quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Getúlio Vargas II - CARTA TESTAMENTO

Mais uma vez, a forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.

Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre.

Não querem que o povo seja independente. Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a ponto de sermos obrigados a ceder.

Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo, que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar, a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.

Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão.

E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História.

Rio de Janeiro, 23/08/54

Getúlio Vargas I

Hoje, dia 24/08/2011, faz 57 anos que o presidente Getúlio Vargas se suicidou.

De meu conhecimento, somente três presidentes latino-americanos suicidaram-se, a saber: José Manuel Balmaceda - presidente chileno derrotado na guerra civil cometeu suicídio no 19/09/1891, aos 51 anos de idade, durante o seu exílio na embaixada argentina; Getúlio Vargas - no dia 24/08/1954, aos 71 anos de idade, no Palácio do Catete e Salvador Allende - presidente chileno, que cometeu suicídio aos 65 anos, após a invasão do Palácio La Moneda(pelas forças golpistas do general Augusto Pinochet) no dia 11/09/1973.

Todos deixaram uma carta ou discurso testamento. Vale a pena lê-los.

Como forma de prestar homenagem àquele que, sem sombra de dúvidas, marcou a vida política brasileira no último século (e é a primeira personalidade do nosso partido - PDT!), encaminho para apreciação um texto escrito pelo genial Darcy Ribeiro em 1994, e a própria Carta Testamento - documento raro de nossa história política.

Saudações Trabalhistas!

Igor Lago



Getúlio Vargas*

Getúlio Dornelles Vargas (São Borja, RS 1883-1954) foi o maior dos estadistas brasileiros. Foi também o mais amado pelo povo e o mais detestado pelas elites. Tinha de ser assim. Getúlio obrigou nosso empresariado urbano de descendentes de senhores de escravos a reconhecer os direitos dos trabalhadores. Os politicões tradicionais, coniventes, senão autores da velha ordem, banidos por ele do cenário político, nunca o perdoaram.

Os intelectuais esquerdistas e os comunistas não se consolam de terem perdido para Getúlio a admiração e o apoio da classe operária. Com eles, o estamento gerencial das multinacionais. Getúlio foi o líder inconteste da Revolução de 1930. Tendo exercido antes importantes cargos, Getúlio pôde se pôr à frente do punhado de jovens gaúchos que, aliados a jovens oficiais do Exército, os tenentistas, desencadearam a Revolução de Trinta. A única que tivemos digna desse nome, pela profunda transformação social modernizadora que operou sobre o Brasil.

No plano político, a Revolução de 30, proscreveu do poder os coronéis-fazendeiros com seus currais eleitorais e destituiu os cartolas do pacto "café-com-leite", que faziam da República uma coisa deles. Institucionalizou e profissionalizou o Exército, afastando-o das rebeliões e encerrando-o dentro dos quartéis.

No plano social, legalizou a luta de classes, vista até então como um caso de polícia. Organizou os trabalhadores urbanos em sindicatos estáveis, pró-governamentais, mas antipatronais.

No plano cultural, renovou a educação e dinamizou a cultura brasileira. Getúlio governou o Brasil durante 15 anos sob a legitimação revolucionária, foi deposto, retornou, pelo voto popular, para mais cinco anos de governo. Enfrentou os poderosos testas-de-ferro das empresas estrangeiras, que se opunham à criação da Petrobras e da Eletrobrás, e os venceu pelo suicídio, deixando uma carta-testamento, que é o mais alto e mais nobre documento político da história do Brasil.

Vejamos, por partes, os feitos de Getúlio. Logo após a vitória, estruturou o Governo Federal com seus companheiros de luta, como Oswaldo Aranha e Lindolfo Collor, aos quais se juntaram mais tarde Francisco Campos, Gustavo Capanema, Pedro Ernesto e outros. Colocou no governo, também, seus aliados militares, Juarez Távora, João Allberto, Estilac Leal, Juracy Magalhães, entregando a eles, na qualidade de interventores, o governo de vários estados e importantes funções civis. Só faltaram dois heróis do tenentismo: Luís Carlos Prestes, porque havia aderido, meses antes, ao marxismo soviético, e Siqueira Campos, que morreu em um acidente durante a conspiração.

