudar o Brasil.


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Getúlio Vargas II - CARTA TESTAMENTO

Mais uma vez, a forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.

Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre.

Não querem que o povo seja independente. Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a ponto de sermos obrigados a ceder.

Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo, que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar, a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.

Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão.

E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História.

Rio de Janeiro, 23/08/54

Getúlio Vargas I

Hoje, dia 24/08/2011, faz 57 anos que o presidente Getúlio Vargas se suicidou.

De meu conhecimento, somente três presidentes latino-americanos suicidaram-se, a saber: José Manuel Balmaceda - presidente chileno derrotado na guerra civil cometeu suicídio no 19/09/1891, aos 51 anos de idade, durante o seu exílio na embaixada argentina; Getúlio Vargas - no dia 24/08/1954, aos 71 anos de idade, no Palácio do Catete e Salvador Allende - presidente chileno, que cometeu suicídio aos 65 anos, após a invasão do Palácio La Moneda(pelas forças golpistas do general Augusto Pinochet) no dia 11/09/1973.

Todos deixaram uma carta ou discurso testamento. Vale a pena lê-los.

Como forma de prestar homenagem àquele que, sem sombra de dúvidas, marcou a vida política brasileira no último século (e é a primeira personalidade do nosso partido - PDT!), encaminho para apreciação um texto escrito pelo genial Darcy Ribeiro em 1994, e a própria Carta Testamento - documento raro de nossa história política.

Saudações Trabalhistas!

Igor Lago



Getúlio Vargas*

Getúlio Dornelles Vargas (São Borja, RS 1883-1954) foi o maior dos estadistas brasileiros. Foi também o mais amado pelo povo e o mais detestado pelas elites. Tinha de ser assim. Getúlio obrigou nosso empresariado urbano de descendentes de senhores de escravos a reconhecer os direitos dos trabalhadores. Os politicões tradicionais, coniventes, senão autores da velha ordem, banidos por ele do cenário político, nunca o perdoaram.

Os intelectuais esquerdistas e os comunistas não se consolam de terem perdido para Getúlio a admiração e o apoio da classe operária. Com eles, o estamento gerencial das multinacionais. Getúlio foi o líder inconteste da Revolução de 1930. Tendo exercido antes importantes cargos, Getúlio pôde se pôr à frente do punhado de jovens gaúchos que, aliados a jovens oficiais do Exército, os tenentistas, desencadearam a Revolução de Trinta. A única que tivemos digna desse nome, pela profunda transformação social modernizadora que operou sobre o Brasil.

No plano político, a Revolução de 30, proscreveu do poder os coronéis-fazendeiros com seus currais eleitorais e destituiu os cartolas do pacto "café-com-leite", que faziam da República uma coisa deles. Institucionalizou e profissionalizou o Exército, afastando-o das rebeliões e encerrando-o dentro dos quartéis.

No plano social, legalizou a luta de classes, vista até então como um caso de polícia. Organizou os trabalhadores urbanos em sindicatos estáveis, pró-governamentais, mas antipatronais.

No plano cultural, renovou a educação e dinamizou a cultura brasileira. Getúlio governou o Brasil durante 15 anos sob a legitimação revolucionária, foi deposto, retornou, pelo voto popular, para mais cinco anos de governo. Enfrentou os poderosos testas-de-ferro das empresas estrangeiras, que se opunham à criação da Petrobras e da Eletrobrás, e os venceu pelo suicídio, deixando uma carta-testamento, que é o mais alto e mais nobre documento político da história do Brasil.

Vejamos, por partes, os feitos de Getúlio. Logo após a vitória, estruturou o Governo Federal com seus companheiros de luta, como Oswaldo Aranha e Lindolfo Collor, aos quais se juntaram mais tarde Francisco Campos, Gustavo Capanema, Pedro Ernesto e outros. Colocou no governo, também, seus aliados militares, Juarez Távora, João Allberto, Estilac Leal, Juracy Magalhães, entregando a eles, na qualidade de interventores, o governo de vários estados e importantes funções civis. Só faltaram dois heróis do tenentismo: Luís Carlos Prestes, porque havia aderido, meses antes, ao marxismo soviético, e Siqueira Campos, que morreu em um acidente durante a conspiração.

O Governo Revolucionário criou o Ministério da Educação e Saúde, entregue a Chico Campos, fundou a Universidade do Brasil e regulamentou o ensino médio, em bases que duraram décadas. Criou, simultaneamente, o Ministério do Trabalho, entregue a Lindolfo Collor, que promulga, nos anos seguintes, a legislação trabalhista de base, unificada depois na CLT, até hoje vigente. O direito de sindicalizar-se e de fazer greve, o sindicato único e o imposto sindical que o manteria. As férias pagas. O salário mínimo. A indenização por tempo de serviço e a estabilidade no emprego. O sábado livre. A jornada de oito horas. Igualdade de salários para ambos os sexos etc.

