terça-feira, 10 de abril de 2012

O imbróglio pedetista e o Ministério do Trabalho e Emprego – II



O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) continua tendo como ministro interino o Sr. Paulo Pinto, carioca, ligado ao ex-ministro Carlos Lupi que, no dia 04 de dezembro (já se passaram 4 meses!), viu-se obrigado a entregar a sua carta de demissão à presidente Dilma Roussef por suspeita de corrupção (denúncias de esquema de propina de seus assessores, convênios suspeitos com ONGs apontados pela própria CGU, viagem em jato, etc). Apesar de todo o esforço próprio e de seu entorno, o ex-ministro não conseguiu manter-se no cargo. Lembram das bravatas? - Só saio à bala! - Dilma, eu te amo!

Contudo, apesar de sua demissão, o interino exerce o MTE como se fora o seu antecessor. A rigor, nada mudou. Faz-nos lembrar do dito irônico, quando da invasão napoleônica a Portugal, e o general Junot instalou seu quartel-general em Abrantes, cidade próxima a Lisboa: “Está tudo como dantes no quartel d´Abrantes”.

Devemos tirar o chapéu, pois o mesmo já conseguiu manter o MTE sob a sua velha direção por um quadrimestre. A continuar assim, completará 5,6,7,....meses.

No dia 30 de janeiro, durante a reunião do Diretório Nacional do PDT, em Brasília, alguém levantou a questão do MTE (creio que foi um companheiro do Rio de Janeiro), queria que fosse discutida por todos os presentes. Entretanto, o ex-ministro tomou a palavra para argumentar contra a discussão naquele momento, já que a presidente, até então, ainda não havia chamado os designados membros de um recém-formado conselho para tratar do assunto. Segundo o mesmo, não se podia discutir algo que ainda não tinha sido colocado para o partido.

Aquela postura revelava o modus operandi de uma dupla que assenhoreou-se do partido e decide tudo a quatro paredes de uma sala que não tem sequer o retrato de nenhum dos nossos grandes líderes. Nada do velho Getúlio, do gigante Jango, do gênio Darcy e do guerreiro Brizola. Só a dele, e grande!  De certa forma, isto nos conforta na medida em que os mesmos não são testemunhas das decisões antidemocráticas e antitrabalhistas desses senhores.

Logo após esse encontro, saíram as primeiras notícias a respeito desse assunto, o próprio Lupi disse haver sugerido cinco nomes do PDT para a sua substituição que, depois, diminuiu para três nomes (Manoel Dias - o eterno secretário geral, e os deputados federais Brizola Neto e Vieira da Cunha) e, agora, bem, todos sabemos, trabalha por um nome, isto é, o do secretário geral vitalício. Mas, sinceramente, começo a desconfiar com os meus surrados botões se isto tudo não passa de um grande engodo lupista.Vejamos:  anunciou-se a preferência da presidente pelos dois últimos nomes. Nada se concretizou. Não houve nenhuma nomeação. Sorrateiramente, o Lupi faz espalhar a tese de que o Dias reúne todo o partido, etc. Isto, em plena situação constrangedora pela qual passara o governo no Congresso. Estabelece-se o impasse, o imbróglio que, numa conjunção de fatores pessoais e de conjuntura, constrói-se uma zona de conforto, isto é, decide-se não decidir, os velhos “deixa para resolver depois”, “amanhã”, “semana que vem”, “depois da viagem”, etc.

Isto está incomodando os setores mais consequentes, porque começam a perceber que esta situação favorece aos atuais donos do partido. Se der Manoel Dias, ótimo para eles; Se continuar assim, também. O interino olha, escuta, fala e age como se fora eles.

Tudo isto é lamentável. A rigor, o nosso partido não deveria estar passando por esse constrangimento desnecessário. Fôssemos o Partido original e autêntico de nossos fundadores, o Lupi não teria condições nem cara de voltar à presidência! Muito menos sugerir à presidente o seu substituto ou, como parece ser o caso, chantagear a primeira mandatária da Nação. Da forma em que saiu do MTE, pediria licença, afastamento ou renunciasse até as coisas ficarem devidamente esclarecidas, o que ainda não estão, diga-se de passagem!

Ao contrário, começou a despachar como se nada lhe ocorrera, para piorar a imagem de nosso desfigurado partido.

Já manifestei a minha opinião a respeito desse tema. Volto aqui para expressar essas opiniões que me são cobradas pelos companheiros e companheiras do Maranhão.

O PDT com ou sem ministro precisa desatrelar-se do MTE. É vital para o partido reencontrar-se, refletir e repensar o seu papel como partido histórico trabalhista, nacionalista e popular. E, se houver a nomeação de um futuro ministro do PDT, que se inspire no Jango, que ficou apenas 8 meses e saiu por defender os já conquistados interesses dos trabalhadores (reajuste do salário mínimo, decretos a favor da previdência, reconhecimentos trabalhistas, etc) e preservar o segundo governo Vargas das crises políticas que acabaram levando-o ao suicídio.


O PDT precisa refundar-se!

Saudações Trabalhistas!

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Tristes papéis ou a distância entre o discurso e a prática...