O Governo Revolucionário criou o Ministério da Educação e Saúde, entregue a Chico Campos, fundou a Universidade do Brasil e regulamentou o ensino médio, em bases que duraram décadas. Criou, simultaneamente, o Ministério do Trabalho, entregue a Lindolfo Collor, que promulga, nos anos seguintes, a legislação trabalhista de base, unificada depois na CLT, até hoje vigente. O direito de sindicalizar-se e de fazer greve, o sindicato único e o imposto sindical que o manteria. As férias pagas. O salário mínimo. A indenização por tempo de serviço e a estabilidade no emprego. O sábado livre. A jornada de oito horas. Igualdade de salários para ambos os sexos etc.

Getúlio inspirou-se, para tanto, no positivismo de Comte, que já orientava a política trabalhista dos gaúchos, do Uruguai e da Argentina. Oswaldo Aranha, à frente do Ministério da Fazenda, reorganizou as finanças, revalorizou a moeda nacional e negociou a velha e onerosa dívida externa com os ingleses, em bases favoráveis ao Brasil.

Guerra de ideologias. Dois anos depois da revolução vitoriosa, Getúlio enfrentou e venceu a contrarrevolução cartola, que estourou em São Paulo, defendendo a restauração da velha ordem em nome da democracia. Em 1934, convocou e instalou uma Assembleia Constituinte, que aprovou uma nova Constituição, inspirada na de Weimar. Com base nela, foi eleito Presidente Constitucional do Brasil. Getúlio teve de enfrentar, desde então, a projeção sobre o Brasil das ideologias que se digladiavam no mundo, preparando-se para se enfrentarem numa guerra total. De um lado, os fascistas de Mussolini, que se apoderaram da Itália, e os nazistas de Hitler, que reativaram a Alemanha, preparando-se para se espraiarem sobre o mundo. Do lado oposto, os comunistas, comandados desde a União Soviética, com iguais ambições. A direita se organizou aqui com o Partido Integralista, que cresceu e ganhou força nas classes médias, principalmente na jovem oficialidade das forças armadas.

Os comunistas começaram a atuar nos sindicatos, estendendo sua influência aos quartéis. Ampliaram rapidamente sua ação, por meio da Aliança Nacional Libertadora, que atraiu toda a esquerda democrática e antifascista. Os comunistas conseguiram de Moscou, que apoiava uma política de aliança com todos os antifascistas do mundo, que abrisse uma exceção para o Brasil, na crença de que aqui seria fácil conquistar o poder, em razão do imenso prestígio popular de Prestes.

Desencadearam a intentona, em 1935, que foi um desastre. Não só desarticulou e destroçou o Partido Comunista, como também provocou imensa onda de repressão sobre todos os democratas, com prisões, torturas, exílios e assassinatos. O resultado principal da quartelada foi fortalecer enormemente os integralistas, abrindo-lhes amplas áreas de apoio em muitas camadas da população, o que lhes permitiu realizar grandes manifestações públicas, marchas de camisas verdes, apelando para toda sorte de propaganda, a fim de eleger Plínio Salgado Presidente da República. Getúlio terminou por dissolver o Partido Integralista, assumindo, ele próprio, o papel de Chefe de um Estado Novo, de natureza autoritária. Quebrou o separatismo isolacionista dos estados, centralizando o poder e ensejando o sentido de brasilidade.

Em 1939, estalou a guerra. Todos supunham que a propensão de Getúlio era de apoio às potências do Eixo, em função da posição dos generais.

Surpreendentemente, Getúlio começou a aproximar-se da democracia, por intermédio de Oswaldo Aranha, que fez ver aos Aliados que Getúlio era propenso a apoiar as democracias. Não o fez de graça, porém. Exigiu dos Estados Unidos, como compensação pelo esforço de guerra que faria, cedendo bases em Belém e em Natal e fornecendo minério, borracha e outros gêneros, duas importantíssimas concessões. Primeiro, a criação de uma grande siderúrgica que viria a ser a Companhia Siderúrgica Nacional, a CSN, matriz de nossa industrialização.

Segundo, a devolução ao Brasil das reservas de ferro e manganês de Minas Gerais e da Estrada e Ferro Vitória-Minas, em poder dos ingleses. Com elas se constituiu a Companhia Vale do Rio Doce, que nas décadas seguintes teve um crescimento prodigioso. Toda essa negociação se coroou quando Getúlio consegue que Roosevelt viesse a Natal, em sua cadeira de rodas, para conversar com ele, consolidando aqueles acordos e obtendo do Brasil a remessa de uma força armada para a batalha da Itália.