Getúlio inspirou-se, para tanto, no positivismo de Comte, que já orientava a política trabalhista dos gaúchos, do Uruguai e da Argentina. Oswaldo Aranha, à frente do Ministério da Fazenda, reorganizou as finanças, revalorizou a moeda nacional e negociou a velha e onerosa dívida externa com os ingleses, em bases favoráveis ao Brasil.

Guerra de ideologias. Dois anos depois da revolução vitoriosa, Getúlio enfrentou e venceu a contrarrevolução cartola, que estourou em São Paulo, defendendo a restauração da velha ordem em nome da democracia. Em 1934, convocou e instalou uma Assembleia Constituinte, que aprovou uma nova Constituição, inspirada na de Weimar. Com base nela, foi eleito Presidente Constitucional do Brasil. Getúlio teve de enfrentar, desde então, a projeção sobre o Brasil das ideologias que se digladiavam no mundo, preparando-se para se enfrentarem numa guerra total. De um lado, os fascistas de Mussolini, que se apoderaram da Itália, e os nazistas de Hitler, que reativaram a Alemanha, preparando-se para se espraiarem sobre o mundo. Do lado oposto, os comunistas, comandados desde a União Soviética, com iguais ambições. A direita se organizou aqui com o Partido Integralista, que cresceu e ganhou força nas classes médias, principalmente na jovem oficialidade das forças armadas.

Os comunistas começaram a atuar nos sindicatos, estendendo sua influência aos quartéis. Ampliaram rapidamente sua ação, por meio da Aliança Nacional Libertadora, que atraiu toda a esquerda democrática e antifascista. Os comunistas conseguiram de Moscou, que apoiava uma política de aliança com todos os antifascistas do mundo, que abrisse uma exceção para o Brasil, na crença de que aqui seria fácil conquistar o poder, em razão do imenso prestígio popular de Prestes.

Desencadearam a intentona, em 1935, que foi um desastre. Não só desarticulou e destroçou o Partido Comunista, como também provocou imensa onda de repressão sobre todos os democratas, com prisões, torturas, exílios e assassinatos. O resultado principal da quartelada foi fortalecer enormemente os integralistas, abrindo-lhes amplas áreas de apoio em muitas camadas da população, o que lhes permitiu realizar grandes manifestações públicas, marchas de camisas verdes, apelando para toda sorte de propaganda, a fim de eleger Plínio Salgado Presidente da República. Getúlio terminou por dissolver o Partido Integralista, assumindo, ele próprio, o papel de Chefe de um Estado Novo, de natureza autoritária. Quebrou o separatismo isolacionista dos estados, centralizando o poder e ensejando o sentido de brasilidade.

Em 1939, estalou a guerra. Todos supunham que a propensão de Getúlio era de apoio às potências do Eixo, em função da posição dos generais.

Surpreendentemente, Getúlio começou a aproximar-se da democracia, por intermédio de Oswaldo Aranha, que fez ver aos Aliados que Getúlio era propenso a apoiar as democracias. Não o fez de graça, porém. Exigiu dos Estados Unidos, como compensação pelo esforço de guerra que faria, cedendo bases em Belém e em Natal e fornecendo minério, borracha e outros gêneros, duas importantíssimas concessões. Primeiro, a criação de uma grande siderúrgica que viria a ser a Companhia Siderúrgica Nacional, a CSN, matriz de nossa industrialização.

Segundo, a devolução ao Brasil das reservas de ferro e manganês de Minas Gerais e da Estrada e Ferro Vitória-Minas, em poder dos ingleses. Com elas se constituiu a Companhia Vale do Rio Doce, que nas décadas seguintes teve um crescimento prodigioso. Toda essa negociação se coroou quando Getúlio consegue que Roosevelt viesse a Natal, em sua cadeira de rodas, para conversar com ele, consolidando aqueles acordos e obtendo do Brasil a remessa de uma força armada para a batalha da Itália.

Com a vitória dos Aliados na guerra, cresceu o movimento de redemocratização do Brasil, que logo se configurou como incompatível com a presença de Getúlio no governo. Ele tentou conduzir o processo e para isso criou, com a mão esquerda, o PTB, para dar voz política aos trabalhadores; e com a mão direita, o PSD, para expressar os potentados da administração pública, com os quais governara. Gerando desconfiança em todos, Getúlio finalmente caiu, em um golpe militar encabeçado por Góes Monteiro e Eurico Gaspar Dutra, seu Ministro da Guerra.

O governo foi entregue ao Supremo Tribunal Federal, que convocou e realizou eleições, nas quais se defrontaram, representando as forças nominalmente democráticas, o Brigadeiro Eduardo Gomes e, na vertente oposta, o general Gaspar Dutra. Ganhou Dutra, graças ao apoio de Getúlio, que vivia desterrado em sua fazenda de Itu, no Rio Grande do Sul. Simultaneamente, Getúlio se elegeu Senador por São Paulo e pelo Rio Grande do Sul, e Deputado Federal pelo Distrito Federal, pelo Rio de Janeiro, por Minas Gerais, Bahia e Paraná.