No último dia 20 de março, a Executiva Nacional do PDT publicou a resolução n. 04/2012, que fixa normas para a escolha de candidatos e formação de coligações para as eleições municipais de 2012, assinada pelos donos do nosso Partido, os senhores Carlos Lupi (presidente nacional desde 2004) e Manoel Dias (secretário geral desde 1999).
Chamam a atenção três artigos dentre os 14, quando se refere à Convenção Municipal, no capítulo 1, artigo 1, que é prioridade para o PDT o lançamento de candidatura própria nas eleições de 2012, no maior número de municípios, em especial nas capitais.
 
O capítulo 2, das Coligações, o artigo 7, na impossibilidade de lançar candidato próprio, o partido poderá celebrar coligações para a eleição majoritária, proporcional ou para ambas, podendo nesse último formar-se mais de uma para a eleição proporcional entre os partidos que integram o pleito majoritário a nível municipal, obedecendo sempre a participação das direções estaduais.
E o artigo 8, as propostas de coligação, em se tratando de apoio a candidato de outro partido nos municípios com mais de 50.000 eleitores, serão submetidas para aprovação da direção estadual, até 10 dias antes da convenção municipal. A direção estadual deliberará em até 5 dias, após o recebimento da proposta.
 
Parágrafo único – o mesmo procedimento será adotado perante a direção nacional para as propostas de aliança para apoiar candidatos a prefeito de outro partido para as capitais e municípios acima de 100.000 eleitores.

Fica muito claro que a Direção Nacional do PDT toma as rédeas para si de todo o processo eleitoral, especialmente nos municípios acima de 100.000 eleitores. Portanto, o resultado eleitoral deve, até prova em contrário, ser de responsabilidade da mesma. Expressa, de forma clara e inequívoca, a preferência por candidaturas próprias, em especial nas capitais. Com relação às coligações, não define nem aconselha os perfis das mesmas. Ou seja, o PDT pode coligar-se com todos. Nem uma consideração geral no sentido de apontar coligações com partidos políticos ou candidatos que se pautam pela ética e pelos valores republicanos. Nenhuma menção a alianças com partidos afeitos às Oligarquias que atrasam os nossos estados e, consequentemente, o nosso país. Nada disso.

É de bom alvitre, em se tratando de interesse partidário maior, a adoção de políticas partidárias que visem o fortalecimento do Partido em acordo com as realidades locais, especialmente em resposta aos cada vez mais naturais e crescentes anseios por políticas públicas de grande impacto para atender às necessidades de nossas sociedades. Isto, inclusive, está nos princípios, ideais e história de nosso Partido! Se, no presente, é assim para com os outros estados, o que duvido, não o é para com o Maranhão, pois desde o falecimento do ex-governador Jackson Lago, o nosso Partido enfrenta, por parte daqueles notórios senhores, ações adversas ao nosso fortalecimento ao adotarem uma política mesquinha de privilegiar um setor minoritário em desrespeito à grande maioria de nosso Partido que teve como principal norte de suas ações a reorganização sob o legado de nosso principal líder.

Indubitavelmente, há uma distância enorme entre o discurso e a prática adotada pelos "admiráveis" dois senhores. Aqui, no Maranhão, além de não apoiar os nossos trabalhos à frente da Comissão Estadual e, a rigor, sabotarem as nossas ações que levaram à reorganização de nosso PDT em 211 dos 217 municípios maranhenses, tínhamos como meta o fortalecimento da tese de candidatura própria em São Luis, que seria discutida por todos os membros de nosso Partido, sem imposições e que a opção fosse o que a maioria decidisse.

Não podemos deixar de afirmar que o nosso Partido maranhense foi vítima de interesses pequenos por parte daqueles dois senhores da Direção Nacional, que se guiaram única e exclusivamente para conseguir, momentaneamente, e a qualquer custo, um simples mandato de deputado federal a um de nossos suplentes que, a bem da verdade, dispensa qualquer comentário sobre a sua reputação.
Querem, a todo instante, tornar o nosso Partido num balcão de negócios que, a rigor, obedece à lógica “do quem dá mais”. Nos tiraram da presidência da Comissão Estadual por retaliação, bem como por saberem que não compactuamos com determinadas políticas velhas e arcaicas que, infelizmente, assenhorearam-se de nosso PDT. Até quando?

Agora, sob a nova direção maranhense, que não tem a estatura moral e política para enfrentar os enormes desafios do presente e futuro de nossa capital e nosso estado (sempre sob o patrocínio daqueles senhores nacionais!), pautam-se por ações partidárias fisiológicas em torno de interesses de mandato de deputado federal, de cargos e outras vantagens para declararem apoio a um ou outro dos pré-candidatos a prefeito de nossa capital. Querem o PDT resumido às boquinhas!

Triste papel para um Partido que continua a ser um dos maiores de nossa cidade em número de filiados e que protagonizou as maiores conquistas populares em nossa querida cidade de São Luis. Triste papel para um Partido com toda uma tradição de luta pela democracia, liberdade e justiça social em nosso sofrido e abandonado estado.

Igor Lago
09 de abril de 2012