domingo, 20 de abril de 2014

DIVÃ MARANHENSE 10

1. O sarneísmo, agora, sob nova direção,  a do ministro de Minas e Energia, ruma às eleições com novo pré-candidato, o senador suplente que, rapidamente, já foi até recebido pelo ex-presidente Lula. Segundo divulgam, tudo já está resolvido dentro das hostes situacionistas. Falta apenas a decisão dos nomes a vice-governador e a senador. O pré-candidato, dizem, é ele! Mas, ainda é preciso aguardar a sua real viabilização dentro do próprio grupo que tem o maior número de partidos em sua base. Nota-se uma equidistante posição da governadora que optou por terminar o seu mandato. Tem dado declarações favoráveis ao novo pré-candidato;

2. Os dissidentes do sarneísmo, os reinaldo-dinistas, com o seu candidato desde 2010, recentemente saído da autarquia federal EMBRATUR, cargo de confiança do governo federal da "presidenta" Dilma, têm dado passos no sentido de assegurar o apoio petista, ou parte deste, assim como o de evitar qualquer candidatura alternativa ao governo. Para tanto, além de trabalhar diuturnamente pelo apoio da sigla petista, divulgou-se a aliança com o PSB, que decidiu pela candidatura ao senado e que tem a pré-candidatura presidencial do governador pernambucano Eduardo Campos. E, mais recentemente, também foi divulgada uma suposta aliança com o PSDB, que tem como pré-candidato presidencial o senador mineiro Aécio Neves, desde que este partido seja contemplado na chapa majoritária com a vaga de vice-governador e, talvez, uma eventual candidatura ao senado.

3. Os outros pré-candidatos, assim como os seus partidos e outros, que poderiam trabalhar a ideia da candidatura alternativa, estão tímidos e, por que não dizer, sumidos ou desistentes.

Como vemos, o imbróglio se avoluma. E, o que parecia acordado e acertado ontem, perdeu valor hoje. A sigla "pacificada" do Lupi que o diga!

Mas, os dois primeiros segmentos tratam com importância mesmo é a relação que terão na campanha com o oficialismo federal. Ambos querem os louros, bônus, créditos e..., claro! os votos que o Lula e a dona Dilma supostamente ainda têm no Maranhão. Afinal, os votos dessa dupla baseiam-se nos programas assistencialistas. O Maranhão, por ser um dos estados mais pobres do país, em termos de distribuição de renda, é o estado mais coberto pelo Bolsa Família e, agora, um dos mais beneficiados pelo Mais Médicos.

Assim, muito provavelmente, esses dois grupos brigarão pelo uso da imagem do criador e da criatura. Ambos dizendo que são do partido da base da presidenta. Ambos dizendo que votarão na Dilma! Disputarão quem colocará mais vezes a foto da primeira dupla da era petista, quem colocará mais declarações de apoio de figuras eminentes do oficialismo federal, etc. Com uma diferença, caso se concretize o que citamos acima: um deixará, timidamente, que os outros pré-candidatos presidenciais  participem, ocasionalmente, de seu palanque; o outro fará de tudo para ser reconhecido como o único candidato fiel e leal à candidatura oficialista federal. Terá isto força para argumentar a vinda do Lula e da Dilma ao seu palanque?

O divã, por enquanto, permanece com o poder central e com as vicissitudes de nossa pobre política.

Repito, em parte, o divã 9: "...2014 poderá ser mais uma edição de 2010, quando estas duas forças mantiveram-se, lado a lado, no apoio federal."

E como ficarão os outros candidatos presidenciais oposicionistas e seus respectivos partidos e aliados locais?

Diria que serão meros coadjuvantes da estratégia política traçada pelos donos das oposições maranhenses que querem se tornar os donos do Maranhão.

Igor Lago

terça-feira, 25 de março de 2014

MARANHÃO DAS INCERTEZAS

O eleitor maranhense cansado, desconfiado, não está nem aí para a política. Ainda não. Está distante, nem olha e, se olha, desvia o olhar sabiamente, pois tamanha é a decepção com o nosso cenário.