A volta. Nas eleições de 1950, Getúlio se candidatou à Presidência da República, enfrentando Eduardo Gomes, mas encontrou um estado destroçado e falido por Dutra, que, eleito por ele, governara com a direita udenista. Getúlio, logo depois de empossado, formulou nosso primeiro projeto de desenvolvimento nacional autônomo, através do capitalismo de estado e um programa de ampliação dos direitos dos trabalhadores.

Começou a lançar os olhos para a massa rural. A característica distintiva do seu governo foi, porém, o enfrentamento do capital estrangeiro, que ele acusava de espoliar o Brasil, fazendo com que recursos, aqui levantados em cruzeiros, produzissem dólares para o exterior, em remessas escandalosas de lucros. Toda a direita, associada a essas empresas estrangeiras e por ela financiada, entrou na conspiração, subsidiando a imprensa para criar um ambiente de animosidade contra Getúlio, cujo governo era apresentado como um "mar de lama". Nesse ambiente, o assassinato de um major da Aeronáutica, que era guarda-costas de Carlos Lacerda, por um membro da guarda pessoal de Getúlio no Palácio do Catete, provocou uma onda de revolta, assumida passionalmente pela Aeronáutica na forma de uma comissão de inquérito, cujo objetivo era depor Getúlio.

A crise se instalou e progrediu até a última reunião ministerial, em que Getúlio constatou que todos os seus ministros, exceto Tancredo Neves, viam como solução a sua renúncia. Ele havia recebido, através de Leonel Brizola, a informação de que podia contar com as forças militares do sul do País. Mas, para tanto, seria necessário desencadear uma guerra civil. A solução de Getúlio foi seu suicídio. Antes, entregou a João Goulart a Carta testamento, que passou a ser o documento essencial da história brasileira contemporânea.


Virada. O efeito do suicídio de Getúlio foi uma revirada completa. A opinião pública, antes anestesiada pela campanha da imprensa, percebeu, de abrupto, que se tratava de um golpe contra os interesses nacionais e populares, que era a direita que estava assumindo o poder e que Getúlio fora vítima de uma vasta conspiração. Os testas-de-ferro das empresas estrangeiras e o partido direitista, que esperavam apossar-se do poder, entraram em pavor e refluíram. As forças armadas redefiniram sua posição, o que ensejou condições para a eleição de Juscelino Kubitscheck.

O translado do corpo de Getúlio, do Palácio do Catete até o Aeroporto Santos Dumont foi a maior, a mais chorosa e mais dramática manifestação pública que se viu no Brasil. Pode-se avaliar bem o pasmo e a revolta do povo brasileiro ante esta série de acontecimentos trágicos, que induziram seu líder maior ao suicídio como forma extrema de reverter a seqüência política que daria fatalmente o poder à direita.

*Texto de autoria do saudoso Darcy Ribeiro (1994)

domingo, 21 de agosto de 2011

Igor Lago garante que PDT maranhense vai atuar 'com os melhores sentimentos e virtudes'

Entrevista Exclusiva

Por Waldemar Terr (Repórter de Política) / wter@uol.com.br - wter.blog.uol.com.br

O novo presidente regional do PDT, Igor Lago, que assumiu o cargo após a morte do pai, o ex-governador Jackson Lago, diz que “a política é a expressão maior da atividade humana. E, assim, devemos exercê-la com os melhores sentimentos, opiniões e virtudes”. O novo presidente afirma não ver “o futuro do PDT no Maranhão longe do caminho trilhado pelo seu principal líder”.

Diz também que “qualquer desvio, resignação ou subserviência à política convencional, aquela dos conchavos e acertos de gabinete, das barganhas, da politicalha, será o fim do PDT”. Afirma ainda que “um partido de massa e quadros como o PDT não pode perder essa noção histórica do seu papel no presente”.

Sobre sucessão municipal, Igor Lago garante que “no momento apropriado o PDT irá dedicar-se a São Luís com todo o carinho que a nossa cidade merece. Temos a convicção de que o partido se reencontrará com a nossa cidade após alguns processos muito dolorosos para todos nós”. Outro ponto abordado é a morte do ex-governador Jackson: “Não é fácil perder um líder. Fica um vazio, um sentimento de orfandade. Tenho vivido com os companheiros e companheiras situações que nos fazem seguir adiante”.

A seguir a entrevista.

JORNAL PEQUENO – Qual o futuro do PDT maranhense?