Com a vitória dos Aliados na guerra, cresceu o movimento de redemocratização do Brasil, que logo se configurou como incompatível com a presença de Getúlio no governo. Ele tentou conduzir o processo e para isso criou, com a mão esquerda, o PTB, para dar voz política aos trabalhadores; e com a mão direita, o PSD, para expressar os potentados da administração pública, com os quais governara. Gerando desconfiança em todos, Getúlio finalmente caiu, em um golpe militar encabeçado por Góes Monteiro e Eurico Gaspar Dutra, seu Ministro da Guerra.

O governo foi entregue ao Supremo Tribunal Federal, que convocou e realizou eleições, nas quais se defrontaram, representando as forças nominalmente democráticas, o Brigadeiro Eduardo Gomes e, na vertente oposta, o general Gaspar Dutra. Ganhou Dutra, graças ao apoio de Getúlio, que vivia desterrado em sua fazenda de Itu, no Rio Grande do Sul. Simultaneamente, Getúlio se elegeu Senador por São Paulo e pelo Rio Grande do Sul, e Deputado Federal pelo Distrito Federal, pelo Rio de Janeiro, por Minas Gerais, Bahia e Paraná.

A volta. Nas eleições de 1950, Getúlio se candidatou à Presidência da República, enfrentando Eduardo Gomes, mas encontrou um estado destroçado e falido por Dutra, que, eleito por ele, governara com a direita udenista. Getúlio, logo depois de empossado, formulou nosso primeiro projeto de desenvolvimento nacional autônomo, através do capitalismo de estado e um programa de ampliação dos direitos dos trabalhadores.

Começou a lançar os olhos para a massa rural. A característica distintiva do seu governo foi, porém, o enfrentamento do capital estrangeiro, que ele acusava de espoliar o Brasil, fazendo com que recursos, aqui levantados em cruzeiros, produzissem dólares para o exterior, em remessas escandalosas de lucros. Toda a direita, associada a essas empresas estrangeiras e por ela financiada, entrou na conspiração, subsidiando a imprensa para criar um ambiente de animosidade contra Getúlio, cujo governo era apresentado como um "mar de lama". Nesse ambiente, o assassinato de um major da Aeronáutica, que era guarda-costas de Carlos Lacerda, por um membro da guarda pessoal de Getúlio no Palácio do Catete, provocou uma onda de revolta, assumida passionalmente pela Aeronáutica na forma de uma comissão de inquérito, cujo objetivo era depor Getúlio.

A crise se instalou e progrediu até a última reunião ministerial, em que Getúlio constatou que todos os seus ministros, exceto Tancredo Neves, viam como solução a sua renúncia. Ele havia recebido, através de Leonel Brizola, a informação de que podia contar com as forças militares do sul do País. Mas, para tanto, seria necessário desencadear uma guerra civil. A solução de Getúlio foi seu suicídio. Antes, entregou a João Goulart a Carta testamento, que passou a ser o documento essencial da história brasileira contemporânea.


Virada. O efeito do suicídio de Getúlio foi uma revirada completa. A opinião pública, antes anestesiada pela campanha da imprensa, percebeu, de abrupto, que se tratava de um golpe contra os interesses nacionais e populares, que era a direita que estava assumindo o poder e que Getúlio fora vítima de uma vasta conspiração. Os testas-de-ferro das empresas estrangeiras e o partido direitista, que esperavam apossar-se do poder, entraram em pavor e refluíram. As forças armadas redefiniram sua posição, o que ensejou condições para a eleição de Juscelino Kubitscheck.

O translado do corpo de Getúlio, do Palácio do Catete até o Aeroporto Santos Dumont foi a maior, a mais chorosa e mais dramática manifestação pública que se viu no Brasil. Pode-se avaliar bem o pasmo e a revolta do povo brasileiro ante esta série de acontecimentos trágicos, que induziram seu líder maior ao suicídio como forma extrema de reverter a seqüência política que daria fatalmente o poder à direita.