O eleitor perde o estímulo, a vontade de olhar. Prefere manter a distância, pois a proximidade causa um mal estar terrível, embrulha o estômago, machuca a alma.

Mas vai ter de prestar alguma atenção mais na frente, quando o barulho começar, as campanhas aparecerem, as velhas promessas a serem pomposamente prometidas para não serem cumpridas, os falsos sorrisos, os abraços, os discursos repetidos, ...

Hoje, como desde novembro de 2010, nota-se, facilmente, o empenho de um setor das oposições maranhenses para que não haja uma candidatura alternativa às já postas até aqui.

Apossado de todos os partidos políticos que transitam, uns mais, outros menos, fora do circuito do situacionismo (leia-se sarneísmo), esse setor que jamais aceitara no passado a proposta de unidade democrática num primeiro turno, agora, quer-se no direito de evitar, por todos os meios, o surgimento daquilo que poderia acrescentar (e não diminuir!) o debate eleitoral maranhense.

Sou daqueles que não se sentem representados por nenhuma das duas candidaturas já postas e, creio, assim como eu, há muitos eleitores por aí aguardando uma outra opção.

As duas forças que se digladiam até aqui só decepcionam o eleitor que deseja algo a mais do que a velha disputa do poder pelo poder.

O eleitor não quer saber do interesse pessoal, de grupo ou de partidos políticos que só pensam naquilo, no próprio umbigo, na sua eleição e/ou reeleição, na coligação a ser formada para se eleger mais facilmente e com menos votos, etc.

Cansou! O eleitor quer desprendimento, disposição, coragem daqueles que se dizem representantes dos interesses da sociedade.

O eleitor quer mudança. Mas a que traga consigo novas práticas políticas e administrativas, transparência na gestão, compromisso de que o que se arrecada dos impostos vai ser aplicado corretamente nos serviços que o município, o estado e o país prestam à sociedade.

O eleitor não quer mais do mesmo. Sabe que a mesmice, mesmo que bem vestida com um roupão anti-situação e cubra o rosto com um lenço bonito da renovação, se revela velha a cada gesto.

O eleitor quer de volta os valores republicanos, a ética, a vergonha de seus homens públicos.

O eleitor quer Justiça! O eleitor não quer ver somente os pobres julgados, condenados e presos.

O eleitor quer ver os brancos, amarelos, negros e mestiços novos-brancos adinheirados que usam gravatas ou não, desfilam em carrões e surrupiam o dinheiro público no banco dos réus, processados, julgados e condenados por corrupção. Ah! Outro dia, em Imperatriz, escutei um transeunte desabafando: "Bem que alguns poderiam ir para Pedrinhas!"

O eleitor, penso eu, quer a normalidade da vida pública, a coisa feita de forma correta, simples; quer se sentir respeitado nos seus direitos; quer colaborar naquilo que acredita e é convocado a ajudar.

O eleitor, penso eu, quer a boa política porque sabe que só esta lhe dá resultados na educação, na saúde, no transporte público de qualidade, na segurança pública efetiva, ...

Mas, por enquanto, o eleitor maranhense espera, olha escondido, imagina se disso tudo não surge algo novo, realmente novo, que lhe dê esperanças de seguir em frente.

Igor Lago

quarta-feira, 19 de março de 2014

MARANHÃO DA IMPOSTURA

Os pretensos donos das oposições e que querem ser donos do Maranhão revelam a cada dia, a cada hora, a cada minuto e a cada segundo, um temor inexplicável por uma candidatura alternativa ao governo do estado.

Querem impor um pensamento único, um candidato único, uma chapa única.

Quem não aceitar essa "unanimidade" é visto como um blasfemo, um herege, um pecador.