IGOR LAGO – Não vejo o futuro do PDT no Maranhão longe do caminho trilhado pelo seu principal líder. Um partido que se forjou na luta contra a Ditadura e a Oligarquia, na luta por uma melhor e mais justa distribuição da Terra, pela Anistia, pelas Diretas Já, pelas Políticas Públicas nas áreas da Saúde, Educação, Infraestrutura, Segurança, etc. Qualquer desvio, resignação ou subserviência à política convencional, aquela dos conchavos e acertos de gabinete, das barganhas, da politicalha, será o fim do PDT. Um partido de massa e quadros como o PDT não pode perder essa noção histórica do seu papel no presente.

JP – O PDT vai lançar candidato próprio a prefeito de São Luís?

IL – Estamos reorganizando o partido conforme as exigências legais de formação de comissões e diretórios em todo o estado. Estamos dedicando toda a nossa atenção a esse processo. São Luís é a nossa cidade mãe. Aqui o partido nasceu, cresceu, amadureceu e colheu derrotas e vitórias. E daqui disseminou-se para todo o Estado. No momento apropriado, o PDT irá dedicar-se a São Luís com todo o carinho que a nossa cidade merece. Temos a convicção de que o partido se reencontrará com a nossa cidade após alguns processos muito dolorosos para todos nós.

JP – Como o PDT vem reagindo após perder a liderança do governador Jackson?

IL – Não é fácil perder um líder. Fica um vazio, um sentimento de orfandade. Tenho vivido com os companheiros e companheiras situações que nos fazem seguir adiante. Juntos, ombro a ombro, estamos juntando os cacos. Mas, para quem tem a vida pautada pela luta por destinos melhores para cada um de nós, de forma coletiva, estamos nos reerguendo, apesar de todas as adversidades, das vacilações, das tramas, das tentativas de leiloar e esfacelar o partido. A cada companheiro ou companheira que recebo na sede do partido, ali na Rua dos Afogados, ou nas andanças pelo interior do estado, vejo um olhar de tristeza e, ao mesmo tempo, de esperança, escuto palavras de solidariedade e ânimo para trabalhar pelo partido. Creio que a maioria do partido está ciente de seu papel. É preciso que todos os seus membros entendam que o PDT é um partido destinado a libertar o Maranhão.

JP – Os vários grupos existentes dentro do partido não podem inviabilizar o PDT ou causar grande estrago?

IL – Todo partido abriga pessoas de diferentes berços, origens, caráter, objetivos, razões, modos de fazer política. Uma das razões para que eu aceitasse o convite da maioria dos membros da Comissão Provisória Estadual, deixada por nosso líder, foi a de representar a união entre todos os membros e evitar que o partido ficasse à mercê dos protagonistas da política convencional. Tenho procurado desempenhar esse papel. E avisei a todos sobre o que penso e como vejo a política. Não concordo com muitas formas de fazer política que acabaram virando um costume ou praxe, até mesmo entre aqueles que se consideram de esquerda, reformistas ou revolucionários. A política é a expressão maior da atividade humana. E, assim, devemos exercê-la com os melhores sentimentos, opiniões e virtudes.

JP – O PDT buscará diálogo com os demais partidos de oposição ao grupo Sarney?

IL – O nosso partido nunca se fechou para o diálogo com qualquer outro que se disponha a lutar por objetivos comuns que impliquem em melhores dias para o nosso povo. Esses objetivos passam pela conquista do poder para pôr em prática os nossos ideais de luta, ou seja, de programar políticas públicas de inclusão através da educação e saúde públicas de qualidade, ações de fomento para o desenvolvimento nos diversos setores (agricultura, comércio, indústria, cultura...), nas ações imediatas na área de segurança com uma visão humanista, no exercício transparente da gestão administrativa com todo o cuidado na aplicação dos recursos públicos. O PDT sempre dialogará com as demais forças de oposição com todo o respeito e lealdade, sempre inspirado no que acabamos de dizer anteriormente. E isto vale para períodos eleitorais ou não! E não devemos esquecer que, com o advento da internet, das ONGs, das chamadas organizações civis, os partidos políticos tiveram diminuídos o seu papel. Então, o PDT está aberto ao diálogo com aquelas pessoas ditas independentes, que não estão e nem querem afiliar-se a partido político, mas que desejam dar algum tipo de contribuição.

JP – Como a família do ex-governador está reagindo para superar a perda de Jackson?

IL – Como qualquer família que perde a figura paternal, o patriarca. Sentimos sua ausência física a todo instante. Ele era um ser humano muito sensível, digno, sábio, cordial, superior. Acho que a sua própria história de vida fez dele um grande homem. Tinha uma resistência e uma fortaleza inigualáveis. Às vezes, penso que ele está aqui, orientando os nossos pensamentos e desígnios, nos observando a todo instante. E percebo alguns traços dele em algumas pessoas que conviveram com ele.

JP – Quais são os seus projetos políticos a frente do PDT maranhense?

