domingo, 30 de junho de 2013

Manifestações

A manifestação paulistana no início de junho, que pretendia apenas a redução do preço das passagens recém aumentadas pelo prefeito, transformou-se em várias outras pelo Brasil e, inclusive, no exterior. Se o tema era apenas a elevação das tarifas dos transportes coletivos, outros vieram à tona: a melhoria dos serviços públicos de saúde e educação, a questão da segurança, a cobrança da ética no exercício da coisa pública e o basta à impunidade foram alguns dos temas que se seguiram nas faixas, nos cartazes e nas vozes humanas das ruas.

Depois das manifestações pelas eleições presidenciais nos anos 80 - Diretas Já!, quase aprovada no Congresso, e que só vieram a acontecer em 1989, nas quais deixamos de eleger um Brizola, um Covas, um Ulisses, o Brasil jamais voltara a presenciar momento cívico de tamanha repercussão.

Constata-se uma diferença: as atuais manifestações não foram lideradas por organizações representativas tradicionais, a exemplo de entidades estudantis como a UNE, a UBES, os sindicatos, os partidos políticos. Estes, a bem da verdade, até foram hostilizados. Se tudo teve início com o Movimento Passe Livre (MPL), este perdera o controle na medida em que as manifestações foram ganhando vulto. Mas, creio que o resultado - a revogação do aumento, enquanto conquista de todos os paulistanos, faz com que haja um reconhecimento aos seus precursores que atiçaram o civismo brasileiro, além de provocarem o mesmo resultado em muitas outras cidades, com a não decretação de aumento ou a revogação deste no preço das tarifas por suas respectivas autoridades.

Por que as manifestações somente acontecem agora, depois de 12 anos de era Lula-Dilma no poder federal?

Muitas são as respostas (ou perguntas?) a perambular pelas nossas cabeças:

1. Teria tudo isto a ver com a frustração do povo brasileiro com esse modelo econômico e político que já não encontra razões de existir plenamente?
2. O discurso e a propaganda repetitiva do crescimento econômico baseados na exportação de matérias-primas, de pouca agregação de valor, além do estímulo a um consumo interno desenfreado, e que criaram uma percepção de mudança social com a nova classificação das “classes médias”, perderam eficácia no (in)consciente coletivo?
3. Ou que tudo isto se deve à piora significativa dos serviços públicos de saúde, educação, transporte e segurança?
4. Ou com a deterioração das nossas instituições, a impunidade, a manutenção de privilégios por parte dos mandatários legislativos, dos mandatários executivos, do setor judiciário, a exemplo de décimos quarto e quinto salários?
5. Ou com o diferente tratamento com a nossa natureza, com os nossos índios, com os nossos sertanejos, com os que trabalham para garantir o sustento dos seus em relação aos poderosos e oligarcas políticos e financeiros?

Não sabemos no que tudo isto irá resultar. Mas, para começo, além da revogação ou o não aumento das tarifas Brasil afora, o Congresso não aprovou a PEC 37 e tirou da gaveta outro projeto que termina com a votação secreta para algumas situações. Além da presidente embaralhar-se na questão da Constituinte, Plebiscito ou Referendo.

Mas, hoje é o grande dia da decisão final da Copa das Confederações. Brasil e Espanha serão os protagonistas. Ou, quem sabe, os torcedores? Todos estamos atentos ao que acontecerá no Maracanã.

Lembro do maior compositor brasileiro, Heitor Villa-Lobos, que costumava dizer que o Brasil não é vertical nem horizontal, é diagonal.

E de outro grande compositor, Tom Jobim, dizia que o Brasil não é para principiantes e, sendo um deles, deixo as conclusões para o gênio de nossa raça: o povo!

Igor Lago

Ribeirão Preto, 30/06/2013

sábado, 29 de junho de 2013

MARANHÃO

Que estará passando pelas cabeças dos Sarneys e de seus dissidentes liderados pelos senhores Zé Reinaldo e Flávio Dino com a queda da dona Dilma na pesquisa Datafolha?

Torcerão e rezarão para que seja somente algo passageiro, e que o povo voltará a se deixar influenciar pelo marketing e se contentar com os programas assistencialistas?

Continuarão a lutar por cada gesto, carinho e afeto da presidente que chamam de presidenta? As benesses, os cargos, as verbas para iludir as consciências de nossos conterrâneos? A levar prefeitos a desfilar nos tapetes vermelhos de Brasília com direito a fotos para fixar a ideia de que "eu sou o poder aqui"?

Esperarão o "melhor" presidente da história do Brasil (segundo o Dino) que, diga-se de passagem, esteve escondido este tempo todo de manifestações e já embarcou para a Etiópia, a tomar o leme do barco ameaçado pelas tempestades inesperadas do clamor popular?

Ou, já começam a pensar na possibilidade de pular do barco?

São perguntas que não querem calar...

Igor Lago

29/06/2013