A rede de blogs criada nos últimos meses (e, presumivelmente, com dinheiro público!) se encarrega de jogar as almas discordantes aos cães.

Esse comportamento me faz lembrar as eleições de 2010 quando, depois de recusarem, veementemente, a proposta de unidade das oposições em torno daquele que teve o seu mandato usurpado por um golpe jurídico, em determinado momento, passaram a atacá-lo e a sua candidatura, por todos os meios, até o dia da eleição a ponto de diminuí-la e enfraquecê-la e comprometer a realização de segundo turno.

Perderam para as próprias e insaciáveis ambições de poder!

Desde então consideram-se os "donos das oposições". Quem ousou ou ousa enfrentar tal projeto é alvo das piores atitudes que a política maranhense costuma reservar em momentos de incompreensão e intolerância, de trapaça e vilania.

O temor de uma candidatura alternativa residiria no fato de que esta pode desempenhar um papel determinante na campanha eleitoral: o de fazer com que as pessoas percebam que a "Oposição" não tem nada de diferente à situação; que a "Oposição" é oriunda da situação; que a "Oposição" pensa, fala e faz a mesma política da situação e, talvez, com mais arrogância e sem limites.

O Maranhão precisa de uma Oposição sem cumplicidades. Uma Oposição à política de usura do poder, de atrelamento do município e estado aos interesses pessoais, de grupo e partidários.

O Maranhão precisa de uma Oposição democrática, livre e soberana que chegue ao poder para servir à sociedade, priorizar o interesse público e fazer uma gestão transparente e à altura dos desafios do presente.


Igor Lago

PS: Impostura, segundo o dicionário, significa embuste, engano artificioso, afetação de grandeza, superioridade, orgulho, confinante com a empáfia e a bazófia.
   

sábado, 8 de março de 2014

Sobre o fascismo de quinta categoria

Por respeito à opinião pública e a aqueles que são pela renovação verdadeira da política, pela transparência e pela ética em todas as circunstâncias da vida,  faço as seguintes considerações sobre matéria encomendada dos auxiliares do fascismo de quinta categoria no Maranhão: 

1. Jamais dei entrevista exclusiva ao jornal "O Estado do Maranhão". Mas aqueles que lidam com a informação poderiam se lembrar que o ainda juiz federal Flávio Dino, em 2004, já teve o "prestigiado" espaço de página inteira quando tentou viabilizar a sua candidatura a prefeito de São Luis com o apoio dos Sarneys e do Lula, o que veio a acontecer nas eleições para prefeito de São Luis em 2008;

2. Quem atinge a imagem de qualquer partido político é quem, ao ocupar cargos administrativos ou mandatos eletivos, os usa em benefício próprio, em vez de servir à sociedade. Quando presidente do PDT do Maranhão ajudei a reorganizá-lo sob o legado de papai, apesar de todas as sabotagens dos que se encontram apadrinhados pelos donos nacionais do partido. Ao contrário, lutei até o fim por sua refundação, uma vez que se desfigurou e virou espaço da politicalha, do fisiologismo,  balcão de negócios e partícipe de escândalos que não param de vir à tona para decepção dos verdadeiros trabalhistas;

3. Em todos os textos que escrevo está clara a minha posição política alternativa às duas forças que se digladiam no estado, o sarneísmo e os seus dissidentes reinaldo-dinistas. Ambos, duas caras da mesma moeda, pensam e fazem a "realpolitik", a luta pelo poder e nada mais. Além dessa posição, procuro manter-me distante daqueles que usam a política como "escala social" e carregam processos nas justiças estadual e federal por atos de corrupção e/ou de improbidade administrativa;