IL – Os meus projetos políticos não são pessoais. Estou exercendo um papel à frente do PDT para sairmos do presente fortalecidos e planejar o futuro sempre respeitando o nosso passado. Sem cultivar as nossas raízes, pereceremos no caminho. E correremos o risco de nos tornamos mais um. Tenho um profundo apreço pela Democracia e pelo Trabalhismo. Penso em trabalhar estes valores nas instâncias partidárias, assim que passarmos por esta fase de reorganização. E vamos cultivar todos os aspectos positivos de nossas passagens pelas prefeituras e pelo governo. O PDT tem líderes como os atuais prefeitos Deoclides Macedo, Hilton Gonçalo, Diniz, Vete Botelho e Silvana, assim como deputados estaduais a exemplo do líder de nossa bancada Carlos Amorim, da Valéria Macedo, Camilo Figueiredo e Graça Paz. Também temos outros líderes de grande experiência política e/ou administrativa como o Reginaldo Telles, João Francisco, Chico Leitoa, Julião Amin, Clodomir Paz, Moacir Feitosa, Léo Costa, Sandra Torres, Josemar Pinheiro, Aroucha, Jô Santos, Eduardo Telles e muitos outros. E, nesta quarta-feira, estaremos filiando o Ministro Edson Vidigal e a Dra. Eurídice Vidigal que, com certeza, serão motivo de orgulho para todos nós do partido.

JP – O senhor escreveu artigos sobre o quadro político maranhense. Qual o cenário que se pode projetar para 2014?

IL – Todos sabemos que o cenário político de hoje não será o mesmo de amanhã. Tudo muda a todo instante. Faz parte de nossa existência. Vejo uma tentativa de amarrar a eleição de 2012 à de 2014. Puro sortilégio de quem sabe que a realidade não é feita assim. Vemos todo tipo de conversas, aparições que, a rigor, não passam de intenções superficiais. Tenho dito que o PDT procurará apresentar candidaturas próprias aos executivos municipais onde for possível e, quando não, formar chapas fortes para o legislativo municipal. A eleição municipal é bem diferente da estadual. O cenário com que trabalhamos para 2014 é o de o PDT apresentar candidatura própria ao governo. E digo que será muito forte, pois somos o principal partido das chamadas oposições. E concorreremos ao Palácio dos Leões com a legitimidade de um partido que teve um governador cassado injustamente pelos poderosos de Brasília para atender aos instintos de sobrevivência da Oligarquia Sarney. E não tenham dúvidas de que seremos leais aos demais setores e, num eventual segundo turno, estaremos todos juntos para a vitória, seja contra o grande sócio do atraso – o ministro Lobão –, ou o seu sócio menor, o secretário Luis Fernando.

JP – Algo mais a acrescentar?

IL – Agradeço ao nobre jornalista a oportunidade de expressar o que pensamos sobre os diversos temas que abordamos. E convidar a todos os maranhenses a se posicionarem, a tomarem partido, a serem contra todo esse sistema que aí está atravancando o nosso desenvolvimento, a serem contra esse marasmo e essa cultura do atraso de surrupiar os recursos públicos; conclamar a juventude a ser mais ativa e independente; os sindicatos, a serem mais eles e menos seguidores das diretrizes dos partidos políticos que os atrelam; enfim, chamar a todos a terem coragem política. Coragem de participar, de criticar, de exercer sua cidadania. É o mínimo que todos podemos fazer por nosso estado e pelo futuro de nossas crianças.


terça-feira, 9 de agosto de 2011

Encontro de Parnarama

No último dia 23 de julho, participamos de um Encontro do Partido Democrático Trabalhista em Parnarama (cidade do leste maranhense), realizado sob a liderança do engenheiro Chico Leitoa - membro do nosso partido desde 1984, ex-prefeito de Timon por duas vezes (ganhador do prestigiado Prêmio Prefeito Amigo da Criança durante sua última gestão de 2001-2004), ex-deputado estadual e federal -, que reuniu companheiro (a)s de 10 municípios da região.

Participaram do encontro aproximadamente 250 pessoas, dentre elas: 1. Professor Paulo Paraguassu - São João dos Patos; 2. Vereador Másculo – Passagem Franca; 3. Ex-prefeito Jônatas – São Francisco; 4. Luciana Leocádio e o Sr. Sebastião Leocádio – Buriti Bravo; 5. Vereador Dr. Helton Mesquita – Caxias; 6. Professor Arinaldo – Coelho Neto; 7. Vereadora Iranir Brito – São João do Sóter; 8. Vereador Adeilson – Aldeias Altas; 9. Chico Leitoa e o convidado especial, o deputado estadual Luciano Leitoa (PSB) – Timon.

Fizemos uma homenagem ao ex-prefeito João Leocádio, assassinado na cidade de Buriti Bravo em 2005 – triste e irreparável acontecimento que espero jamais seja repetido em nosso estado. A tolerância política é um dos principais alicerces de qualquer estado ou país democrático e civilizado.