*Texto de autoria do saudoso Darcy Ribeiro (1994)

domingo, 21 de agosto de 2011

Igor Lago garante que PDT maranhense vai atuar 'com os melhores sentimentos e virtudes'

Entrevista Exclusiva

Por Waldemar Terr (Repórter de Política) / wter@uol.com.br - wter.blog.uol.com.br

O novo presidente regional do PDT, Igor Lago, que assumiu o cargo após a morte do pai, o ex-governador Jackson Lago, diz que “a política é a expressão maior da atividade humana. E, assim, devemos exercê-la com os melhores sentimentos, opiniões e virtudes”. O novo presidente afirma não ver “o futuro do PDT no Maranhão longe do caminho trilhado pelo seu principal líder”.

Diz também que “qualquer desvio, resignação ou subserviência à política convencional, aquela dos conchavos e acertos de gabinete, das barganhas, da politicalha, será o fim do PDT”. Afirma ainda que “um partido de massa e quadros como o PDT não pode perder essa noção histórica do seu papel no presente”.

Sobre sucessão municipal, Igor Lago garante que “no momento apropriado o PDT irá dedicar-se a São Luís com todo o carinho que a nossa cidade merece. Temos a convicção de que o partido se reencontrará com a nossa cidade após alguns processos muito dolorosos para todos nós”. Outro ponto abordado é a morte do ex-governador Jackson: “Não é fácil perder um líder. Fica um vazio, um sentimento de orfandade. Tenho vivido com os companheiros e companheiras situações que nos fazem seguir adiante”.

A seguir a entrevista.

JORNAL PEQUENO – Qual o futuro do PDT maranhense?

IGOR LAGO – Não vejo o futuro do PDT no Maranhão longe do caminho trilhado pelo seu principal líder. Um partido que se forjou na luta contra a Ditadura e a Oligarquia, na luta por uma melhor e mais justa distribuição da Terra, pela Anistia, pelas Diretas Já, pelas Políticas Públicas nas áreas da Saúde, Educação, Infraestrutura, Segurança, etc. Qualquer desvio, resignação ou subserviência à política convencional, aquela dos conchavos e acertos de gabinete, das barganhas, da politicalha, será o fim do PDT. Um partido de massa e quadros como o PDT não pode perder essa noção histórica do seu papel no presente.

JP – O PDT vai lançar candidato próprio a prefeito de São Luís?

IL – Estamos reorganizando o partido conforme as exigências legais de formação de comissões e diretórios em todo o estado. Estamos dedicando toda a nossa atenção a esse processo. São Luís é a nossa cidade mãe. Aqui o partido nasceu, cresceu, amadureceu e colheu derrotas e vitórias. E daqui disseminou-se para todo o Estado. No momento apropriado, o PDT irá dedicar-se a São Luís com todo o carinho que a nossa cidade merece. Temos a convicção de que o partido se reencontrará com a nossa cidade após alguns processos muito dolorosos para todos nós.

JP – Como o PDT vem reagindo após perder a liderança do governador Jackson?

IL – Não é fácil perder um líder. Fica um vazio, um sentimento de orfandade. Tenho vivido com os companheiros e companheiras situações que nos fazem seguir adiante. Juntos, ombro a ombro, estamos juntando os cacos. Mas, para quem tem a vida pautada pela luta por destinos melhores para cada um de nós, de forma coletiva, estamos nos reerguendo, apesar de todas as adversidades, das vacilações, das tramas, das tentativas de leiloar e esfacelar o partido. A cada companheiro ou companheira que recebo na sede do partido, ali na Rua dos Afogados, ou nas andanças pelo interior do estado, vejo um olhar de tristeza e, ao mesmo tempo, de esperança, escuto palavras de solidariedade e ânimo para trabalhar pelo partido. Creio que a maioria do partido está ciente de seu papel. É preciso que todos os seus membros entendam que o PDT é um partido destinado a libertar o Maranhão.

JP – Os vários grupos existentes dentro do partido não podem inviabilizar o PDT ou causar grande estrago?

IL – Todo partido abriga pessoas de diferentes berços, origens, caráter, objetivos, razões, modos de fazer política. Uma das razões para que eu aceitasse o convite da maioria dos membros da Comissão Provisória Estadual, deixada por nosso líder, foi a de representar a união entre todos os membros e evitar que o partido ficasse à mercê dos protagonistas da política convencional. Tenho procurado desempenhar esse papel. E avisei a todos sobre o que penso e como vejo a política. Não concordo com muitas formas de fazer política que acabaram virando um costume ou praxe, até mesmo entre aqueles que se consideram de esquerda, reformistas ou revolucionários. A política é a expressão maior da atividade humana. E, assim, devemos exercê-la com os melhores sentimentos, opiniões e virtudes.

