quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O PDT é um partido de história, forjado na luta pela democracia

“Jamais uma só pessoa ou um só político destruirá o PDT”.

O nosso entrevistado da semana é o médico Igor Matos Lago, 42, natural de São Luis, militante político desde os seus 11 anos, participando das inumeráveis reuniões que aconteciam na casa de seus pais ou na sede do Partido participando da Juventude Trabalhista e, depois, Juventude Socialista.
Graduação em Medicina no Instituto Superior de Ciências Médicas de Havana, onde viveu 6 anos, graças a uma bolsa de estudo que o seu pai, o ex-governador do Maranhão, Jackson Lago, conseguiu junto ao Ministério da Saúde de Cuba, durante uma viagem a um congresso naquele país.
Com diploma Revalidado na UFMA, fêz Pós-Graduação como Residente em Clínica Médica no Hospital Ipiranga - SUS - SP, especialização em Cardiologia e, depois, em Cardiologia - UTI, na Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo e, por último, especialização em Hemodinâmica no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia do Estado de São Paulo. Um dos herdeiros políticos de Jackson Lago, ocupa a presidência da Comissão provisória do PDT no Maranhão.
Por EGÍDIO PACHECO

TRIBUNA DO NORDESTE – O seu pai, o ex-governador, Jackson Lago, militou na Medicina e na Política. Qual a avaliação que o senhor faz do médico Jackson Lago?
Igor Lago – Como profissional, sempre foi muito dedicado, muito interessado em se superar a cada dia. Tinha aquela atitude do médico de extrema preocupação com o ser humano e não só com a doença. Ele era profundamente humanista na sua arte de exercer a Medicina.

T. N. – E na Política?
Igor Lago – Na Política ele também carregava esse humanismo. Achava que a Política era o meio de servir às pessoas e, especialmente, aos mais pobres, injustiçados, abandonados, o que no Maranhão ainda é muito forte essa característica. Acredito que tanto como médico como político, foi um grande humanista.

T. N. – Como o senhor acompanhou o “esfacelamento” entre aspas, do PDT no Maranhão, especificamente em São Luís, capitaneado pelo então prefeito de São Luís, Tadeu Palácio?
Igor Lago – A vida, assim como a política, é um processo. A cada dia enfrentamos um problema. Ninguém destruiu o PDT. Ninguém ainda conseguiu destruir o PDT. Acho muito difícil que alguém o consiga. O PDT é um partido de história, forjado na luta pela Democracia, Anistia, Liberdade, pelos Direitos Humanos, pelas propostas verdes de defesa do meio ambiente, pela transformação social, pela Educação Pública integral de qualidade, pelos serviços de Saúde de qualidade, por uma melhor distribuição da terra que possa ajudar o homem do campo a se desenvolver. Então, o PDT, com essas características, jamais poderá ser alvo de destruição por uma só pessoa, um só político. O PDT, como todos os partidos, teve e tem os seus problemas mas, por essas características, por essa raiz, acho muito difícil, que alguém consiga destruir o PDT. Além dessas características, há uma disposição de seus fundadores, de seus membros de, a todo tempo, lutar pelo Partido, descobrir as armadilhas que são montadas contra o Partido e nós as vamos desfazendo no dia-a-dia.

T. N. ,– Qual foi o pior momento do PDT estadual?
Igor Lago – Posso lhe dizer que o PDT enfrentou os seus piores momentos durante a cassação, as eleições de 2010 e, principalmente, após a ausência para tratamento de saúde e, infelizmente, o desaparecimento físico de nosso companheiro e líder maior - Jackson Lago. Mas, tudo isto só estimulou os companheiros, a se reunirem e trabalharem pela reorganização e fortalecimento do PDT. Então, ao contrário do que muitos imaginam, o PDT hoje, mesmo sem a presença do seu líder maior, mesmo com tudo que ocorreu nos últimos tempos, o PDT é um partido forte e vai dar demonstração muito contundente disto num futuro muito próximo.

T. N. – É verdade que o pedetista, Jackson Lago, durante a sua trajetória e, principalmente, quando governador do Maranhão, foi um dos políticos mais perseguidos no Estado e, porque não dizer, no Brasil?
Igor Lago – Sem dúvida nenhuma. Considerando que vivemos sob o domínio de um grupo político que não tem a natureza democrática e que mantém esse Estado sob as rédeas, interferindo em todas as suas instituições, nós consideramos que o nosso líder Jackson Kepler Lago foi o político brasileiro mais perseguido durante o processo de redemocratização que, aliás, ainda não aconteceu verdadeiramente no Maranhão, porque só vamos poder dizer que o Maranhão está democratizado, quando tivermos uma alternância de poder consolidada. Ele tentou, mas lhe foi tirada a chance após dois anos, três meses e dezesseis dias.

T. N. – Como está o PDT hoje na sua organização?
Igor Lago – Olha. O PDT hoje vem se reorganizando, se reestruturando e vamos estar presentes nos 217 municípios do Maranhão. Participamos de mais uma reunião da Executiva Estadual. Já temos o Partido organizado em cerca de 150 municípios e estamos correndo atrás dos prazos legais, para chegar ao nosso objetivo, que é o de formalizar o PDT em todos os municípios do Estado até outubro. Acredito que estamos muito próximos dessa meta, e vejo o entusiasmo dos companheiros voltando. Aquela tristeza, aquele abatimento, de pouco a pouco, está se transformando num grande entusiasmo em reorganizar o Partido. Essa é a forma que todo mundo está encontrando de homenagear o nosso líder maior.