Tivemos a oportunidade de escutar o (a)s companheiro (a)s, conversar e, principalmente, expor a todos que o PDT continua firme, fortalecendo-se e filiando muita gente, como é o caso do Dr. Marcelo Barbosa, que tivemos a honra de assinar a sua ficha de filiação no próprio evento. Médico ortopedista jovem, determinado, de boas intenções e muito comprometido com os destinos daquela cidade, onde será nosso candidato a prefeito numa aliança com vários outros partidos. Terá toda a nossa solidariedade, o nosso desprendimento e a nossa determinação. O PDT sente um profundo orgulho de sua filiação!

Falei que todos nós tínhamos uma grande responsabilidade desde o último dia 04 de abril: a de continuar, sem descanso, a luta de um dos homens mais perseguidos de nosso estado e país. Para isto, faz-se necessário a compreensão de que o nosso partido deve seguir sob os princípios da democracia e do trabalhismo, tomando as decisões de forma coletiva e procurando sempre estar fiel aos mais elevados princípios da ética e da moral. Assim, sempre teremos coluna vertebral para resistir a qualquer pressão dos poderosos. (Quando não se tem nada a dever, não se tem nada a temer!).

Devemos cultivar as nossas raízes, ter plena consciência de nossa história de partido feito por gente lutadora, que quis e quer transformar o nosso estado e nosso país, e não por gente que faz política para galgar espaços sociais e riqueza pessoal. O PDT é o partido da indignação com tudo que aí está como sustentação a essa dura realidade de nosso Maranhão. Não pode se acomodar e nem resignar-se com migalhas, cargos, oportunismos vários, enfim, a política com “p”minúsculo. Somente assim, penso eu, seremos capazes de superar os atuais desafios e nos apresentar ao povo maranhense como um partido real, firme e coeso que demonstra capacidade de união, superação e agregação.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

O PDT e suas opções...

Após as eleições de 2006, o PDT liderou um governo plural, marcado por uma presença minoritária devido a uma ampla aliança político-eleitoral. Sob forte bombardeio da mídia sarneyísta, o governo enfrentou problemas de várias ordens, tanto de origem externa quanto interna.

Coube ao governador Jackson Lago conduzir o governo sob todo tipo de pressões políticas e econômicas, além das culturais, especialmente aquelas relacionadas ao atraso e a uma máquina burocrática atrelada (por décadas) a um grupo político dominante, sem que houvesse tido a experiência de alternância de poder.

Com o processo de cassação em curso, o governo conseguiu manter-se coeso até o seu final, tentando executar as suas ações que, a rigor, sinalizaram para uma nova forma de governar, como a experiência dos Fóruns Regionais.

Foram 2 anos, 3 meses e 16 dias de interregno, ou melhor, de intervalo na nossa longa história de governos indicados e/ou eleitos pela oligarquia. Os feitos merecem uma análise posterior, a título de comparação com o governo da atual mandatária, que já ocupa o Palácio dos Leões há 2 anos, 2 meses e 27 dias.

A fatídica cassação do primeiro governo popular da história do Maranhão ocorreu no dia 16 de abril de 2009, após um julgamento marcado por um grande viés político e que causou assombros em toda a comunidade jurídica de nosso país.

O PDT tentou, desde a sua saída do Palácio dos Leões, manter a unidade das oposições, por entender que as eleições de 2010 seriam plebiscitárias, além do que teríamos a possibilidade de eleger, pelo menos, um senador, seja em caso de vitória ou derrota. Infelizmente, isto não aconteceu, as oposições foram divididas e, para tornar pior a situação, um segmento destas foi extremamente desleal para com o outro, o que influenciou, indubitavelmente, no resultado das mesmas. Não tivemos nem o segundo turno, ao contrário das eleições de 2006, quando os três candidatos das oposições foram leais e corretos entre si, o que proporcionou o segundo turno e o ambiente favorável para a unidade das mesmas!

Após todo tipo de adversidade e enfrentando a pior campanha de sua história, o nosso líder e o nosso partido sofreram o pior resultado eleitoral, influenciado pela exploração da incerteza jurídica durante toda a campanha, o que acabou beneficiando as outras duas candidaturas adversárias (A Procuradora Eleitoral do Maranhão entendeu que o projeto de lei Ficha Limpa atingia a nossa candidatura e encaminhou pedido de impugnação da mesma pelo TSE que, exatamente na última noite de propaganda eleitoral nas televisões e rádios, finalmente julgou a candidatura Jackson Lago). Vale lembrar que o TSE não julgou a situação da candidatura Jackson Lago durante 43 dias, apesar do TRE do Maranhão a ter aprovado por unanimidade! O estrago se fez! Mesmo assim, obtivemos quase 20% dos votos! Sem dinheiro, sem estrutura de campanha eleitoral e num ambiente de anormalidade eleitoral, após todo tipo de abandono e traições, a nossa candidatura a governador obteve a confiança de 569.412 maranhenses.

Com o afastamento e desaparecimento físico de nosso líder maior, estamos superando esse momento difícil com muito trabalho e dedicação de muitos companheiros e companheiras que não medem esforços em continuar a luta por um Maranhão mais justo, democrático e livre. Nesse processo de reorganização partidária, tenho procurado transmitir aos nossos companheiros e companheiras que precisamos fazer o partido com pessoas que assumam compromissos com o partido, que compreendam muito bem os ideais e princípios do partido, que sempre adotem os princípios republicanos em suas futuras administrações municipais ou em mandatos legislativos (em caso de vitória eleitoral), pois, somente assim, teremos condições de resistir às futuras pressões, de todo tipo de ordem, por parte do grupo dominante.

Estamos estimulando o partido a formar chapas fortes para as eleições de vereador e, sempre que possível, lançar candidatos a prefeito para levar a mensagem do partido a todos. Quando e onde isto não for possível, tentaremos fazer alianças com lideranças e partidos não alinhados com a oligarquia, nas quais possamos indicar o candidato a vice-prefeito. Isto porque, também, temos nos preocupado para que essa política de reorganização e fortalecimento partidário não auxilie as candidaturas do grupo dominante.

O PDT maranhense é um partido forjado na luta democrática, popular e transformadora. É um partido magnânimo. E, no que depender de nossa história e dos nossos compromissos para com a lealdade, a correção e o respeito nas relações entre os partidos políticos que tenham compromissos para uma mudança real no Maranhão, não dará brechas à política com “p” minúsculo, de negociatas, barganhas e que não levam em consideração os interesses públicos baseados nos valores da ética. Temos o mesmo entendimento do nosso falecido líder nacional Leonel de Moura Brizola: “Se o partido não servir para defender os interesses de nosso povo, que se feche o partido!”

quarta-feira, 20 de julho de 2011

O PDT e seus valores...

Desde que começamos a trabalhar pela reorganização do PDT, a partir do dia 06 de junho passado, já nos reunimos com representantes do partido de 50 municípios. Tem sido uma experiência muito comovedora para mim, pois a cada companheiro(a) que recebo na sede do partido (local que sempre estarei para trabalhar pelo PDT e pelo Maranhão!) me faz lembrar papai e seus contemporâneos, suas lutas, seu tempo dedicado à construção desse partido de história e compromisso com os movimentos populares e democráticos de nosso estado e, também, de nosso país.

Mas, aqui no Maranhão, essa característica tem sido mais forte e presente. Talvez, pela nossa própria realidade de estado atrasado e dominado por um grupo político que tem como filosofia a manutenção do poder a todo custo e em benefício próprio e, quando muito, para os seus. O resultado todos sabemos: os piores índices sócio-econômicos que um estado possa ter, instituições viciadas, etc.

Tenho a convicção de que, além da ausência de alternância de poder, a corrupção em todos os níveis que corrói a verdadeira razão de ser da democracia e do próprio estado, são os dois trilhos que alimentam a nossa cultura do atraso, da miséria, da falta de serviços de saúde e de educação públicos de qualidade, da ausência de infra-estrutura, da situação de insegurança que vivem as nossas populações em todos os rincões de nosso estado. Ou seja, quanto mais corrupção, menos saúde, educação, estradas, transporte coletivo, segurança, etc.

Nos diálogos que tenho mantido com estes valorosos(as) companheiros(as) observo a luta, a dedicação e o desprendimento que tiveram para dar o melhor de si por um Maranhão mais democrático, justo e livre. A grande maioria preserva uma postura de encarar a política como ação a servir a comunidade, o coletivo, enfim, a sociedade. E, não o contrário, o “se servir”, fazer da política uma mera escada social, um meio de enriquecimento próprio, etc.

Também percebo, na sua imensa maioria, que o nosso partido é feito por gente que tem como ideais os valores do trabalho, da vida com conquistas através do trabalho, do salário justo e suado, enfim, a dignidade buscada por todos nós que pensamos que seja possível viver sem ter de explorar os outros ou, até mesmo, o de não ter escrúpulos, o de pisar no próximo, etc. Isto é uma prova real de que a natureza do nosso partido é democrática, popular e, essencialmente, solidária.

Tenho procurado transmitir a todos que o nosso partido está se reorganizando para defender o legado de seu líder maior e que, para isto, precisamos fazer a política de P maiúsculo, ou seja, democrática, republicana, honesta, leal, virtuosa, sem negociatas, sem conchavos, enfim, a de sempre levar em consideração o bem estar público. Apesar de toda a degeneração ocorrida no nosso país, precisamos resgatar esses valores essenciais. Não se pode pensar a política de forma pequena, mesquinha, de troca de favores, cargos e moambas. Não! Estamos nos esforçando para reconstruir o partido nos valores mais elevados de cidadania e patriotismo.

Acho que a melhor contribuição que podemos dar ao nosso estado e ao nosso país é a de fazer política com princípios e ética, enfim, a de utilizar os meios justos, íntegros e corretos para conquistar os melhores fins.

Como diz o belo poema de um grande líder africano:

Não basta que as nossas causas sejam justas e puras. É necessário que a justiça e a pureza existam dentro de nós”.


quinta-feira, 30 de junho de 2011

O PDT se movimenta

A Comissão Provisória do Partido Democrático Trabalhista iniciou suas atividades no mês de abril após o falecimento de seu líder maior. Começou a se reunir, discutir e planejar suas ações. Já no dia 18 de maio, participei de uma reunião dessa Comissão como convidado para observar os andamentos dos trabalhos.
No dia 06 de junho, homologou-se meu nome como substituto ao de nosso pai, amigo e companheiro Jackson Kepler Lago e, no dia seguinte, apresentamo-nos ao Partido juntamente com todos os demais membros. Foi um momento de particular emoção para mim; pois, naquele mesmo lugar, ele foi velado e, cumprimos assim, a sua vontade. Durante o ato, observava os presentes e ouvia as falas dos companheiros e companheiras, mas as imagens dele não saiam da minha cabeça (as suas falas, seus gestos e hábitos estão muito presentes nas minhas lembranças!). Lembrei-me do nosso querido companheiro Neiva Moreira (celebremos sua longevidade!) e sua trajetória de luta, a qual papai abraçou e se dedicou totalmente, o que fez com que surgisse, entre eles, um sentimento profundo de companheirismo e, até mesmo, de irmãos.
E, para alimentar ainda mais esses pensamentos, as palavras da brava e honrada companheira Maria Lúcia Telles nos fizeram recordar o verdadeiro significado do sentimento pedetista e, num lapso de tempo, rememorei todos os momentos que participei da criação do Partido e sua Juventude Trabalhista ao lado de seus filhos (Eduardo, Ricardo,Guilherme) e outros companheiros e companheiras, das atividades que desenvolvíamos na outrora sede no Monte Castelo ou, até mesmo, na sua casa no bairro do Apeadouro. Foram atividades pela criação do PDT nos bairros, nos sindicatos e nos movimentos estudantis e sociais. Discutíamos os problemas da juventude, do trabalhismo, do socialismo, do meio ambiente e o impacto da indústria de alumínio ALCOA na nossa Ilha, etc. Agora, por força do destino, estamos dando continuidade àquela luta iniciada no começo dos anos 80.
No sábado, dia 18 de junho, o PDT realizou dois encontros: um em Balsas, sob a coordenação dos companheiros Márcio Honaiser, Clério Nascimento, Aurora, Consolação e a vereadora Deusilene Barros, com a presença de outras 66 pessoas para discutir a realidade política local, e outro em Icatu, onde o companheiro Zé Maria coordenou um seminário de Políticas Públicas com a presença de vários companheiros, dentre eles o professor Moacir Feitosa, o economista Cândido Lima, o professor Batista Botelho e o prefeito de Santa Rita Dr. Hilton Gonçalo. No dia 20 realizamos outra reunião da Comissão Provisória e, no dia 21, fomos a Santa Rita, Bacabal e São Mateus na companhia dos companheiros Chico Leitoa, Assunção, Cândido Lima e do prefeito Hilton Gonçalo.
Quis fazer essa primeira viagem rumo a Bacabal por ser a cidade onde a minha família sempre têve uma participação política de oposição à ditadura e à oligarquia, seja na pessoa de Bete Lago, de Wagner Lago ou de nosso pai. Em Santa Rita tivemos um café-da-manhã com os companheiros liderados por um dos melhores prefeitos do Maranhão, o Dr. Hilton Gonçalo. Em Bacabal, realizamos alguns contatos políticos e participamos de um almoço com companheiros da região atendendo o convite do companheiro Jansen. Mas, em São Mateus, ocorreu um fato que não podemos deixar de mencionar: a filiação de vários companheiros, dentre eles, o presidente do sindicato dos trabalhadores rurais, o Dandô.
Foi uma homenagem à luta desses trabalhadores que tinham no Jackson Lago um aliado desde a década de 1970, como deputado estadual ou, mais recentemente, como governador, quando reestruturou a Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAGRO) e criou a Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural do Maranhão(AGERP) e a Superitendência de Planejamento de Políticas de Desenvolvimento Rural e de Promoção e Fomento Rural.
Não podemos esquecer que o governador Jackson Lago assinou a titulação de 28mil hectares de terra em março de 2007 nos municípios de Morros, Fortuna e Bom Jesus das Selvas regularizados pelo Instituto de Terras do Maranhão – ITERMA. O PDT e seu governador fizeram muitas coisas pelo Maranhão. Cabe a nós reconhecê-las e divulgá-las. Assim, mostraremos a todos o quão foi importante a sua passagem pelo Palácio dos Leões, mesmo que encurtada pelo fatídico golpe judiciário de abril de 2009 que devolveu o Maranhão às mãos do atraso.

Como se vê, o PDT se movimenta...