JP – O PDT buscará diálogo com os demais partidos de oposição ao grupo Sarney?

IL – O nosso partido nunca se fechou para o diálogo com qualquer outro que se disponha a lutar por objetivos comuns que impliquem em melhores dias para o nosso povo. Esses objetivos passam pela conquista do poder para pôr em prática os nossos ideais de luta, ou seja, de programar políticas públicas de inclusão através da educação e saúde públicas de qualidade, ações de fomento para o desenvolvimento nos diversos setores (agricultura, comércio, indústria, cultura...), nas ações imediatas na área de segurança com uma visão humanista, no exercício transparente da gestão administrativa com todo o cuidado na aplicação dos recursos públicos. O PDT sempre dialogará com as demais forças de oposição com todo o respeito e lealdade, sempre inspirado no que acabamos de dizer anteriormente. E isto vale para períodos eleitorais ou não! E não devemos esquecer que, com o advento da internet, das ONGs, das chamadas organizações civis, os partidos políticos tiveram diminuídos o seu papel. Então, o PDT está aberto ao diálogo com aquelas pessoas ditas independentes, que não estão e nem querem afiliar-se a partido político, mas que desejam dar algum tipo de contribuição.

JP – Como a família do ex-governador está reagindo para superar a perda de Jackson?

IL – Como qualquer família que perde a figura paternal, o patriarca. Sentimos sua ausência física a todo instante. Ele era um ser humano muito sensível, digno, sábio, cordial, superior. Acho que a sua própria história de vida fez dele um grande homem. Tinha uma resistência e uma fortaleza inigualáveis. Às vezes, penso que ele está aqui, orientando os nossos pensamentos e desígnios, nos observando a todo instante. E percebo alguns traços dele em algumas pessoas que conviveram com ele.

JP – Quais são os seus projetos políticos a frente do PDT maranhense?

IL – Os meus projetos políticos não são pessoais. Estou exercendo um papel à frente do PDT para sairmos do presente fortalecidos e planejar o futuro sempre respeitando o nosso passado. Sem cultivar as nossas raízes, pereceremos no caminho. E correremos o risco de nos tornamos mais um. Tenho um profundo apreço pela Democracia e pelo Trabalhismo. Penso em trabalhar estes valores nas instâncias partidárias, assim que passarmos por esta fase de reorganização. E vamos cultivar todos os aspectos positivos de nossas passagens pelas prefeituras e pelo governo. O PDT tem líderes como os atuais prefeitos Deoclides Macedo, Hilton Gonçalo, Diniz, Vete Botelho e Silvana, assim como deputados estaduais a exemplo do líder de nossa bancada Carlos Amorim, da Valéria Macedo, Camilo Figueiredo e Graça Paz. Também temos outros líderes de grande experiência política e/ou administrativa como o Reginaldo Telles, João Francisco, Chico Leitoa, Julião Amin, Clodomir Paz, Moacir Feitosa, Léo Costa, Sandra Torres, Josemar Pinheiro, Aroucha, Jô Santos, Eduardo Telles e muitos outros. E, nesta quarta-feira, estaremos filiando o Ministro Edson Vidigal e a Dra. Eurídice Vidigal que, com certeza, serão motivo de orgulho para todos nós do partido.

JP – O senhor escreveu artigos sobre o quadro político maranhense. Qual o cenário que se pode projetar para 2014?

IL – Todos sabemos que o cenário político de hoje não será o mesmo de amanhã. Tudo muda a todo instante. Faz parte de nossa existência. Vejo uma tentativa de amarrar a eleição de 2012 à de 2014. Puro sortilégio de quem sabe que a realidade não é feita assim. Vemos todo tipo de conversas, aparições que, a rigor, não passam de intenções superficiais. Tenho dito que o PDT procurará apresentar candidaturas próprias aos executivos municipais onde for possível e, quando não, formar chapas fortes para o legislativo municipal. A eleição municipal é bem diferente da estadual. O cenário com que trabalhamos para 2014 é o de o PDT apresentar candidatura própria ao governo. E digo que será muito forte, pois somos o principal partido das chamadas oposições. E concorreremos ao Palácio dos Leões com a legitimidade de um partido que teve um governador cassado injustamente pelos poderosos de Brasília para atender aos instintos de sobrevivência da Oligarquia Sarney. E não tenham dúvidas de que seremos leais aos demais setores e, num eventual segundo turno, estaremos todos juntos para a vitória, seja contra o grande sócio do atraso – o ministro Lobão –, ou o seu sócio menor, o secretário Luis Fernando.

JP – Algo mais a acrescentar?

IL – Agradeço ao nobre jornalista a oportunidade de expressar o que pensamos sobre os diversos temas que abordamos. E convidar a todos os maranhenses a se posicionarem, a tomarem partido, a serem contra todo esse sistema que aí está atravancando o nosso desenvolvimento, a serem contra esse marasmo e essa cultura do atraso de surrupiar os recursos públicos; conclamar a juventude a ser mais ativa e independente; os sindicatos, a serem mais eles e menos seguidores das diretrizes dos partidos políticos que os atrelam; enfim, chamar a todos a terem coragem política. Coragem de participar, de criticar, de exercer sua cidadania. É o mínimo que todos podemos fazer por nosso estado e pelo futuro de nossas crianças.


terça-feira, 9 de agosto de 2011

Encontro de Parnarama

No último dia 23 de julho, participamos de um Encontro do Partido Democrático Trabalhista em Parnarama (cidade do leste maranhense), realizado sob a liderança do engenheiro Chico Leitoa - membro do nosso partido desde 1984, ex-prefeito de Timon por duas vezes (ganhador do prestigiado Prêmio Prefeito Amigo da Criança durante sua última gestão de 2001-2004), ex-deputado estadual e federal -, que reuniu companheiro (a)s de 10 municípios da região.

Participaram do encontro aproximadamente 250 pessoas, dentre elas: 1. Professor Paulo Paraguassu - São João dos Patos; 2. Vereador Másculo – Passagem Franca; 3. Ex-prefeito Jônatas – São Francisco; 4. Luciana Leocádio e o Sr. Sebastião Leocádio – Buriti Bravo; 5. Vereador Dr. Helton Mesquita – Caxias; 6. Professor Arinaldo – Coelho Neto; 7. Vereadora Iranir Brito – São João do Sóter; 8. Vereador Adeilson – Aldeias Altas; 9. Chico Leitoa e o convidado especial, o deputado estadual Luciano Leitoa (PSB) – Timon.

Fizemos uma homenagem ao ex-prefeito João Leocádio, assassinado na cidade de Buriti Bravo em 2005 – triste e irreparável acontecimento que espero jamais seja repetido em nosso estado. A tolerância política é um dos principais alicerces de qualquer estado ou país democrático e civilizado.

Tivemos a oportunidade de escutar o (a)s companheiro (a)s, conversar e, principalmente, expor a todos que o PDT continua firme, fortalecendo-se e filiando muita gente, como é o caso do Dr. Marcelo Barbosa, que tivemos a honra de assinar a sua ficha de filiação no próprio evento. Médico ortopedista jovem, determinado, de boas intenções e muito comprometido com os destinos daquela cidade, onde será nosso candidato a prefeito numa aliança com vários outros partidos. Terá toda a nossa solidariedade, o nosso desprendimento e a nossa determinação. O PDT sente um profundo orgulho de sua filiação!

Falei que todos nós tínhamos uma grande responsabilidade desde o último dia 04 de abril: a de continuar, sem descanso, a luta de um dos homens mais perseguidos de nosso estado e país. Para isto, faz-se necessário a compreensão de que o nosso partido deve seguir sob os princípios da democracia e do trabalhismo, tomando as decisões de forma coletiva e procurando sempre estar fiel aos mais elevados princípios da ética e da moral. Assim, sempre teremos coluna vertebral para resistir a qualquer pressão dos poderosos. (Quando não se tem nada a dever, não se tem nada a temer!).

Devemos cultivar as nossas raízes, ter plena consciência de nossa história de partido feito por gente lutadora, que quis e quer transformar o nosso estado e nosso país, e não por gente que faz política para galgar espaços sociais e riqueza pessoal. O PDT é o partido da indignação com tudo que aí está como sustentação a essa dura realidade de nosso Maranhão. Não pode se acomodar e nem resignar-se com migalhas, cargos, oportunismos vários, enfim, a política com “p”minúsculo. Somente assim, penso eu, seremos capazes de superar os atuais desafios e nos apresentar ao povo maranhense como um partido real, firme e coeso que demonstra capacidade de união, superação e agregação.