4. Quanto à minha vida profissional, sou médico concursado funcionário público federal licenciado por motivo de doutorado, e médico concursado funcionário público estadual no interior do estado de São Paulo onde resido. Trabalho, ainda, na cidade de Imperatriz, desde julho de 2006, como médico de uma empresa da qual sou sócio minoritário (proprietário de 10% de suas cotas) que presta serviço de alta complexidade na área de cardiologia e recebo meus honorários médicos, como os demais colegas. Nunca fui administrador nem diretor clínico da empresa que presta seus serviços de forma legítima, assim como nunca tive sinecuras ou cargos públicos em prefeitura de São Luis, governo do Maranhão ou orgãos e autarquias federais. (Ah! Jamais fui dono de hospital em lugar nenhum, seja em Fortaleza, Ribeirão Preto ou Imperatriz, como espalham por aí);

5. Este serviço, por ser o único de Imperatriz e região, além de ter contratos com convênios e seguros de saúde, tem, desde 2006, contrato com a secretaria de saúde do estado, para realização de exames diagnósticos e terapêuticos pelo SUS, o que vem sendo feito nos governos José Reinaldo, Jackson Lago e Roseana Sarney e com os secretários de saúde Dra. Helena Duailibe, Dr. Edmundo Gomes e o atual Sr. Ricardo Murad, o que pode ser confirmado no Diário Oficial do Estado do Maranhão.

O "modus operandi" do fascismo sempre foi o de atingir, por todos os meios, os adversários e discordantes. Mussolini e Hitler foram antônimos da tolerância política. Stalin e o atual chefete gordinho da Coréia do Norte idem. E estamos assistindo no Brasil situações semelhantes como, por exemplo, o uso da mídia virtual para publicar matérias pseudojornalísticas com o único objetivo de atingir as pessoas sem sequer fazer uma investigação da informação, ouvir as partes envolvidas, saber profundamente dos fatos.

Expor o pensamento político com argumentação política, e não pessoal,   é o que todos devemos fazer. Infelizmente, em sua grande maioria, as instituições brasileiras e maranhenses, assim como os seus atores estão vulgarizados. No Maranhão, os atuais baluartes de uma determinada oposição criaram uma rede virtual para caluniar e inibir a todos que não compartem de suas ideias e práticas políticas. Sob o véu de um antisarneísmo (logo eles!) usam o vale tudo contra todos os que discordam e se opõem aos seus pontos de vista. Fico a imaginar do que seriam capazes se chegarem ao governo do estado. Oxalá que tenhamos alternativa!

Mas, acredito que o povo é maior. E, mentira, como diz o ditado popular, tem pernas curtas.

Igor Lago

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Maranhão 5

No Maranhão, o debate pré-eleitoral continua sendo dominado pelo paradigma situação por situação versus oposição por oposição.

Os dois principais grupos que se digladiam na mídia, o sarneísmo e os seus dissidentes, o reinaldo-dinismo, parecem seguir o mesmo roteiro.

Não dão sinais de que irão mudar o debate com os velhos jargões há muito utilizados como argumentos e contra-argumentos eleitorais.

Pior: se alguém apresenta críticas a um e a outro, logo é estigmatizado, pelas próprias redes de comunicação a serviço de cada grupo, como auxiliar de um ou de outro.

A pobreza do debate pré-eleitoral se baseia na lógica do Bem contra o Mal. Quem se coloca de forma diferente é visto como se estivesse a serviço de um dos dois grupos, conforme o lado que se apressa na avaliação.

Dessa pobre realidade, não se obtém bons resultados. A nossa pequena história está aí cheia de exemplos, aqui e alhures, para confirmar que ainda não saímos do mesmo lugar ou, quem sabe, andamos para trás.

Mergulhados na mesmice, não dizem a que querem vir, por mais simples que seja a situação.

Por exemplo, o eleitor quer saber se os hospitais regionais de que o estado tanto precisa (e o ex-governador Jackson Lago começou a fazer!) fazem parte de seus planos?

Todos sabemos que o estado precisa de grandes hospitais regionais para atender a demanda do interior. Estes hospitais são essenciais para dar solução aos problemas de urgências e emergências médicas, além de ajudar na integração com os hospitais municipais, unidades básicas e postos de saúde.

Outro exemplo, a eleitora também gostaria de saber se a segurança pública continuará como está, exercida sob o mesmo ponto de vista do atual governo, que é o mesmo da época do governo Zé Reinaldo, quando tiveram até o mesmo secretário?

Terão coragem de retomar o enfoque diferente, o da cidadania, além das inovações do período do governo Jackson Lago na área?

A rigor, não há sequer debate. O que há, na verdade, é muita campanha eleitoral fora de época.

Um lado, o do situacionismo, utilizando as oportunidades na presença da máquina estadual, para inveja do outro lado que, se pudesse, faria o mesmo.

O outro lado, tentando, de forma impositiva, ser visto como a solução única, o caminho da salvação do estado, numa espécie de messianismo barato e já carcomido.

Cada vez mais iguais e semelhantes. Olhamos para um e vemos a cara do outro, tal a semelhança da política (a chamada realpolitik) dos dois grupos.

As colocações de um servem para o outro e vice-versa.

Não se sabe qual grupo possui em maior quantidade as "boas" companhias da política.

Daí a necessidade de uma candidatura alternativa para viabilizar e provocar o verdadeiro debate que interessa às pessoas, eleve a discussão, rejeite a baixaria que tomou conta da mídia digital (muito utilizada pelos dois grupos) e assuma os compromissos com a população, em vez de assumir com a chamada "classe política" que anda muito distante daquela, da população.

Igor Lago

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

DIVÃ MARANHENSE 9

O imbróglio continua, continua(!), continua(?), …

O sarneyísmo e os seus dissidentes, os reinaldo-dinistas, parecem continuar mergulhados na incerteza.

Estão ansiosos. Falam e fazem a mesma política, sob o mesmo paradigma e seguindo a mesma lógica.

Elaboram os seus passos na busca pelo poder baseados na conquista do apoio do poder central.

Foi assim com Benedito Leite, Urbano Santos, Vitorino Freire e, nos últimos 48 anos, com José Sarney.
(É o dilema da influência do poder central sobre os destinos de um estado periférico dependente).

Acham que a realpolitik é a norma. É a política decidida nos gabinetes com os conchavos e compromissos nem sempre divulgados.

Enquanto não tivermos a decisão petista, que poderá acontecer formalmente ou não, resta aos dois segmentos "politicar" pelo tão cobiçado apoio de quem, em 2010, obteve 70% e 79% dos votos, respectivamente, nos primeiro e segundo turnos.

Vale lembrar que o Bolsa Família estava presente em 53% das famílias maranhenses. Hoje, esse número é bem maior.


Recentemente, o pré-candidato ao governo dos dissidentes afirmou que "Lula e Dilma querem a saída do clã Sarney do governo do Maranhão"; "que o Sarney só apoiou o Lula quando a vitória já estava sacramentada",  "que o Sarney não foi sequer um aliado de primeira hora".


O sarneísmo, com os seus longos anos de realpolitik, nada respondeu. Está quieto conforme o momento exige. Sabe do apreço (e que apreço!) do Lula pelo senhor incomum, da sua amizade com as principais figuras da era petista cuja governabilidade é devida a ele e ninguém mais.


O divã permanece e o poder central poderá formalizar algo que nenhuma das duas forças poderão se distanciar.


2014 poderá ser mais uma edição de 2010, quando estas duas forças mantiveram-se, lado a lado, no apoio federal.

E como ficarão os acertos com os outros palanques presidenciais oposicionistas?

Talvez nem Freud poderá explicar. Quem ficará com o papel de traidor ou de traído?

Cabe aos que se encontram fora dos dois campos fazer crescer as candidaturas alternativas já postas, a da deputada estadual Eliziane Gama (PPS) e a do advogado Luis Pedrosa (PSOL).

Assim, poderemos fazer com que o divã não nos submeta ao sono profundo da mesmice.

Igor Lago

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

As sandálias da humildade e a crise da segurança pública

No Brasil e no Maranhão, a situação dos presídios - muitos, infelizmente, verdadeiras universidades do crime, estão colocando em cheque as políticas adotadas até aqui por vários governos estaduais, a exemplo do Maranhão, Rio Grande do Sul e o Rio Grande do Norte.

As diferentes organizações e entidades que tratam do tema tem alertado, constantemente, o grave problema a ser tratado como prioridade, ainda que tardiamente.

No caso específico do Maranhão, devo lembrar que houve uma tentativa de adotar uma política diferente para a área, centrada na prevenção, no controle e na repressão qualificada da violência, criando-se a primeira Secretaria de Segurança Cidadã do Brasil, com compromisso de implantar no Maranhão o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), que se caracterizava principalmente pela integração entre as polícias.

Muitos avanços se deram, dentre estes, o aumento do contingente desses bravos profissionais, os policiais militares, para tentar compensar o seu déficit histórico. Foram contratados 1000 novos policiais militares. É preciso compreender que nos 172 anos da Polícia Militar do Maranhão, o efetivo total era de 6.706, ou seja, aumentou-se em 14,91%. Também foram entregues 400 novas viaturas quando a frota inteira era de 1240 viaturas, ou seja, um aumento de 32,25%.

Foram criadas, também, 500 novas vagas nos presídios, o que ainda era pouco para a demanda crescente, mas que representava algo se levarmos em consideração os 9 anos precedentes que só criaram 450 e, em toda a história do estado, 1716 vagas.

Mas, repito, o que se estava formatando era o novo enfoque da segurança pública no sentido de aproximá-la do cidadão, das comunidades, no respeito aos direitos humanos.

E, precisamos reconhecer, aquele governo que durou pouco, não era "mil maravilhas". Também tinha os seus problemas em muitas áreas, inclusive na segurança pública, que teria de enfrentar ou sofrer os desgastes inerentes.

Creio que uma boa visão administrativa é continuar aquilo que está dando resultados positivos, independentemente da cor política de quem implementa a iniciativa.

Essa crise na segurança pública, os alarmantes índices de violência, as lastimáveis tragédias pessoais e familiares são inaceitáveis porque resultantes de uma política nacional e estadual a ser reformulada.

Que me desculpem os portadores de ambições políticas e eleitorais, os bem-pagos mercadores da opinião pública na grande, média e pequena mídia, alinhada ou não ao sarneyísmo e/ou aos seus dissidentes, o reinaldo-dinismo, é dever de todos ter serenidade, altivez e sentimento cívico para não cairmos no uso vulgar e barato da atual situação.

Percebe-se, nitidamente, o uso político-partidário e pré-eleitoral de uma situação que exige algo muito maior, a civilidade baseada nos melhores valores da cidadania.

Chega-se ao cúmulo do irracional a divulgação de boatos, o uso de imagens de fotos ou vídeos que ocorreram em outras localidades e tempos diferentes, ou seja, a mentira usada da forma mais sorrateira na tentativa de espalhar ou ajudar a criar um clima de pânico numa população já insegura e fragilizada que merece muito mais atenção e respeito. 

Lastimável, também, o uso corriqueiro de imagens da violência no nível mais repugnante pelos meios de comunicação. É a banalização da violência e do crime a serviço do lucro empresarial. É o apelo pela audiência e, consequentemente, pelos dividendos das publicidades.

Mas, sou daqueles que pensam que as autoridades maranhenses podem fazer muito mais, como rever a política adotada até aqui, aproveitar o que se inovou no passado e foi abandonado, incentivar os profissionais da área com mais investimentos e melhores salários, insistir na presença da polícia nas ruas e chamar as entidades do setor para sugerir e ajudar a adotar políticas administrativas mais efetivas e comprometidas com o nosso futuro.

Precisam, na verdade, calçar as sandálias da humildade e enfrentar a crise junto com a sociedade para o bem de todos.

Igor Lago