T. N. – As eleições municipais estão chegando. E como vai ser a participação do PDT. Ele vai integrar uma frente oposicionista de unidade?
Igor Lago – Veja bem. Nós temos colocado que o melhor para o PDT, que está passando por esse processo de reorganização, seria tratar de alguns assuntos, como o de São Luís, só a partir do ano que vem. De preferência, depois do carnaval, para que essas discussões não contaminem o processo que estamos construindo no presente, isto é, a reorganização partidária. Agora, quando concluirmos esse processo de reorganização, o PDT vai estar mais fortalecido para discutir todas as questões, inclusive esta de São Luís. Mas, posso lhe adiantar que há um sentimento muito forte no Partido (pelo que se percebe e se ouve hoje) de que o mesmo tem uma resposta à sociedade de São Luís, a de candidatura própria, mas ainda é muito cedo. Vamos deixar para discutir isso, no momento adequado, no momento propício.

T. N. – Como o senhor vê a oposição hoje no Maranhão?
Igor Lago – A oposição no Maranhão está enfrentando um momento muito difícil porque, após as eleições de 2006 e com a cassação, houve um segmento dentro da oposição, que colocou em primeiro plano o seu objetivo próprio. Não teve o entendimento de que seria importante a unidade das oposições já no primeiro turno das eleições de 2010. Então, as oposições foram divididas para as eleições, e deu no que deu. Segundo, houve um comportamento durante as eleições de muita deslealdade e de desrespeito, quando um segmento decidiu avançar sobre outro segmento de forma desleal, rasteira, não condizente com os princípios da ética, da moral, os príncipios democráticos e republicanos. Preferiram seguir os princípios – se é que se pode chamar de princípios – da esperteza. Então, deu no que deu. Não tivemos nem segundo turno e estamos amargando essa realidade dura, que é a oligarquia se consolidar no poder após ter tomado o mandato popular nos tapetes dos tribunais. Mas, vamos ver o que a gente pode reconstruir. O PDT está fazendo a sua parte; reorganizando-se, reestruturando-se e, partir para 2012 como um partido forte apresentando o maior número possível de candidatos a vereadores, vice-prefeito e prefeito, e tentar fazer a composição com os outros partidos dentro do campo democrático, sempre pautando pelo respeito e pela lealdade, visando mudar o Maranhão.
T. N. – Com vistas a 2012, o PDT já está trabalhando um projeto real para o desenvolvimento de São Luís?
Igor Lago – O PDT tem toda uma história com relação a São Luís. O PDT ganhou as eleições municipais de São Luís de 1988, 1996, 2000, 2004 e ganhou outras com partidos aliados. No momento apropriado, como já disse, nós vamos dar uma resposta aos anseios da sociedade de São Luís. O PDT vai apontar que tem propostas novas, modernas, de compromisso com o desenvolvimento da cidade de São Luis, principalmente, com os requisitos de qualidade na área da saúde, educação, regularização dos terrenos e enfrentar o problema do trânsito, que é muito sério, o da segurança – ver no que se pode colaborar no enfrentamento da violência, drogas, etc. O PDT é um partido que tem tradição solidária, e vai continuar servindo aos ludovicenses e aos maranhenses.

T. N. – O senhor como médico, como o senhor vê o Sistema Único de Saúde hoje no Brasil?
Igor Lago – Fico muito triste porque, recentemente, tivemos um governo que chegou ao poder em 2002, dizendo que ia transformar o País: mudar a saúde, a educação, a infra estrutura, e o que vemos é que o País em nada disso avançou; ao contrário, na área da saúde, o valor percentual do PIB até diminuiu com relação ao governo anterior. Constatamos que, de fato, não mudou, não melhorou a saúde do País. Eu me sinto muito decepcionado, frustrado em ver que o País não avançou. Vemos pelos jornais e TVs as crises dos hospitais públicos, filas imensas nos serviços de urgências e emergências, a falta de atividades básicas de saúde. Então, acho que nós precisamos mudar muito para que possamos dar uma melhor cara na saúde pública brasileira.

T. N. – E como o senhor vê a saúde doméstica? A governadora Roseana, assim que tomou o poder anunciou a construção de 73 hospitais para dezembro do ano passado e até agora inaugurou apenas um. Além do mais, a Revista Isto É deu uma manchete de que os hospitais de Roseana estão na UTI. Um escândalo envolvendo licitações e doações de campanha. Como o senhor vê esse episódio?
Igor Lago – Eu diria que o Maranhão deu passos de caranguejo em todas as áreas e, na área da saúde, o que está vindo à tona, reflete isto de forma muito categórica. O Maranhão, há muito tempo, precisa construir hospitais regionais para atendimento de urgência e emergência nas áreas clínica e cirúrgica básicas, para que os postos de saúde e unidades de primeira instância possam se integrar a esses hospitais, que teriam, a princípio, serviços de média e, alguns, de alta complexidade.
Com o conhecimento logístico dos níveis das unidades de saúde, é que vamos resolver o problema, com muita vontade política e com uma correta aplicação dos recursos públicos.

* Entrevista concedida ao Jornal Tribuna do Nordeste em 19 de Agosto de 2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário