segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Maranhão e Brasil

DO ABUSO DA MÍDIA PELA PRESIDENTE E DA POUCA COBRANÇA DE SEUS ALIADOS -

O candidato presidencial oposicionista senador Aécio Neves manifesta, mais uma vez, a sua contrariedade com relação ao abuso da presidente Dilma nas suas frequentes aparições na cadeia nacional de televisão e rádio.

Suas colocações são pertinentes e nos faz lembrar o Maranhão, especialmente um segmento das oposições e a sua postura política.

Este segmento, que costuma cobrar (demagogicamente) a realização de obras do governo estadual, nada cobra do governo federal da dona Dilma.

Já levantei essa questão no sentido desse segmento oposicionista e do próprio segmento situacionista, isto é, os dissidentes do sarneyísmo e o segmento situacionista, o sarneyísmo, que gozam da tão solícita amizade e fazem parte da base aliada do governo federal, que poderiam cobrar ações concretas do governo federal para com o nosso estado, especialmente naqueles municípios com menor IDH.

Por exemplo, instalar o Programa de Saúde da Família e construir escolas de tempo integral nos 50 municípios mais pobres do Maranhão.

Esses dois segmentos estariam utilizando a sua influência política com o governo federal para remediar a nossa triste realidade.

Mas, como sabemos, resumiram-se à costumeira política de conquistar espaços para satisfazer aos seus interesses imediatos.

Nada para o povo! Nada para o Estado!

Quiçá, umas poucas quadras de esporte propagandeadas (quantas mesmo?) aos quatro cantos pelo segmento oposicionista em questão.

O presidenciável mineiro dá uma dica muito simples e bem menor, em termos de proporção daquilo que sugerimos antes e que poderia mudar para melhor a vida de muitos maranhenses: Cobrar as creches prometidas em 2010.

A Dilma prometera 8.000 creches e, depois, diminuiu a promessa para 6.000.

No entanto, até outubro passado, ou seja, três anos depois da promessa de campanha, só construiu 120 creches (2% do total prometido!).

Faltam 5880 creches ou 98% do total prometido!

Vamos esperar se os dois segmentos da nossa política aproveitam a sua "ótima relação" com o governo federal para cobrar essas creches. Quem sabe algumas viriam a ser construídas no Maranhão. Porque, como sabemos, não cobraram políticas públicas que mudam, de forma concreta, a vida das pessoas.

Curiosidade: Dessas 120 creches concluídas em outubro passado (2% do prometido!), alguma foi feita no Maranhão?


Igor Lago


Obs.: Uma sugestão final do ano 2013 para a eleição nacional de 2014 deste humilde eleitor-

A formação das chapas oposicionistas da seguinte forma:

PSDB - Aécio Neves/José Serra, uma aliança entre os dois estados mais populosos, Minas Gerais e São Paulo, com repercussão em todo o país;

PSB/Rede - Eduardo Campos/Marina Silva, uma aliança que fortaleceria o candidato em todo o país, especialmente no Rio de Janeiro.

O seu Lula e a dona Dilma tremeriam os seus joelhos, bem como os dos seus partidários instalados nos mais de 30.000 cargos públicos federais…

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

FELIZ NATAL E ANO NOVO!

Prezado(a),

Desejo um Feliz Natal com a família e amigos baseado na fraternidade e solidariedade para com os que necessitam.

E um Ano Novo de muitas conquistas, realizações, transformações individuais e coletivas.

Abraço,

Igor Lago

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

DIVÃ MARANHENSE 8

O imbróglio continua…

O sarneyísmo e os seus dissidentes estão mergulhados na dúvida(?) de quem obterá o tão cobiçado apoio petista, partido que já ocupa há quase 11 anos o Palácio do Planalto.

O PT, ao chegar ao poder federal, esqueceu as reformas e se entregou à política assistencialista. As profundas mudanças anunciadas se resumiram à mesmice de sempre, a de se tocar o governo sob a ótica do imediatismo e da demagogia. A ética e os valores republicanos nunca foram tão pisoteados.

O PT, obviamente, vai decidir aquilo que for melhor para a reeleição da presidente Dilma. E isto inclui os arranjos estaduais com o PMDB, principal partido aliado, e os outros vários partidos de médio e pequeno porte.

As decisões não são baseadas de forma programática mas, sim, pragmática. O que importa é ganhar a eleição, manter o poder e fazer de tudo para perpetuar-se nele.

Daqui a três dias, alguns petistas poderosos completarão 1 mês de prisão como resultado do julgamento do Mensalão.

Um deles, o então poderoso dirigente partidário e ex-chefe da Casa Civil, José Dirceu, todos sabem, sempre foi guru do representante dos dissidentes do sarneyísmo Flávio Dino e amigo de longa data dos Sarneys (pai e filha).

Não podemos ter dúvidas. Mesmo lá de dentro da Papuda, José Dirceu, que após a saída do governo em 2005, para evitar que o escândalo envolvesse a figura presidencial,  se tornou um dos maiores consultores (para não dizer lobista!) da era Lula-Dilma, ainda preserva a sua influência no Partido dos Trabalhadores.

Não sei se já foi ou será visitado.

Mas, independentemente desse detalhe, o chefe é o outro, e está por aí a vangloriar-se e ser vangloriado com títulos e honras. Está livre, leve e solto. E este é quem vai decidir (se é que já não decidiu!) o imbróglio.

Igor Lago

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Curtas da Política do Maranhão

É de muita esperteza o protagonismo político daqueles que se auto-titulam "o novo"…

Li hoje uma declaração do pré-candidato ao governo maranhense do grupo dissidente do sarneyísmo (já em campanha há 4 anos!) sobre um eventual apoio do ex-governador e ex-prefeito de São Luis João Castelo.

"…Não há nenhum problema. E se o ex-governador Castelo estiver no nosso palanque será uma honra…"

João Castelo Ribeiro Gonçalves era considerado pelo mesmo como o atraso da política maranhense;

João Castelo Ribeiro Gonçalves, após as eleições de 2008, foi processado pelo mesmo que queria lhe cassar o mandato;

João Castelo Ribeiro Gonçalves foi abandonado por todos os seus aliados, inclusive pelo atual prefeito que teve sua candidatura inventada e apoiada pelo pré-candidato ao governo estadual;

João Castelo Ribeiro Gonçalves, recentemente, enfrentou todo tipo de tentativa de perseguição e humilhação pela atual administração nos seus primeiros 3 meses que, a rigor, está se revelando pior, muito pior, …

É a lógica do "tudo pelo poder"; "dos fins justificam os meios"; "do vale-tudo na política";…

Eis o "novo"!

O "novo" e a "mudança" são slogans usados e abusados por essa turma que está decepcionando, em tão pouco tempo, a cada dia, cada vez mais, a muita gente.

Não seria melhor protagonizar a boa política?

Esta não é nova nem velha, simplesmente, boa, correta, respeitosa, servidora, coletiva, democrática, libertária, justa,…

sábado, 16 de novembro de 2013

DIVÃ MARANHENSE 7

Apesar da recuperação parcial dos índices de intenção de votos nas pesquisas recentes, a presidente Dilma, apesar de toda a exposição na mídia, praticamente de forma isolada, onipresente, não conseguiu recuperar os índices que sugeriam uma tranquila reeleição. O seu marqueteiro João Santana que se cuide, pois todas as estratégias utilizadas não foram suficientes para, conforme prometera, alcançar em novembro os índices anteriores às manifestações de junho.

Mas isto parece não fazer muita diferença para as duas forças maranhenses que disputam o oficialismo federal, ou seja, o sarneyísmo e os seus dissidentes. Sabem que a influência deste é enorme no processo eleitoral estadual. 

Daí todo um esforço midiático dos dois grupos para demonstrar que a presidente Dilma e o PT tem mais apreço por um em detrimento do outro. Uns ligados ao grupo dissidente chegaram a publicar até uma tal solução "salomônica" que uniria o candidato a governador do grupo dissidente e a candidata a senadora do grupo dominante.

As eleições internas do PT - partido disputado que simboliza a concretização do tão cobiçado apoio, parece que terão seu resultado definitivo somente no final do mês, o que dá mais tempo (e combustível) para o imbróglio.

Enquanto isso, além da disputa entre os "donos do Maranhão e os donos da Oposição", há um sentimento que vai se formando, o da necessidade de outras candidaturas oposicionistas. A pré-candidata Eliziane Gama (PPS) já teria ultrapassado o candidato do grupo dissidente do sarneyísmo na cidade de São Luis em recente pesquisa eleitoral, além de melhorar os seus índices no estado.

Outros nomes começam a se apresentar, o que é bom para o debate sobre o Maranhão que merece muito mais que discursos, declaração de intenções, propaganda, falácias e propostas vazias.

Finalizo por aqui pensando no quanto as duas forças devem estar perplexas com o que acontece no país desde ontem, a prisão de alguns dos condenados no processo do Mensalão. O mais importante deles, o novo rico José Dirceu, é amigo de um e guru de outro.

Isto nos anima a acreditar no futuro. O Brasil e o Maranhão precisam mudar, e não somente o Maranhão.

Igor Lago

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

SINOS PEDREIRENSES

Agradecido, compartilho o poema em homenagem aos 79 anos de papai que o professor, poeta e escritor Raimundo Carneiro Côrrea enviou-me esta semana:


SINOS PEDREIRENSES

ao 1º de novembro de 1934,
do natalício de Jackson Lago

"Certifique-se
se a água veio nova do rio...
Nova, dagora!
Em que pote se contém!"

"... flores de alecrim
para perfumar!"

A água do rio Mearim!
Do Dia de Todos os Santos.
de mil novecentos e trinta e quatro,
quando nasceu, em Pedreiras do Maranhão,
mais um dos filhos dos Lago,
para a democracia ser,
menino para exercer
o que de profeta é doce-amargo,
mais um homem,
com o nome
de Jackson.

Sinos de São Benedito vibram,
tocam águas do Mearim
que batizam Jackson
com uma fita de azul por destino,
do caminhar com bandeira aos rubros
do azul céu que Sousândrade pôs, ângulo,
de um querer sem fim
da republicana graça
d' Harpas a se ouvir, ouvir,
no repicar dos Sinos!

O' Mearim, de tuas margens,
rosa socialista deu-se
este Maranhão imenso
vermelho-branco-azul sonho
amor por que vive Jackson!

Raimundo Carneiro Corrêa

domingo, 27 de outubro de 2013

Carta à revista Isto É

À REVISTA ISTO É
(A/C do Editor Responsável),

Após leitura da matéria "O desespero do clã Sarney - Sob o risco de perder o poder no Maranhão pela primeira vez em quase meio século, a família do ex-presidente lança campanha predatória contra o principal candidato da oposição", assinada pelo jornalista Claudio Dantas Sequeira, na edição 2293, 25/10/2013, a qual demonstra erros grosseiros a respeito da história maranhense, motivei-me a escrever o que se segue:

Com relação à recente história política-eleitoral maranhense, não é a primeira vez, como afirma a matéria, que o grupo Sarney corre risco de perder o poder no Maranhão.

A bem da verdade, isto já aconteceu no dia 29/10/2006 com a vitória de Jackson Lago, fato que completará 7 anos na próxima terça-feira, e que foi relatado, inclusive, pela própria revista Isto É na época. Vale lembrar, também, que o grupo Sarney jamais aceitou a derrota eleitoral, pois entrou com  processo jurídico de cassação de expedição do diploma de governador diretamente no TSE que, por sua vez, cassou o mandato legítimo do governador aos dois anos, três meses e dezessete dias, o que ficou conhecido como uma das páginas mais tristes da história deste tribunal.

Igualmente, é importante lembrar que o grupo Sarney já enfrentou dificuldades, riscos de perder eleições e, pasmem, até venceu com suspeitos resultados eleitorais e/ou manobras de tapetão no judiciário.

Em 1990, o candidato oposicionista João Castelo (PDS) venceu o primeiro turno com 595.392 votos (36,3%) contra Edson Lobão (PFL) - 459.542 votos (28,3%) e Conceição Andrade (PSB) - 246.468 votos (16,2%), mas perdeu no segundo turno para o então candidato do grupo Sarney, Edson Lobão (PFL) por 101.107 votos (diferença de 7%);

Em 1994, os candidatos oposicionistas Epitácio Cafeteira (PPR) - 353.002 votos (30,79%) e Jackson Lago (PDT) - 231. 528 votos (20,19%) levaram a eleição para o segundo turno disputado por Roseana Sarney (PFL) e Cafeteira (PPR) que, suspeitamente, perdeu por 18.060 votos (1,22%), após 6 horas de apagão das luzes no TRE maranhense.

Detalhe: antes da escuridão o candidato oposicionista estava na frente!

Em 1998, a candidata Roseana Sarney (PFL) deu um passeio na sua reeleição, ou seja, venceu com 66,01% dos votos derrotando Cafeteira (PPR) - 26,35% e Domingos Dutra (PT) - 6,40%;

Em 2002, o candidato do grupo Sarney, Zé Reinaldo Tavares (PFL) obteve 1.076.893 votos (48,4%). Os oposicionistas Jackson Lago (PDT) - 896.930 votos (40,3%) e Raimundo Monteiro (PT) - 127.082 votos (6,03%) no primeiro turno.

Detalhe: o candidato com discurso oposicionista (?) Ricardo Murad (PSB) obteve 114.640 (5,70%). Mas a sua candidatura foi anulada pelo TRE-MA, que antes a havia autorizado, configurando uma das manobras mais estranhas daquela eleição, impedindo a realização do segundo turno.

Ressalto que nas eleições citadas participaram as candidaturas do PSTU (1994, 1998, 2002, 2006) e PV (1998) que, apesar de não atingirem 1% dos votos, igualmente deram suas contribuições ao pleito eleitoral.

Portanto, muita coisa aconteceu na história política-eleitoral maranhense que não pode ser esquecida, apesar de que alguns dos velhos protagonistas não fazem questão de lembrar, bem como muitos dos novos protagonistas fazem questão de contar a (es)história a partir deles em grande desrespeito a todos.

Atenciosamente e à disposição,

Igor Lago, médico, filho do ex-governador Jackson Lago.

São Luis, 27/10/13

DIVÃ MARANHENSE 6

(Ou a informação mal tratada, mal usada e/ou abusada)

O modus operandi, ou seja, "o modo de operação " dos dois atuais principais grupos protagonistas da política maranhense é idêntico. Não há uma diferença, sequer pequena, por mais que nos esforçamos em procurar.

O grupo dominante possui um império formado por televisão, rádios e jornal. Além dos seus principais meios, conta com uma rede de "blogs" a divulgar a mesma linha editorial política.

O outro grupo, conta com a simpatia de alguns meios de comunicação como televisão, rádios e jornais, especialmente o famoso Jornal Pequeno, além de uma rede de "blogs" que, no presente ano, aumentou muito em seu número.

Agora mesmo, divulga-se aos quatro cantos da mídia local uma matéria mal feita e com erros grosseiros sobre a política maranhense numa revista nacional de não muito boa reputação (já a conhecemos de 1994 quando o sarneyísmo divulgava a mesma revista com matérias atingindo o então candidato oposicionista Epitácio Cafeteira).

O hilário é que, agora, ocorre justamente o contrário e, como já dissemos, de qualidade questionável, porque começa e termina errando nas primeira e última frases, quando desconhece que o grupo dominante já passou por apertos e desesperos em 1990, 1994, 2002 e, (alguém precisa informar ao autor da matéria ou ao editor da famosa revista) foi derrotado em 2006!

Mas, o mais interessante é que na sua parte final revela o que temos procurado divulgar nesses textos titulados Divã maranhense: a ambiguidade do candidato do grupo dos dissidentes em relação à eleição presidencial, as semelhanças entre este e o grupo dominante, os métodos de fazer a política. E, não devemos esquecer, ambos são da base governista federal e querem tirar os louros da máquina, dos seus programas assistencialistas, etc.

Eis a preciosidade: "Sarney ameaçou sabotar o palanque de Dilma em vários Estados e agora negocia uma solução para o imbróglio. Na quinta-feira, arquitetou-se em Brasília um plano para um acordo capaz de agradar às duas partes. O vice-governador de Estado, Washington Luiz de Oliveira, do PT, trocaria o governo por um assento vitalício no Tribunal de Contas. Assim, Roseana poderia se licenciar para concorrer ao Senado sem o risco de um petista assumir o governo e virar a máquina estadual contra o PMDB. O Palácio do Planalto apoiaria Roseana e tentaria interditar o palanque estadual para Eduardo Campos. O problema é que o PSB de Campos é aliado tradicional do PCdoB e Dino já se comprometeu com o socialista. “Podemos abrir o palanque para todos os aliados que tiverem candidatos à Presidência, inclusive o PT”, diz Dino. A batalha, como se vê, exige uma complexa engenharia política. "

Como? Li direito? Entendi? É mais um erro do jornalista? Estão conchavando um acordão? Flávio governador e Roseana senadora em nome do Brasil e do Maranhão? O presidente da autarquia federal Embratur, cargo de confiança da presidente Dilma (PT), já se comprometeu com o candidato oposicionista Eduardo Campos (PSB)? E o Aécio Neves? Já recebeu o convite para subir no palanque da mudança? Deixará seu PSDB ser apenas um coadjuvante menor nisso tudo?

Desconfio que estas notícias tenham alguma relação com o processo de eleição interna do PT, partido de vários grupos e várias frentes, que vive um processo de disputa que resultará na sua decisão eleitoral para 2014,  e que poderá criar mais problemas ou soluções para o PT nacional, quer dizer, Lula e Dilma.

Bom, nós humildes espectadores, podemos dizer: "Eles que são brancos que se entendam!"

Creio que o Divã está esquentando. Isto significa mais trabalho para Freud e os psicanalistas, ou melhor, para os politiqueiros e a politicalha.

Igor Lago

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

DIVÃ MARANHENSE 5

As mais recentes pesquisas eleitorais (incluindo a divulgada hoje pelo IBOPE) mostram uma recuperação parcial da presidente Dilma após as manifestações de junho.

Apesar de não ter feito nada, absolutamente nada (exceto muito marketing e uso e abuso de sua presença na mídia) em resposta às causas que motivaram aquelas, os seus índices de intenção de votos melhoraram nas pesquisas, mas sem chegar ao patamar anterior que garantia a tranquila reeleição.

Isto prolonga a sessão no divã maranhense dos grupos sarneyístas e os seus dissidentes. A rigor, como se trata de Maranhão, ambos os grupos querem o mel, isto é, o peso do oficialismo federal.

Fortalecido pelo Bolsa Família e outros programas como o Minha Casa e, agora, o Mais Médicos, o assistencialismo, como sempre, poderá alcançar mais da metade do eleitorado maranhense. Quem estiver patrocinado por este leva as vantagens eleitorais e, principalmente, o voto.

Daí a luta a foice e martelo entre estes dois grupos, ambos da base aliada do governo federal, que querem o mel, os louros e outras coisinhas a mais.

O grupo dos dissidentes do sarneyísmo, representado pelos senhores Zé Reinaldo e Flávio Dino, está fazendo de tudo para obter esse apoio, que considera a extrema benção ( uma verdadeira nomeação) para as eleições. E fica a ludibriar os partidários dos presidenciáveis oposicionistas Aécio Neves(PSDB) e Eduardo Campos(PSB-REDE).

Assim, pensa em ter todos os palanques, o oficialista e o dos oposicionistas, com o único objetivo de desestimular qualquer outra candidatura oposicionista a governador que só tem a contribuir para o debate.

E, como esta possibilidade se torna cada vez mais real, apelam para todo tipo de pressão, de inibição, de promessas de formação de chapas proporcionais vantajosas, etc.

Em quem esse grupo votará? - O seu João e a dona Maria sabem tanto quanto nós: Na Dilma! Alguém duvida?

Mas, em compensação, prometem oferecer o palanque, timidamente, aos outros presidenciáveis, caso estes venham na campanha eleitoral.

Resta saber se aceitarão exercer o papel de enganados?

Nós, eleitores livres e independentes desse oficialismo, não podemos permanecer assistindo ao divã.

Temos de levantar as bandeiras da verdadeira mudança no Maranhão e no Brasil.

Igor Lago

DIVÃ MARANHENSE 4

Se Sigmund Freud ressuscitasse e fosse chamado a comentar o quadro político e eleitoral maranhense, talvez diria a um pré-candidato a governador:

"Quem quer ter muitas namoradas, acaba ficando sem nenhuma!";

Se Lavrently Beria ressuscitasse e fosse chamado a comentar o quadro midiático ludovicense, talvez diria a um tarefeiro que cultiva a personalidade de seu chefe:

"Tudo tem um limite. Stálin se foi em março de 1953, eu, em dezembro do mesmo ano!".

É impressionante. Parece que a esperteza é a maior das virtudes (se é que se pode considerá-la assim!) dos novos protagonistas de uma certa oposição maranhense.

Os dissidentes do sarneyísmo creem na possibilidade de ter todos os palanques presidenciáveis no Maranhão.

De Lula-Dilma, Campos-Marina e Aécio-Serra e, se der, até os do PSOL, PSTU e PCB.

Assim, não sobrará nem para o sarneyísmo...

Isto, em jogo, chama-se W.O. ou walkover, a vitória fácil, na qual um dos competidores não pode competir.

Mas, a política não é jogo, apesar de estar muito parecida ou pior que muitos jogos que vemos por aí.

E, quando a coisa parece sair de controle, se revelam piores que aqueles que combatem.

É o que estamos assistindo por nossas plagas tupiniquins e midiáticas.

sábado, 12 de outubro de 2013

ENTREVISTA DE IGOR LAGO A ROBERT LOBATO

Como está a sua vida profissional? O senhor ainda está em São Paulo?

Desde julho de 2006 trabalho aqui no Maranhão, 1 semana por mês, e, em Ribeirão Preto - SP, as outras 3 semanas.Mantenho vínculo profissional por concurso no Hospital Dutra - UFMA (atualmente licenciado) e, em Imperatriz, atuo no Hospital São Rafael, onde ajudei a criar um serviço de hemodinâmica.Também sou médico concursado do serviço de hemodinâmica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP desde junho de 2009, e faço consultório como clínico geral e cardiologista. Estudei Medicina em Cuba entre 1986 e 1992, revalidei o diploma pela UFMA em março de 1994. Fiz a pós-graduação entre 1995 e 2003 (residência em Clínica Médica e especializações em Cardiologia, Cardiologia-UTI e, por último, Hemodinâmica), por meio de concurso e/ou processos seletivos em hospitais públicos (Hospital Ipiranga, Hospital São Paulo e Instituto Dante Pazzanese) da cidade de São Paulo. Nesse período trabalhei como plantonista de Clínica Médica em Osasco durante 4 anos e, também, em São Paulo, no Pronto Socorro e na UTI do Hospital Ipiranga, como médico concursado entre 1996 e 2003. Vim para São Luis em janeiro de 2003, trabalhei na Clínica Procárdio e no Hospital Dutra, até dezembro de 2004, quando me mudei para Ribeirão Preto por razões familiares.


O fato de ser filho de médico influenciou na escolha da profissão?

Creio que sim. Eu vivia uma dúvida vocacional como a maioria dos jovens adolescentes. Fiz um único vestibular na UFMA, para medicina, passei para a segunda fase, mas não me classifiquei na fase final. Aí, começei a fazer cursinho, estava propenso a fazer Direito e, nesse período, surgiu a possibilidade de estudar medicina em Cuba.


O que fez o senhor ir trabalhar em outro estado ao invés de ficar no Maranhão?

Tenho dois filhos que tiveram problemas graves de alergia alimentar. Isto acabou nos levando para Ribeirão Preto, terra da minha esposa. Queríamos experimentar a adaptação deles a uma cidade de clima menos úmido. E, graças a Deus, deu certo.


Há planos de voltar ao Maranhão em definitivo?

Não.  Pretendo continuar com a minha atual rotina, lá e cá, apesar de cansativa.


Dr. Igor, o senhor é criticado por ter ficado muito tempo ausente do Maranhão, inclusive das lutas políticas no estado. Como o senhor encara estas críticas?

Encaro com muita naturalidade porque estudei a graduação e a pós-graduação fora. Aos 15 anos fiz intercâmbio de um ano nos EUA. Voltei e, um ano depois, fui para Cuba e fiquei seis anos. Voltei e, um ano depois, já estava em São Paulo, cidade querida que me acolheu por quase dez anos. Voltei a morar aqui nos anos 2003 e 2004. Desde dezembro de 2004 vivo em Ribeirão Preto.

Quanto à política, a gente dá a nossa contribuição onde estamos, de acordo com as possibilidades e circunstâncias. Desde cedo, ainda garoto, vivi a política em casa. Lembro das conversas; das campanhas de 1976, em Bacabal, e a de 1978, quando papai concorreu a deputado federal pelo MDB; da acolhida em casa de líderes estudantis da greve de 1979; da campanha pela Anistia; da campanha contra a instalação da Alcoa na Ilha de São Luis (Me faz lembrar o Policarpo!); da criação da Juventude Trabalhista liderada pelos irmãos Eduardo e Ricardo Telles e outros; Adolescente, da nossa discreta participação no movimento estudantil do Colégio Marista; das andanças com papai e outros pelas periferias de São Luis e interior do estado; da campanha das Diretas Já, das eleições de 1982 e de 1985, quando fazíamos a "operação formiga" e do início da campanha de 1986.

No exterior, acompanhava atentamente a Assembléia Constituinte, as eleições de 1988 e 1989, quando votei, pela primeira vez, no Brizola (10 turno) e Lula (20 turno) na Embaixada do Brasil em Havana. Em 1990, nas férias, viajei com papai em algumas atividades da campanha eleitoral. Em 1992, já de volta, acompanhei as discussões da campanha para prefeito de São Luis. Em 1994, acompanhei e participei de alguns eventos iniciais da sua primeira campanha ao governo. Em São Paulo, quando podia, ia a alguns atos do então candidato Mário Covas nas campanhas de 1994 e 1998.

Apesar dos compromissos da pósgraduação vim nas últimas semanas das campanhas de 1996, 2000 e 2002. Em 2006, vim na última semana de cada turno. Em 2008 e 2009, vivi intensamente todo aquele processo de cassação, vindo sempre a São Luis. Em 2010, participei de muitas atividades de campanha com papai no interior do estado, especialmente na região tocantina, e algumas em São Luis, como as caminhadas no Coroadinho, Liberdade…Mas é preciso dizer que a luta política não é só eleição, é exercer a cidadania o tempo todo onde você estiver.



E quanto a não ter tido maior presença no governo do Dr. Jackson Lago, o senhor se arrepende de alguma forma em ter ficado de longe?

Nenhum arrependimento. Não fazia parte de seu governo. Não tinha cargos, não transitava nas repartições públicas, nem tinha relação com secretários. Torcia, acompanhava, conversava, sugeria algo a ele quando tinha oportunidade somente.

O senhor costumava expressar várias críticas a setores do governo Jackson Lago. O que de fato fez com que o governo não fosse tão bom como se esperava?

Nunca expressei, publicamente, críticas a setores ou pessoas que faziam parte do governo Jackson Lago no seu período. Quando tomava conhecimento de algo negativo, seja político ou administrativo, procurava informá-lo. Aos mais próximos, podia comentar algum fato, atitude, detalhe, etc.

Quanto ao mérito de ter sido bom ou não, creio que houve escolhas muito ruins, que fizeram a mesmice que estamos acostumados a assistir e prejudicaram muito o governo, danificaram sua imagem, ... Mas não deixaram o governador completar o seu mandato e, assim, poder ser julgado nas urnas em 2010. Diria que foi o governo mais combatido e sabotado na história do Maranhão.


O senhor acha que o Jackson ficou isolado no seu próprio governo?

Ele assumiu o governo aos 72 anos. Estava bem de saúde. A meados de 2007 soube da recidiva do câncer. Iniciou o tratamento e trabalhou como ninguém em seu governo. Mantinha uma rotina de trabalho excessiva, acordava às 6horas e só dormia, com remédio, meia noite, uma hora da manhã. Creio que não fez boas escolhas para algumas áreas, confiou demais em quem não devia. E, assim, alguns problemas vieram à tona. Só foi saber de muitas coisas somente depois, muito depois. Foi, muitas vezes, mal aconselhado. Era um homem trabalhador, mas tinha os seus defeitos, dentre os quais, o de confiar, plenamente, nas pessoas, como se tivessem a sua mesma natureza e os mesmos propósitos. Na administração isto pode ser muito prejudicial.


O senhor costumava  aconselhar o governador?

Não, muito pouco. Mas, sempre que tinha oportunidade, procurava lhe repassar alguma informação que nos chegava. Lembro que, dentro das poucas sugestões que lhe fiz, no dia 31/01/2007, um mês de governo, foi a de criar um conselho de desenvolvimento econômico para que os secretários de Planejamento e da Fazenda dessem, periodicamente, satisfação ao mesmo. Assim, o governador teria a oportunidade de ouvir diferentes opiniões e não somente, a dos respectivos secretários dessas duas áreas de extrema importância para toda a administração pública. Infelizmente, isto não veio a acontecer.


Como o senhor encarou aquele impasse da greve dos professores e dos policiais?

Como graves e desnecessários. Havia razões para as mesmas, mas muita motivação política também. E, ao mesmo tempo, uma vulnerabilidade do governo provocada por atitudes intransigentes de alguns de seus próprios membros. Esses episódios revelaram que o governo era plural, heterogêneo, de disputas por espaços internos por influência entre alguns de seus principais secretários. Isto acabou prejudicando muito o governo e a imagem do governador. Quando se chegava a um acordo, este não era cumprido por diferenças, por exemplo, entre o secretário da Casa Civil, que negociava e tentava dar solução aos problemas, e o do Planejamento, que hesitava em cumprir o acordo. E o império das comunicações do Sarney deitava e rolava...


O senhor diria que o governador foi traído por membros do próprio governo?

O nosso atraso político, cultural, social e econômico envolve a todos nós. Muitos, quando adquirem um cargo, se transformam. As ambições, as vaidades, a ganância por mais poder faz com que muitos esqueçam que se trata de um cargo público, de confiança, de nomeação temporária para servir à população. Acredito que um gestor, quando dá determinada orientação para que o seu secretário ou assessor execute, e este não cumpre, ou faz de forma diferente, sem justificar ou informar àquele, sim, há uma quebra de confiança, de lealdade. Muitos cuidaram somente de si e de seus interesses eleitorais e políticos em detrimento do próprio governo. O que ficávamos sabendo de coisas desse tipo, principalmente depois, é muito triste e revoltante. É preciso lembrar que o Jackson sempre foi muito bem votado em São Luis para governador. Em 1994, obtêve 40%; em 2002, 53%; em 2006, 55% no primeiro turno e 65% no segundo turno. Mas, em 2010, apenas 15%! Para mim, este resultado foi dado pelo desgaste de seu governo provocado pelas atitudes equivocadas de alguns de seus secretários. A sua imagem foi descontruída em São Luis.  E concordo que não foi somente por causa da exploração, por parte dos adversários, da situação jurídica de sua candidatura.


O senhor concorda que eventuais erros do governo contribuiu para a cassação de Jackson Lago?

Não. O governo Jackson Lago não foi cassado por seus erros ou acertos. O governo Jackson representava um grande problema para o establishment político federal. A figura política mais importante, depois do presidente da República, estava derrotada em seu próprio estado. O seu desprestígio nacional estava claro, evidente, nítido para qualquer um constatar. Era (e continua sendo!) quem dava todo o suporte fundamental a este modelo político estabelecido no país, baseado no carisma de um líder populista que atrelou o estado ao seu partido, mumificou os movimentos sociais, as entidades estudantis e sindicais, associado às oligarquias financeiras e políticas.

A governabilidade desenhada por Lula e José Dirceu, ídolos de certos segmentos de nossa oposição, estava numa situação costrangedora: Jackson Lago no poder estadual representava um desprestígio ao cidadão incomum.

Era necessário entregar o Palácio dos Leões à filha derrotada nas urnas, mesmo que pela via judiciária.


O senhor considera que foi um acerto a candidatura de Jackson Lago em 2010 ou ele poderia, por exemplo, ser candidato a senador?

Ele não tinha motivos para se candidatar a senador ou a qualquer outro cargo. A sua cabeça estava completamente voltada para a candidatura de governador. Queria o seu mandato de volta para continuar a sua obra. Antes de tomar a decisão de tentar viabilizar a sua candidatura, conversou muito com o seu médico, que lhe disse que poderia fazer as suas atividades políticas, que cada um tinha a sua evolução, o seu tempo de doença, etc. Estava disposto a sair candidato sozinho pelo PDT. Entendia que era a sua derradeira missão.


O senhor é um duro crítico da postura do presidente da Embratur, Flávio Dino, em relação às eleições de 2010. O senhor diria que foi desleal na disputa?

Creio que não sou o único a pensar assim. Muitos maranhenses foram testemunhas das falas e insinuações  dos candidatos a governador Flávio Dino, e a senador, José Reinaldo, em relação à candidatura Jackson Lago. A ambição era e é tão grande que nem respeitaram a biografia de um lutador social, num momento difícil de sua vida. Combateram-no o tempo todo, maltrataram a sua candidatura até o dia da eleição. Foi o vale-tudo! E fizeram tanto mal à candidatura Jackson que acabaram com a possibilidade de segundo turno previsto desde o início da campanha. O hilário, para não dizer quão triste, é que eles e a "classe política", agora, tentam até desmentir, apagar essas atitudes reprováveis. Os interesses antes de tudo! E olha que tinham um candidato a senador que, este sim, realmente, estava impedido de ser candidato, obteve pouco mais de 200.000 votos que, logicamente, foram invalidados. E ficaram quietos, na surdina mantiveram a candidatura deste para que os outros candidatos a senador não recebessem esses votos.


Como o senhor vê a candidatura de Flávio Dino ao governo? O senhor concorda com a ideia de que ele representa atualmente os mesmos valores e sentimentos mudancistas que um dia foi representado por Dr. Jackson Lago?

O Maranhão sempre se caracterizou por ser um estado onde as forças que alcançam o poder conseguem, com certa facilidade, mantê-lo por muito tempo. Lembra do Urbano Santos? Benedito Leite? Vitorino Freire? Essa tradição causa uma forte divisão na sociedade. O sarneyísmo, que já dura quase 50 anos, com raros intervalos, reforça essa tradição. Mas, o que não podemos deixar de reconhecer é que existem diferenças dentro do grupo dominante e dentro das  oposições. 

São trajetórias muito diferentes. Não tem os mesmos valores, nem os mesmos sentimentos. Um, goste-se mais ou menos, era líder popular e democrático, formado na luta social. O outro, eleito pelo cabresto, pela  caneta, pela máquina do então governador Zé Reinaldo. E o que fez como deputado? Ficou a serviço das corporações jurídicas, nada mais. E têve um papel lamentável naquele episódio da "reforminha eleitoral", da janela da fidelidade e da polêmica regulação da internet.  Não denunciou o sarneyísmo e os indicadores sociais. Chega a nos fazer pensar que descobriu a miséria maranhense somente agora... É preciso lembrar que foi candidato a prefeito de São Luis com o apoio do grupo Sarney em 2008, como já tentara ser em 2004. E o que faz após perder a eleição apesar do apoio das máquinas federal, parte da estadual e municipal, além do apoio dos Sarneys? Não reconhece a derrota e entra com processo de cassação  do mandato do vencedor.

E, já que é da área jurídica, como se comportou, politicamente, durante o processo de cassação do mandato do governador? Fora o episódio que atuou em benefício próprio e de seu aliado de Caxias, nada. Zero. Nulo. Foi um deputado omisso, não deu uma declaração pública, não fez um único discurso de um minuto sequer na Câmara dos Deputados para denunciar aquela violência contra a democracia, contra o governador eleito legitimamente...Não escreveu uma linha nos seus artigos de quarta-feira no prestigiado Jornal Pequeno. Onde estava? Que fazia? Sonhava em ser apenas o pós-sarney como ele mesmo já disse? Ou se contentou em ser, apenas, o deputado federal do Lula e do José Dirceu no Maranhão, em vincular-se às realizações do governo federal e não atritar-se com o grupo dominante. São questões pertinentes. Representante do segmento de oposição dissidente do sarneyísmo, Flávio está candidato sozinho desde as últimas eleições.

Outros nomes, que poderiam se apresentar, não foram em frente. E os que tentam se apresentar, enfrentam enormes dificuldades, são desestimulados e ignorados pela mídia atrelada a este segmento. Agora mesmo, estamos assistindo a pressão deste segmento sobre a deputada Eliziane Gama para que desista e, assim, fiquem sozinhos a receber o voto dos oposicionistas maranhenses. Mas vejo um espaço enorme para o surgimento de outra candidatura oposicionista, com um perfil mais democrático, popular e sem cumplicidades com a velha política, com o vale tudo, com a lógica de que os meios justificam os fins, com certas companhias, …


Foi difícil sair do PDT?

Foi difícil suportar a sua degeneração, a sua vulgarização, a sua desfiguração, as agressões, a vilania, o cinismo. Sabíamos que o PDT nacional já tinha sido tomado por dois senhores que cuidavam de manter o controle cartorial a todo custo. Lembro que papai dizia: Este partido acabou! Esse pessoal não gostava do Jackson porque este representava uma ameaça constante. O Jackson não se envolvia com os destinos nacionais do partido. Dedicou-se, integralmente, à luta maranhense. Quando atuou, por necessidade, em 2006, foi contra a opção de candidatura própria para presidente porque esta prejudicava o partido em vários estados (inclusive no Maranhão). E quase derrota o Lupi e o Manoel Dias, que queriam impor a candidatura do Cristovam Buarque sem discussão, sem debate, de cima pra baixo. Papai, recém operado, foi ao Rio e quase derruba a tese deles, por 2 ou 3 votos.  Então, atuaram, sutilmente, desde essa época, para que o Jackson fosse perdendo o controle do partido aqui. Mantiveram o partido em comissão provisória, alguém sugeriu ao Jackson que aceitasse, para não entrar em conflito com a direção nacional. Após as eleições de 2010, houve uma movimentação no sentido de diminuir a sua influência. Portanto, sabíamos de todas as dificuldades, só não tinha ideia da fraqueza de muitos que, inicialmente, estavam ao nosso lado mas, de pouco a pouco, com os acontecimentos provocados pela crise no Ministério do Trabalho e o nosso posicionamento, com o aproximar das eleições municipais, com a perspectiva eleitoral de 2014 e os interesses pessoais em jogo, o desfecho nacional do PDT, acabaram levando a esta situação que classifico de resignação a essa decadente realidade partidária. Fizeram uma convenção aqui no Maranhão da unidade que celebrou o entreguismo, à aceitação ao que há de pior em pleno apogeu de um novo escândalo no próprio Ministério do Trabalho protagonizado pelas mesmas figuras que desfiguraram o PDT. E mentindo, usando de má-fé aos companheiros, que fariam um convenção que daria uma direção dividida meio a meio(sic!). Que nada, ficaram com o carguinho de vice-presidente porque, o que lhes interessa, é o arranjo para as eleições, a possibilidade de eleições para deputado e a disputada barganha da candidatura de vice-governador de quem apunhalou o candidato do PDT nas últimas eleições, etc.

Fiz tudo o que estava ao meu alcance para evitar a perda do partido. Mantive as minhas posições e, a decisão de sair, foi surgindo naturalmente, como seguir o caminho da coerência com as posições tomadas desde o início. Para mim o PDT é passado. Não tem mais nada a ver com a sua história. É um aglomerado de interesses pessoais que se digladiam, que tentam passar a perna um no outro, etc. Um partido que trai a sua história não tem futuro, pelo menos, digno.


Não era previsível uma crise do PDT após o falecimento do Dr. Jackson Lago?

Sim. O PDT, em determinado momento, perdeu o rumo, desviou-se, foi para caminhos diferentes. Os longos anos de prefeitura e, até mesmo, o pouco tempo de governo estadual contribuíram para isto. Acredito que, mesmo com papai vivo, mas com menos influência política pela idade, pelos problemas de saúde e pela falta de perspectiva de poder, muitas coisas que enfrentamos viriam à tona.

Ele teria de enfrentar, porque, a rigor, o que estava em jogo era a submissão do partido à politicalha, ao interesse de controle cartorial, ao interesse de se fazer tudo por um mandato, mesmo que implique na adesão inquestionável a outro projeto de poder de natureza diferente e, pasme, protagonizado por aqueles que mais contribuíram para o resultado eleitoral desfavorável da última eleição.


O senhor acaba de optar por se filiar ao PPS depois que o Rede Sustentabilidade, da Marina Silva, não conseguiu registro no TSE. O PPS terá mesmo candidatura própria ao governo ou poderá ocupar a vaga de vice na chapa da oposição ou mesmo do governo?

Depois de 4 meses de reflexão, do andamento dado no Maranhão à Rede, e o seu desfecho ruim, optei pela filiação ao PPS. Confesso que, muitas vezes, passou pela minha cabeça a ideia de nem me filiar. Há várias formas de contribuir politicamente. Uma delas, como simples cidadão,  avulsamente, sem partido, levantar o debate, tentar enriquecer a discussão para a reformulação da  política, não só no discurso, mas, principalmente, na prática. Mas, a gente tem um sentimento, uma certa responsabilidade política. Daí, a minha filiação. Agradeço o convite e a acolhida no PPS, especialmente à deputada estadual Eliziane Gama. Como disse no ato de filiação, serei apenas um membro a serviço do partido e da refundação da política.  Torço para que o PPS persista na ideia da candidatura própria ao governo, se viabilize e ande pelo estado a conquistar o voto desses maranhenses que não se identificam com nenhuma das duas candidaturas já postas.


O senhor faria campanha ou pediria voto para o candidato comunista num eventual segundo turno das eleições de 2014?

Primeiro, temos de saber se haverá segundo turno. Segundo, quem irá. Insisto que um terceiro nome, de credibilidade, que consiga viabilizar a sua candidatura, tem condições reais de crescer e disputar a ida para o segundo turno. Sou um humilde eleitor de um voto. É assim que me vejo e creio ser assim que me consideram. Sou de tradição oposicionista, pela alternância de poder. Mas precisamos ver como se dará a campanha eleitoral, os programas, os compromissos.


Qual a sua avaliação da administração do prefeito Edivaldo Júnior?

Creio que são os primeiros 9 meses mais frustrantes de uma administração em São Luis. A chamada mudança, a tão propagada renovação, parece ainda não ter começado. E estamos assistindo a algo inédito, a saúde de São Luis ser gerida, literalmente, por uma empresa. Privatizaram, sem nenhum pudor, a saúde municipal.


Como o senhor vê a candidatura de Luis Fernando?

Não o conheço pessoalmente. Vejo que ainda precisa andar muito pelo estado para ser conhecido. Terá que superar o desgaste histórico e crescente do grupo com muita desenvoltura pessoal.


O senhor aceitaria ser candidato a governador pelo PPS, caso Eliziane Gama desistisse da candidatura dela?

Sou apenas um novo filiado ao PPS. Torço e ajudarei, dentro das minhas limitadas possibilidades, para que a deputada estadual Eliziane Gama continue com a determinação de apresentar o seu nome ao governo, que consiga viabilizar-se junto a outras forças políticas. Há um imenso eleitorado ansioso por outra opção, especialmente aquele que votava no Jackson. 


Qual o grande legado deixado por Jackson Lago?

A de um cidadão que se dedicou à causa pública, ao coletivo.


Deixe a sua mensagem para os leitores.

Espero ter respondido, de forma satisfatória, às suas perguntas e correspondido aos seus leitores. Agradeço a oportunidade de participar do seu prestigiado blogue. Abraço a todos!


ENTREVISTA FEITA POR EMAIL EM 10/10/2013

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

DECISÃO DE FILIAÇÃO PARTIDÁRIA

Optamos pela filiação ao PPS, que ocorrerá às 17 horas, na sua sede, na rua do Egito, esquina com Av. Beira Mar.

Outro(a)s companheiro(a)s seguirão o mesmo caminho, após a necessária e providencial reflexão.

Seguiremos, dentro das nossas limitações, nos pautando pela renovação e reformulação da política no discurso e na prática.

É a nossa contribuição como simples cidadão.

Igor Lago

São Luis, 04/10/2013

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

DIVÃ MARANHENSE 3

Nova pesquisa presidencial Ibope mostra recuperação da presidente Dilma em comparação à pesquisa de julho:

Dilma alcança 37-38% versus 32-31%, a soma dos demais candidatos oposicionistas.

30-31% dos pesquisados ainda não tem candidato.

E as forças políticas maranhenses?

Permanecerão no divã?

Refiro-me, especificamente, às que pertencem ao grupo dominante, o sarneyísmo, e às que pertencem ao grupo dissidente deste, o sarneyísmo sem bigode, representado pelos senhores Zé Reinaldo Tavares e Flávio Dino.

No Maranhão, nas últimas eleições, Lula e Dilma tiveram 70-80% dos votos, o que mostra a força do oficialismo federal no nosso atrasado e empobrecido estado  que é influenciado por programas assistencialistas, como o Bolsa Família.

Qual deles vai querer se desprender do oficialismo federal?

Os dois querem os mimos de campanha eleitoral mas, qual será o preferido e qual será o preterido?

Para aqueles que, como eu, torcem por uma mudança de ciclo político nacional, por achar que esse modelo já esgotou-se por si mesmo, além de vulgarizar as nossas instituições e proporcionar o aumento da corrupção, corroendo, assim, a nossa democracia (lembremos o Mensalão que, por sinal, estas duas forças jamais se manifestam e opinam, pelo menos, publicamente), 2014 será a mãe de todas as batalhas pela democracia brasileira, nessa fase da República.

Valerá a pena participar!

MARANHÃO 3

Parece evidente o rompimento da chamada “camisa-de-força” que um segmento da oposição quer submeter aos demais.

A deputada estadual Eliziane Gama (PPS), além de fazer um bom segundo mandato no legislativo maranhense, em pouco tempo, conseguiu apoios importantes no eleitorado evangélico, avançou nas conversas com outras lideranças políticas do estado, a exemplo do PSDB e, segundo as últimas pesquisas publicadas e não publicadas, já está empatada, tecnicamente, no primeiro lugar em São Luis.

Um detalhe: tem 1/3 da rejeição do candidato da camisa-de-força!

Como escrevi em texto anterior, o Maranhão precisa do debate e, não, da imposição de candidaturas. Só assim, saberemos quem é quem.

Vejamos o que está sucedendo na nossa capital. Fizeram uma campanha eleitoral rica e pujante divulgando a ideia da renovação e da mudança (e quem não quer isso?).

E o que está acontecendo? Uma das maiores frustrações administrativas em 9 meses. Os episódios ocorridos até agora, são, no mínimo, decepcionantes para quem desejava representar o “novo”. Até a saúde estão tratando como um negócio!

Para enriquecer ainda mais o debate, falta o surgimento de outra(s) candidatura(s), que represente(m) o PSOL, PSTU e PCB que, certamente, irão apresentar o(s) seu(s) candidato(s).

Mas, além das candidaturas a governador, para evitar uma possível decepção com a candidatura que se pretende impor, e que já começa a dar sinais de fragilidade,  é necessário um despertar entre as oposições: A candidatura única ao senado. Por quê? Por uma questão muito simples: Só haverá uma vaga a ser decidida num único turno!

Seja qual for o nome escolhido, este deve assumir um compromisso de campanha: o de estar presente no palanque de todos os candidatos a governador e, se possível, de forma equitativa.

Os ventos são bons e, os tempos, alvissareiros.

Igor Lago

sábado, 21 de setembro de 2013

PDT NA LAMA

Depois de fazer todos os esforços para que o PDT do Maranhão fosse respeitado pela Executiva Nacional (leia-se Carlos Lupi e Manoel Dias, pois são os dois que tocam o partido e decidem tudo); depois de solicitar todas as reparações garantidas pelo Estatuto e que não foram sequer acusadas de recebimento; depois de tentar criar com outros companheiros um movimento nacional que enfrentasse a atual direção e disputasse a convenção nacional, e que acabou sendo proibida a formação da chapa opositora devido à resolução nacional criada por eles mesmos; depois de aguardar o desfecho de algumas ações judiciais que visavam anular a convenção nacional por eles feita em fevereiro último, não nos restou senão a decisão de sair do PDT.

Não tinha como continuar num partido dominado, absolutamente, por esses distintos senhores, e sem vislumbrar mudanças no futuro porque, como já disse, eles tem o controle de tudo e usam o Estatuto partidário a seu bel-prazer. A rigor, um partido que se preze não deveria tê-los em suas fileiras!

Contudo, não liguei ou convidei ninguém para sair do partido e deixei que cada um tomasse a sua decisão livremente.

Considero que o PDT do Maranhão, desde o dia 04 de junho, data da nossa desfiliação e de outros companheiros e companheiras, marca uma linha na história do PDT do Maranhão. Este PDT que aí está é outro!

Aqueles que decidiram por permanecer no partido, sabiam muito bem da situação do mesmo e, pior, optaram por compactuar com essa triste realidade.
Desde cedo, percebi que o que estava em jogo, não era apenas a sobrevivência política de alguns de seus líderes regionais mas, sim, a opção por um futuro que visa os seus interesses próprios, e não os da busca coerente por um papel melhor a desempenhar pelo partido como, por exemplo, a discussão de um plano de governo que os candidatos assumam um compromisso.

Na última reunião em que participei em minha casa com os senhores Chico Leitoa e Deoclides Macedo, na companhia de outros companheiros, desejei-lhes boa sorte.

Além de trabalharem intensamente para convencer muitos pedetistas a permanecerem no PDT, com promessas várias e arranjos de cargos e/ou de benesses em prefeituras amigas, decidiram realizar uma convenção da unidade, da união do PDT, a que fizeram no último sábado 14.

O resultado foi o de uma convenção marcada pela mediocridade, além de uma entrega total ao segmento que tomou o partido com o canetaço do Lupi e do Manoel Dias.

Pior: Se renderam a um cargo, o de vice-presidente da Comissão Executiva estadual, ao contrário do que diziam, que iriam dividir "meio a meio" a direção do partido. Mera ilusão? Ou, apenas, blá-blá-blá para os ouvidos ingênuos?

A festa ainda teve direito à submissão declarada ao projeto pessoal de um segmento da oposição maranhense que em nada se distingue do atual grupo dominante.

A bem da verdade, optaram por realizar a unidade com pessoas que só tem maculado a imagem do partido perante a sociedade, e com o único fim de buscar a realização de seus objetivos eleitorais.

Coincidindo com a concretização de seus conchavos - a convenção, vem à tona mais um escândalo protagonizado pelos distintos senhores com quem aceitaram compactuar, se unir e se render. Em plena convenção, nenhuma fala ou debate ou manifestação de mal estar com o que estava acontecendo.
As ausências de Lupi e Manoel Dias não foram sequer mencionadas e justificadas.

O que importava era a encenação da unidade, em torno de seus interesses pessoais, e utilizar uma sigla histórica relegada à desfiguração do fisiologismo e pragmatismo. Ah! Utilizando a imagem de Jackson Lago.

Não sei se tiveram, tem ou terão sorte, mas creio que as coisas ficaram, ficam e ficarão cada vez mais claras para todos.

Quanto a mim, estou com a consciência tranquila de que cumpri o meu dever e tentei fazer a política que a sociedade espera e cobra, a do P maiúsculo.

Fui derrotado, mas jamais quis ficar no lugar de quem me venceu.

Ainda assim, boa sorte na vida a todos!

Partido é organização de gente a serviço de interesses. Uns nobres, outros menos ou nem tanto, ou algo que não valha a pena se referir!

Igor Lago

domingo, 15 de setembro de 2013

PDT do Lupi e do Manoel Dias

O PDT do Lupi e do Manoel Dias fez a sua pseudoconvenção estadual neste sábado no Maranhão.

Os discursos, vazios, teciam loas a uma unidade em torno de interesses pessoais e eleitorais ligados ao projeto de poder de uma oposição maranhense anti-democrática, liderada pelos senhores Zé Reinaldo e Flávio Dino.

A direção estadual do partido ficou com a turma do Lupi e do Manoel Dias:

Julião Amin, atual superintendente do Ministério do Trabalho e Emprego, continuou na presidência, mas tutelado pelo "menino de ouro" do Lupi e "amigão do peito" do Flávio Dino, o deputado federal Weverton Rocha, que continuou como secretário-geral; e Renato Dionísio, Tesoureiro.

Portanto, tudo como dantes no quartel de Abrantes.

Ah! As anunciadas presenças dos dois donos nacionais do partido foram as grandes ausentes. E, pelo que foi noticiado, ninguém ousou discursar sobre a atual crise no Ministério ocupado pelo partido desde 2007.

Como se vê, a ética, a moral e os bons costumes estão cada vez mais distantes da pauta da política maranhense e brasileira. Depois não querem que o povo saia às ruas...

domingo, 1 de setembro de 2013

MARANHÃO 2

Há mais de um ano escrevemos um texto sobre o nosso estado, no qual fizemos algumas considerações sobre a sua história política e seus diversos atores.

Todos sabemos que o nosso estado é o único que ainda não teve, desde a redemocratização do país, uma alternância política efetiva de poder.

Historicamente, os grupos políticos que chegaram ao Palácio dos Leões, de uma forma ou de outra, se prolongam, se eternizam, se perpetuam e ficam determinando os nossos destinos por 10, 20 ou, como agora, quase 45 anos.

Dizem que aqueles dois leões, que vigiam a entrada principal do Palácio, são os principais responsáveis por essa nossa “ditosa” tradição.

É bem verdade que, ao contrário do que costumamos dizer, ler e escrever sobre o domínio político do grupo atual, houve dois interregnos, a exemplo do período Nunes Freire, em plena Ditadura Militar, que teve sua indicação patrocinada pelo então longevo e ex-mandante local Vitorino Freire que, apesar da derrota eleitoral de 1965, ainda atuava nos cenários políticos estadual e nacional, numa evidente vitória na disputa sobre o seu antigo aliado, José Sarney.

O outro interregno só veio a acontecer em 2006 e, por pouco tempo, 2 anos, 3 meses e 17 dias, o tempo de duração do mandato do governador Jackson Lago. Atenho-me, exclusivamente, à eleição de 1965, às indicações políticas aprovadas pelos militares, formalizadas por meio das eleições indiretas na Assembléia Legislativa, e às candidaturas eleitas dos governadores desde 1982 que, como costumo lembrar, pairam a suspeição da eleição de 1994 e a frustração com o imbróglio jurídico que envolveu o TRE e o TSE, o que evitou o segundo turno em 2002. Das brigas e desentendimentos internos durante os diferentes governos  do grupo dominante - o sarneyísmo-, somente a última lhes resultou prejudicial, a que levou o ex-governador de então a apoiar as oposições em 2006.

A ideia da unidade das oposições não é nova, vem de longe. É muito natural que se pense em união de forças políticas diferentes ou semelhantes, quando se tem um objetivo maior que dirima as suas diferenças. Entretanto, esta nunca foi alcançada num primeiro momento. Em 2006, a unidade das oposições só se deu no segundo turno.

Em 2010, quando havia uma forte razão para que esta acontecesse – a cassação do mandato legítimo de um governador oposicionista -, os interesses de grupo e pessoais prevaleceram e, durante a campanha eleitoral, o comportamento desleal de um setor para com um outro acabou provocando a não realização do segundo turno. Uma oposição desgastou a outra, representada pelo ex-governador Jackson Lago, até o dia da eleição, o que fez com que muitos eleitores deixassem de votar, votassem em branco ou nulo.

Desde 2010, assistimos as ações de um mesmo grupo oposicionista no sentido de hegemonizar-se, a qualquer custo, sobre as demais, e no eleitorado que deseja a alternância política. O seu candidato não parou de fazer campanha eleitoral desde então, o que reflete nas pesquisas patrocinadas pelo mesmo grupo ao qual representa. Não sabemos de programas de governo, de compromissos e ideias concretas para o estado. E tem contado com a ausência de outros nomes que poderiam muito bem se apresentar e, assim, enriquecer o debate dos problemas e a busca por soluções para os nossos diversos problemas. Ao contrário do que pensam, isto seria de bom proveito para a população e as diferentes oposições, inclusive eles.

Em todo esse período, não teve nem mesmo a iniciativa de fazer uso da ideia de formação de um “governo paralelo”, ao estilo do outrora trabalhista inglês shadow cabinet (gabinete sombra), para se contrapor às ações administrativas do atual governo estadual.  Preferiu o de sempre, a mesmice das promessas de palanques, das frases superficiais, da exploração do sentimento natural do eleitor que quer a mudança e, acima de tudo, tentar penetrar nos espaços políticos e administrativos do governo federal, amplamente ocupados e a serviço do grupo dominante estadual, levando alguns prefeitos e/ou lideranças políticas para serem recebidos por ministros e funcionários, no afã de obter algum dividendo político-eleitoral.

Pior, esse mesmo grupo oposicionista tenta se impor aos outros e a todos como a única solução, o único caminho, a única via para se conquistar a alternância de poder no nosso estado. Assim, optam pela estratégia de um tosco salvacionismo, um barato messianismo com o ungido já “escolhido e eleito”, conforme percebemos nos espaços midiáticos tradicionais e alternativos. Ai de quem se atreva a pensar, falar e escrever diferente! Quando surge algum texto, ideia ou palavra discordante, atiram as pedras e soltam os cachorros para inibir ou calar aos poucos desinibidos. É o que temos assistido, o que não é nada mais que um comportamento pouco afeito à democracia e típico dos autoritários.

O debate, a diferença, o pluralismo, a tolerância e a transparência devemos sempre preservar, principalmente num país cujas instituições estão ameaçadas pela corrupção e pelo distanciamento de seus políticos e a sociedade.

Daí que devemos ver com bons olhos, e torcer muito, para que a pré-candidatura ao governo da deputada estadual Eliziane Gama (PPS) consiga superar todos esses obstáculos e sensibilizar parte das oposições. A tarefa não é simples e pequena. A camisa de força está aí, no nosso dia-a-dia. Cabe a todos nós, que pensamos diferente, ajudar a tirá-la.

Igor Lago

sábado, 10 de agosto de 2013

MARANHÃO 1

Há poucos dias tomamos conhecimento da decisão do Procurador Geral da República, Roberto Gurgel,  a respeito do processo que pede a cassação do mandato da governadora Roseana Sarney, por ação do ex-governador José Reinaldo Tavares, a qual alega abuso de poder político e econômico nas últimas eleições de 2010. Agora, o processo (com semelhantes argumentações a outro recente!) que estava engavetado na Procuradoria Geral da República, volta às mesas (ou gavetas) do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O fato me fez recordar a histórica eleição de 2006: Jackson Lago, em sua terceira tentativa de chegar ao Palácio dos Leões,  vencera. Sem mandato, com a sua conhecida persistência e desprendimento, driblando muitos interesses contrários, sejam do lado de lá ou do lado de cá, o das oposições, obteve 34,36% dos votos no primeiro turno. Junto com os outros dois candidatos oposicionistas, Edson Vidigal (PSB) e Aderson Lago (PSDB), além do apoio político do então governador dissidente do sarneyísmo - José Reinaldo Tavares,  a oligarquia perdera a sua primeira eleição desde 1965, por uma diferença de apenas 1,8% dos votos, no segundo turno.

José Sarney subiu ao poder e tornou-se um dos líderes civis mais confiáveis do regime. Emplacou os seus escolhidos nas eleições indiretas para o governo maranhense e, nas eleições diretas, conseguiu eleger todos os seus candidatos. Ganhou força e fôlego, ao se tornar presidente, com o inesperado falecimento do fiel ministro de Getúlio Vargas, o mineiro Tancredo Neves. Aconteceram eleições questionáveis, como a de 1994 - a primeira eleição da então deputada federal Roseana Sarney, que ficou marcada por suspeita de fraude eleitoral, assim como a de 2002, quando se evitou um segundo turno entre Jackson Lago e José Reinaldo Tavares, por meio de manobras jurídicas no TRE e no TSE, sobre validação ou não da candidatura do cunhado (Ricardo Murad) da ex-governadora e candidata ao senado Roseana Sarney Murad.

Igualmente, recordo-me das circunstâncias de seu governo perseguido mesmo antes de assumir o seu mandato que duraria 2 anos, 3 meses e 17 dias. A Oligarquia (eles detestam ser chamados assim!) jamais aceitou aquele resultado e decidiu fazer uso do que lhe restara: o golpe judiciário.

Durante esse período, o governador Jackson Lago enfrentou a questão da Operação Navalha, a recidiva de seu câncer, a quase-morte de seu genro considerado filho, os desafios de governo e todo o desgaste que se depreendeu daquele processo de cassação que, a rigor, lhe cassou duplamente pois, além de lhe tirar o mandato, nas eleições de 2010, serviu para que os seus adversários Roseana Sarney e Flávio Dino/José Reinaldo Tavares fizessem uso da sua condição de suposto “ficha-suja”.

Lembro-me, por último, que ao ser solicitado para ser o autor desta ação, negou veementemente. Na sua consciência, ele que fora vítima da “judicialização da política” ou, pior, do “golpe judiciário” ou do mal uso da Justiça para resolver as questões eleitorais (em 2002, a sua coligação fora autora de um processo somente para realização do segundo turno!), não via nenhuma possibilidade de partir para caminhos nunca dantes pisados por ele (ou seja, o de cassar o mandato de quem quer que fosse!).

Logo ele que perdeu mais que ganhou eleições (foram 8 derrotas: 1976 - prefeito de Bacabal; 1978 - deputado federal; 1982 - deputado federal; 1985 - prefeito de São Luis; 1986 - deputado federal; 1994 - governador; 2002 -governador e 2010 – governador; e 5 vitórias: 1974 – deputado estadual; 1988 – prefeito de São Luis; 1996 – prefeito de São Luis; 2000 – prefeito de São Luis e 2006 – governador do Maranhão)!

Os valores democráticos estavam presentes na sua ação e pensamento políticos. Via as eleições como parte do processo social, das lutas da sociedade, uma etapa do agir cívico, o que radicalmente o diferencia dos atuais líderes da “nova oposição” e dos adversários longevos do poder. Basta refletir sobre suas trajetórias e atitudes...

Quiçá isto possa inspirar verdadeiros democratas a se lançarem nesse difícil e triste cenário maranhense disputado por duas forças muito parecidas entre si, tal como se fossem duas caras da mesma moeda. Que terão de diferente a nos oferecer?

Igor Lago

terça-feira, 16 de julho de 2013

DIVÃ MARANHENSE 2

Os setores políticos maranhenses que apóiam o governo da "presidenta" Dilma devem estar muito preocupados com as pesquisas negativas a respeito da popularidade do Poste.

José Sarney e o seu grupo, Flávio Dino e o seu padrinho político José Reinaldo e os outros que os seguem na mesma linha do oficialismo devem começar a pensar sobre o futuro.

Estão no Divã!

O Lulla terá condições de voltar?

Até agora, o ex-presidente criador do Poste esconde-se na moita dos conselheiros do marketing: "Lula, fica quieto!" "Lula, arruma outra viagem para bem longe!" "Lula, não sai de casa!" "Lula, nada de aparecer junto da Dilma!".

Sabem que a popularidade da "presidenta" - É assim que a chamam! está caindo, inclusive no nosso Maranhão, terra do atraso político, econômico e social.

O primeiro grupo tem quase todos os cargos federais no Maranhão, indicações de 2 ministros maranhenses e muitos cargos de segundo e terceiro escalão da União, além de todo o prestígio político-institucional; o segundo preside a autarquia Embratur, com a anuência do velho PMDB de guerra, e que tenta a todo custo mostrar alguma "força" no establishment federal.

Continuarão?

Todos devem estar pensando nas próximas pesquisas...


Igor Lago

São Luis, 16/07/2013

domingo, 7 de julho de 2013

REFORMA POLÍTICA E POSTE

Nem o PT tampouco o PMDB querem Reforma Política. Hoje por hoje, só lhes interessa o caminho mais curto para a manutenção do poder que tem nas mãos.

A Reforma Política séria, que aprofunde a democracia brasileira, passa longe destes partidos, bem como dos seus partidos satélites, ou seja, o PC do B, PDT, PR, PV, P...,P..., etc.

O assunto da moda, o chamado “Plebiscito”, só veio à tona após o pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão da presidente Dilma Roussef que, num lance marqueteiro, tentou tirar a atenção da sociedade brasileira e o significado das manifestações.

Ora, estas foram um basta ao Brasil atual da corrupção, da piora de todos os seus serviços públicos (saúde, educação, transporte e segurança), dos projetos faraônicos, das grandes obras não terminadas fontes de mais corrupção, da impunidade, da justiça que tarda e falha, da defasagem dos salários dos servidores públicos, dos privilégios humilhantes das nossas elites patrimonialistas; enfim, da frustração com os atuais ocupantes do poder que, nos últimos 12 anos,  não fizeram as políticas necessárias e de real transformação do país. 

Optaram pela manutenção de um modelo que privilegia o setor financeiro em detrimento do produtivo e esqueceram do povo que trabalha, sua, paga impostos e sofre para manter o sustento do dia-a-dia. Ah! O poder é o poder. E a vontade de poder justifica tudo. A Política, ora, é a do poder. Esta é a que vale! Rasgaram as ideias que defendiam em nome do poder que oferece tudo, dinheiro, luxo, status e, até... os céus. Para não escancarar que estavam fazendo o mesmo do mesmo, inventaram a unificação de todos os programas assistencialistas de governos anteriores num só: o Bolsa Família. E, assim, “ajudaram” aos nossos mais necessitados que nisto ficou e fica, não tem como sair. Quem entrou no programa não sai. Daí a dependência visceral, a da sobrevivência que os nossos patriotas mais necessitados estão mergulhados.

Não vê saída porque, simplesmente, não há sem que o governo faça investimentos maciços nas áreas que movimentam a economia produtiva. E, para investimentos maciços, é preciso ter vontade e coragem políticas de mudar as prioridades do Estado, mexer no seu orçamento, ter “aquilo roxo” para chegar à banca e dizer: Olha, nós não podemos mais continuar pagando esses juros, essas taxas que comprometem metade do nosso orçamento. Precisamos renegociar tudo porque o povo e o país estão em primeiro lugar...Mas, não... Mudaram(?) de lado. E estabeleceram esse modelo que combina o predominante financismo e o subjugado assistencialismo numa espécie de coronelismo eletrônico (uma modernização do voto cabresto da República Velha) que teima em persistir por nossas plagas atrasadas.

Ajudados pelo bom momento econômico internacional, ou melhor, a capitalista China, atravessamos esses últimos 10-12 anos exportando nossa matéria-prima para o mundo que crescia e cresce muito mais que nós, inclusive os nossos vizinhos descendentes dos primos ibéricos.

Mais a interminável propaganda. Nunca é demais lembrar que os gastos com publicidade foram e são astronômicos,  bancados pelo tesouro, estatais e autarquias para alegria dos Dudas, Santanas e outros gulosos tupiniquins. Os mitos foram construídos, os PACs disso e daquilo, as mentiras repetidas tornando-se verdades ou meias-verdades.

Mas, e  a Reforma Política que pode acabar esquecida como nos últimos 20 anos?

Caso aconteça, será séria se começar pela mudança da natureza dos partidos políticos com regras básicas para todos de democracia interna, gestão transparente, limites de mandatos de seus dirigentes e cláusulas de barreiras para evitar o que existe hoje, um mercado de partidos-empresas tocados por caciques, oligarcas e negociadores, com raras exceções.

Será séria se acabar com o Fundo Partidário. Aí gostaria de ver os negocistas se transformarem em líderes. Por que não? Cada um que se vire com a contribuição dos seus filiados e simpatizantes e faça a política das ideias, dos programas, do servir.

Será séria ao adotar o financiamento exclusivo das campanhas eleitorais por pessoas físicas com limite determinado por percentual da declaração do imposto de renda do ano anterior. Por que não? O financiamento público exclusivo é garantia de algo melhor? Ou seria apenas uma garantia de um  caixa dois em inimagináveis proporções aos ocupantes do poder?

O Poste se elegeu, não governa, ludibria os manifestantes e só quer continuar...


Igor Lago

quarta-feira, 3 de julho de 2013

POSTE

A presidente Dilma, ao tentar manter intacta a sua autoridade de primeira mandatária do país após as inesperadas e contínuas manifestações populares de insatisfação geral, encaminhou ontem ao Congresso as suas propostas para o agora afamado “Plebiscito”.

Como todos não sabemos no que resultará esse civismo iniciado pelo Movimento Passe Livre paulistano há quase 1 mes, tampouco sabemos sobre a viabilidade ou não da proposta presidencial.

Acredito que muitos esperavam (e continuam esperando) uma série de medidas imediatas por parte das autoridades dos três poderes como, por exemplo, o cumprimento exato dos orçamentos e, principalmente, o aumento destes para as áreas básicas (saúde, educação, transporte e segurança), assim como a eliminação de privilégios (décimos quarto e quinto salários e outros), de boa parte dos cargos de confiança (na esfera federal são quase 23.000!), de verbas aplicadas para viagens e hospedagens desnecessárias, economias disto ou daquilo, a exemplo das milionárias verbas de publicidade. Isto nos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário!

Rever as prioridades. Por exemplo, o país precisa, realmente, do trem-bala que, só com o projeto gastou 1 bilhão e, de seu valor inicial de 12 bilhões já está ameaçando chegar na casa dos 50 bilhões?

Querem fazer a Reforma Política? Por que não começar pela discussão da realidade dos partidos políticos, que são instituições privadas, mas recebem dinheiro público, por meio do Fundo Partidário e do uso gratuito (?) das televisões e rádios. O artigo 17 da Constituição Federal não estabelece regras claras para o funcionamento dos mesmos. Dá a cada um a liberdade de fazer o que quiser com os fundos públicos. Não seria o caso de se pensar em que todos cumprissem as regras da transparência na gestão desse Fundo Partidário? Que o mesmo fosse distribuído de forma igual entre as instâncias partidárias, para que haja oportunidade de se criar partidos políticos fortes desde o município até as suas instâncias nacionais, tornando-os mais próximos das comunidades, das pessoas? Que se estabeleça limites de mandatos de seus dirigentes, a exemplo de 2 anos com direito a somente uma reeleição?

Foi o que tentamos no PDT desfigurado, traído e negociado. Os “aclamados” inventaram regras insolentes para evitar a formação de chapa opositora para a Convenção Nacional. E, fica tudo por isso mesmo! A bem da verdade, hoje, no nosso país, os partidos políticos tornaram-se instituições à parte, muito distantes da sociedade. E, essas manifestações são a prova disto. À direita e à esquerda, os partidos políticos não funcionam sob regras que fortalecem a democracia interna. Daí, além da cada vez mais influente “rede social” instantânea, a perda de sua representatividade, reforçada pelos inúmeros casos de corrupção por muitos de seus protagonistas. Hoje, a sensação é a de que o atual sistema político brasileiro favorece os maus políticos, aqueles que procuram se inserir na vida política para “fazer negócios”, para escalar socialmente. Assim, os bons políticos acabam sendo passados para trás, acabam perdendo oportunidades e influência nas decisões. E os nossos políticos tornam-se tudo, menos estadistas.

Resumindo: É preciso democratizar os partidos políticos para que possamos aperfeiçoar a democracia brasileira.

Sobre a atual discussão estabelecida pela presidente, paira no ar, e em muitas cabeças, a impressão de que foi uma iniciativa política para tirar de si o alvo principal das manifestações. Isto ficou nítido com a reunião com os governadores e prefeitos de capitais, antes mesmo da reunião ministerial que, a rigor, pouco ou de nada resultou.

Mas a presidente já anunciou que irá fazer nova reunião para cobrar de seus 39 ministros.

Para o Plebiscito, foi noticiado que a presidente Dilma quer sugerir alguns assuntos para a tão esperada Reforma Política que os nossos políticos só tem negado ao povo e à Nação brasileira. Quando muito, mexem com algumas regras para beneficiar a si mesmos em tempos de eleição. É preciso ter muito cuidado porque podemos assistir a mais uma enganação que, talvez, nem valha para as próximas eleições. É que a Constituição Federal, no seu artigo 16, dispõe que “A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência”.

Dentre as sugestões presidenciais,  gostaria de citar a  do sistema eleitoral que, hoje, é proporcional.  As vagas nas Câmaras Municipais, Assembléias Legislativas e na Câmara Federal são distribuídas de acordo com a votação dos partidos ou coligação. Também o é de lista aberta, ou seja, o eleitor vota no candidato ou na legenda e, os eleitos, são os mais votados do partido ou coligação.

Nota: O PT tinha a intenção de fazer uma pequena reforma política para alterar a lista aberta para a lista fechada, aquela que tira do eleitor a opção de votar no candidato e só vota no partido. Assim, os donos dos partidos elaboram a lista e elegem os seus apadrinhados, o que fortalece a oligarquia dos partidos.

Considero o voto majoritário para o legislativo da Câmara Federal, Assembléias Estaduais e Câmaras Municipais a melhor opção para a democracia. É o chamado voto distrital. Cada município e estado é dividido por distritos eleitorais. É eleito o candidato mais votado. Penso ser o que mais aproxima o eleito do eleitor, além de diminuir os gastos de campanha eleitoral. Em vez do candidato a vereador, deputado estadual ou deputado federal ir atrás de votos em todo o seu município ou estado, ele iria fazer o seu proselitismo somente no seu distrito. 

Mas, cabe uma pergunta: É preciso um plebiscito para fazer tudo isso? Ou seria o caso de somente iluminar o poste...

Igor Lago

domingo, 30 de junho de 2013

Manifestações

A manifestação paulistana no início de junho, que pretendia apenas a redução do preço das passagens recém aumentadas pelo prefeito, transformou-se em várias outras pelo Brasil e, inclusive, no exterior. Se o tema era apenas a elevação das tarifas dos transportes coletivos, outros vieram à tona: a melhoria dos serviços públicos de saúde e educação, a questão da segurança, a cobrança da ética no exercício da coisa pública e o basta à impunidade foram alguns dos temas que se seguiram nas faixas, nos cartazes e nas vozes humanas das ruas.

Depois das manifestações pelas eleições presidenciais nos anos 80 - Diretas Já!, quase aprovada no Congresso, e que só vieram a acontecer em 1989, nas quais deixamos de eleger um Brizola, um Covas, um Ulisses, o Brasil jamais voltara a presenciar momento cívico de tamanha repercussão.

Constata-se uma diferença: as atuais manifestações não foram lideradas por organizações representativas tradicionais, a exemplo de entidades estudantis como a UNE, a UBES, os sindicatos, os partidos políticos. Estes, a bem da verdade, até foram hostilizados. Se tudo teve início com o Movimento Passe Livre (MPL), este perdera o controle na medida em que as manifestações foram ganhando vulto. Mas, creio que o resultado - a revogação do aumento, enquanto conquista de todos os paulistanos, faz com que haja um reconhecimento aos seus precursores que atiçaram o civismo brasileiro, além de provocarem o mesmo resultado em muitas outras cidades, com a não decretação de aumento ou a revogação deste no preço das tarifas por suas respectivas autoridades.

Por que as manifestações somente acontecem agora, depois de 12 anos de era Lula-Dilma no poder federal?

Muitas são as respostas (ou perguntas?) a perambular pelas nossas cabeças:

1. Teria tudo isto a ver com a frustração do povo brasileiro com esse modelo econômico e político que já não encontra razões de existir plenamente?
2. O discurso e a propaganda repetitiva do crescimento econômico baseados na exportação de matérias-primas, de pouca agregação de valor, além do estímulo a um consumo interno desenfreado, e que criaram uma percepção de mudança social com a nova classificação das “classes médias”, perderam eficácia no (in)consciente coletivo?
3. Ou que tudo isto se deve à piora significativa dos serviços públicos de saúde, educação, transporte e segurança?
4. Ou com a deterioração das nossas instituições, a impunidade, a manutenção de privilégios por parte dos mandatários legislativos, dos mandatários executivos, do setor judiciário, a exemplo de décimos quarto e quinto salários?
5. Ou com o diferente tratamento com a nossa natureza, com os nossos índios, com os nossos sertanejos, com os que trabalham para garantir o sustento dos seus em relação aos poderosos e oligarcas políticos e financeiros?

Não sabemos no que tudo isto irá resultar. Mas, para começo, além da revogação ou o não aumento das tarifas Brasil afora, o Congresso não aprovou a PEC 37 e tirou da gaveta outro projeto que termina com a votação secreta para algumas situações. Além da presidente embaralhar-se na questão da Constituinte, Plebiscito ou Referendo.

Mas, hoje é o grande dia da decisão final da Copa das Confederações. Brasil e Espanha serão os protagonistas. Ou, quem sabe, os torcedores? Todos estamos atentos ao que acontecerá no Maracanã.

Lembro do maior compositor brasileiro, Heitor Villa-Lobos, que costumava dizer que o Brasil não é vertical nem horizontal, é diagonal.

E de outro grande compositor, Tom Jobim, dizia que o Brasil não é para principiantes e, sendo um deles, deixo as conclusões para o gênio de nossa raça: o povo!

Igor Lago

Ribeirão Preto, 30/06/2013

sábado, 29 de junho de 2013

MARANHÃO

Que estará passando pelas cabeças dos Sarneys e de seus dissidentes liderados pelos senhores Zé Reinaldo e Flávio Dino com a queda da dona Dilma na pesquisa Datafolha?

Torcerão e rezarão para que seja somente algo passageiro, e que o povo voltará a se deixar influenciar pelo marketing e se contentar com os programas assistencialistas?

Continuarão a lutar por cada gesto, carinho e afeto da presidente que chamam de presidenta? As benesses, os cargos, as verbas para iludir as consciências de nossos conterrâneos? A levar prefeitos a desfilar nos tapetes vermelhos de Brasília com direito a fotos para fixar a ideia de que "eu sou o poder aqui"?

Esperarão o "melhor" presidente da história do Brasil (segundo o Dino) que, diga-se de passagem, esteve escondido este tempo todo de manifestações e já embarcou para a Etiópia, a tomar o leme do barco ameaçado pelas tempestades inesperadas do clamor popular?

Ou, já começam a pensar na possibilidade de pular do barco?

São perguntas que não querem calar...

Igor Lago

29/06/2013

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Desfiliação do PDT

Amigas e amigos,

Reproduzo o texto que anunciei a nossa desfiliação do PDT a ser formalizada no próximo dia 04 de junho, juntamente com a Clay, o Wagner e muitos companheiros e companheiras.

A companheira Jô Santos está organizando os pedidos formais de desfiliação que devem ser entregues ao partido e ao TRE.

Um abraço,

Igor Lago


Aos pedetistas do Maranhão,

Amigas e amigos, companheiras e companheiros,

Estivemos substituindo o nosso pai na presidência da Comissão Provisória Estadual do PDT, a convite da maioria de seus antigos membros, entre os dias 06 de junho e 01 de dezembro de 2011.
A direção nacional do PDT exercida, autoritariamente, pelos senhores Carlos Lupi e Manoel Dias, nos aceitou depois de quase 60 dias da indicação (Eles tinham outros planos para o PDT do Maranhão, que vieram a ser confirmados posteriormente!).

Nesse período, ajudamos a reorganizar o partido em 211 municípios, apesar de todas as adversidades internas estaduais e nacionais. Do conhecido Fundo Partidário Nacional, não recebemos 1 real.
As denúncias de corrupção que envolveram o ex-ministro do Trabalho e Emprego e alguns de seus assessores, além da mal fadada viagem realizada ao Maranhão em 2009, culminaram com a demissão daquele no dia 04 de dezembro de 2011, o que fez com que se voltassem contra nós e a nossa postura ao lado da verdade e esclarecimento dos fatos. Não nos surpreendeu, pois conhecemos a trajetória dos mesmos e o que tem feito ao partido durante todos esses anos após a morte de Leonel Brizola.

Após a decisão de nos tirar da presidência do PDT, apesar de todas as iniciativas que confirmavam o apoio da maioria de nossos companheiros para uma solução que respeitasse a nossa história, impuseram os atuais dirigentes para o seu controle cartorial.

Fiz o que pude para reverter a decisão baseando-me no Estatuto. Contudo, nem responderam às nossas reivindicações de discutir e confirmar a decisão tomada a fim de que fosse discutida por todos os membros da Executiva Nacional. Assim, caso confirmada, teríamos a oportunidade de levar o assunto à última reunião do Diretório Nacional – instância máxima do partido. Mas, como já disse antes, o PDT é deles e, não mais, dos trabalhistas, dos nacionalistas, dos democratas, do povo brasileiro.

Sempre fomos a favor do diálogo pela boa política, a qual coloca um partido político a favor dos interesses da maioria da sociedade, não somente na palavra mas, principalmente, na ação, no exemplo. Foi o que procurei fazer no PDT!

Infelizmente, acontece justamente o contrário.

Enfrentamos tudo e todos que se opunham a esta postura. Preferimos romper a lei do silêncio, a lei da esperteza, a lei das comodidades, a lei do convencionalismo e a lei do conforto que, incrivelmente, constituíram-se em condicio sine qua non para o almejado “êxito político”, o que, para mim, não é nada mais que a prática da velhaca política que só nos conduz ao atraso.

Como alternativa de atuação política, uma vez que não há ambiente democrático partidário, criamos com vários companheiros o Comitê de Resistência Democrática Jackson Lago e, assim, representar um canal de manifestação das nossas posições para todo(a)s o(a)s companheiro(a)s e a sociedade.

Igualmente, optamos por estimular a formalização do Comitê de Resistência Nacional Leonel Brizola, para que tivesse uma atuação nacional e, assim, encorajasse as lideranças mais expressivas, deputados e senadores. De forma voluntária, amadora, artesanal, tudo foi feito com o altruísmo de muitos companheiros e companheiras Brasil afora aos quais rendo as minhas sinceras homenagens. Tínhamos como objetivo apresentar uma chapa nacional e provocar o debate na Convenção Nacional, já que o V Congresso e sua fase deliberativa não foi realizado (como anunciado oficialmente pelos próprios dirigentes nacionais) no primeiro semestre de 2012.

Infelizmente o nosso partido já não é mais o mesmo. Seus melhores nomes concordam com as nossas posições (democratização partidária, eleições diretas, gestão transparente, etc.) mas, jamais tiveram a coragem e disposição políticas necessárias para enfrentar o establishment partidário que, quando muito, faz homenagens estéreis aos que dedicaram suas vidas a um país melhor e tinham, no PDT, um instrumento de luta em defesa do povo maranhense e brasileiro. Assim, acreditam ludibriar a boa índole e confiança de nossos militantes e de nosso povo.

Na última terça-feira, dia 07, o Comitê de Resistência Democrática Jackson Lago se reuniu e, após a exposição do ponto de vista de cada um, decidiu, por ampla maioria, pela desfiliação partidária. Creio ser a maior homenagem que possamos prestar aos nossos fundadores que já se foram! (Lembram quando o Brizola disse que fecharia o partido caso este deixasse de ser um instrumento do povo trabalhador brasileiro?)

Creio ser a decisão mais coerente a ser tomada depois de tudo o que aconteceu e temos feito até aqui. Aos que possam pensar o contrário, meus respeitos. Vejo que as motivações são, para uns, de ordem sentimental (as quais respeito); para outros, de cunho político-eleitoral.

Mas, o importante é que reconheçamos todos que, após o desfecho da Convenção Nacional do PDT que, pela forma em que aconteceu, com regras arbitrárias e impeditivas para que se formasse outra chapa, onde não houve sequer debate, não foi nada mais que um casuístico e falso episódio partidário, uma pseudo-convenção, depois da qual não se vislumbra nenhuma luz no fim do túnel para que ilumine a democratização do partido - causa maior de nossa luta partidária.

A iconoclastia foi concretizada. Para mim, o PDT acabou e, com estas direções nacional e local que tem, sem limites de todo tipo e de mandato, não é nada mais que uma sigla a negociar, para proveito próprio de seus dirigentes, a já maculada imagem do trabalhismo.

Esteja onde estiver, filiado ou não a outra sigla partidária, carregarei sempre as convicções democráticas e trabalhistas para que guiem os nossos passos.

Acredito, profundamente, ser a mais digna homenagem que possa prestar ao meu pai.

Abraço afetuoso, fraterno e amigo,

Igor Lago

Imperatriz, 09/05/2013

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Entrevista ao Jornal Pequeno (12/05/2013)


Senhore(a)s e amigo(a)s,

Na última sexta-feira, o jornalista Manoel Santos Neto enviou-me as seguintes perguntas por email, as quais respondi da seguinte forma:

1 – Está de fato consumada sua desfiliação do PDT? O que o levou a tomar esta decisão?

Sim, a desfiliação é fruto de uma reflexão sobre tudo o que tem acontecido com o PDT. O principal motivo é a certeza de que o PDT não tem a mínimachance de mudar. Os atuais donos do partido tem controle absoluto, vigiam dia e noite qualquer movimentação que leve a questioná-los. Com o atual Estatuto na mão, eles fazem o que querem. E sem limites de mandatos. O Lupi está na presidência do PDT desde junho de 2004 e o secretário-geral Manoel Dias há 15 anos. Estão mais fortalecidos com a decisão da Presidente Dilma com a volta ao Ministério do Trabalho e Emprego e terão mais 2 anos com direito a reeleições ilimitadas e infinitas. No PDT não há ambiente democrático. Eles se negaram a fazer o V Congresso há 1 ano com medo do debate sobre eleições diretas, gestão transparente, limitação de mandatos de direção partidária, enfim, há uma ditadura partidária.

2 – Já há convites para ingressar em outras legendas? Quais? Como estão estas articulações?

Nos sentimos confortados e felizes com a atenção e convites de diferentes partidos políticos do campo progressista: PSDB, REDE, MD, PSB e PSOL. Agradecemos a todos e dissemos que nos sentíamos muito honrados, e que vamos refletir muito para tomar esta decisão com o cuidado de não desmerecer a nenhum partido e seus líderes que estendem as suas mãos para continuarmos na luta. Temos até setembro para decidir. Isto tudo é, a bem da verdade, um reconhecimento ao Legado de nosso pai.

3 – Estás com a pretensão de sair candidato nas eleições de 2014? Ou estás propenso a apoiar alguém?

Ainda não estamos pensando nisso no presente. Apenas colhendo a opinião dos companheiros, amigos e lideranças políticas. Penso que uma candidatura deve surgir de uma conjuntura, não de uma vontade pessoal.

4 – O que de fato aconteceu e está acontecendo com o PDT no Maranhão?

O PDT maranhense foi tomado pelos seus piores setores graças à realidade partidária nacional. Se tivéssemos dirigentes corretos, que respeitassem as boas práticas partidárias e a vontade das maiorias, nada disso teria acontecido. Hoje, o PDT nacional e maranhense são dirigidos por pessoas que não tem estatura moral e política. Veja, há dirigentes respondendo a vários processos por improbidade administrativa. A rigor, por uma questão ética, se vivêssemos num outro momento, jamais poderiam exercer qualquer direção.

5 – Como avalias o cenário para as eleições de 2014 no Maranhão, especialmente em se tratando da disputa para a vaga no Senado e para o Governo do Estado?

Vejo 2014 da seguinte forma: Para a eleição de senador, as oposições deveriam se concentrar num só nome porque só há uma vaga em disputa e num só turno. Seria uma espécie de candidatura majoritária de todos.
Para a eleição de governador, defendo a pluralidade de candidaturas oposicionistas para enriquecer o debate e, consequentemente, preparar e escolher o candidato que irá para um eventual segundo turno. Deixemos o povo escolher.

Na edição de ontem, domingo, saiu uma matéria a respeito, o que agradeço ao jornalista e ao prestigiado jornal ludovicense Jornal Pequeno:

Igor Lago sai do PDT e diz que o partido está sob uma “ditadura”
POR MANOEL SANTOS NETO

Inconformado com as práticas da atual direção do partido, o médico Igor Lago decidiu sair do PDT. Ele afirma que tomou a decisão depois de refletir bastante sobre tudo o que tem acontecido com o partido. Na avaliação de Igor Lago, não existe mais ambiente democrático no partido que, segundo ele, agora está sob uma “ditadura” no Maranhão.

Em entrevista ao Jornal Pequeno, o filho do ex-governador Jackson Lago afirmou que o principal motivo de sua desfiliação “é a certeza de que o PDT não tem a mínima chance de mudar”.

Segundo Igor Lago, os atuais dirigentes do PDT “tem controle absoluto, vigiam dia e noite qualquer movimentação que leve a questioná-los. Com o atual Estatuto na mão, eles fazem o que querem. E sem limites de mandatos”.

Igor Lago observou que Carlos Lupi está na presidência do PDT desde junho de 2004 e o secretário-geral, Manoel Dias, há 15 anos. “Agora eles estão mais fortalecidos com a decisão da presidente Dilma com a volta ao Ministério do Trabalho e Emprego e terão mais dois anos com direito a reeleições ilimitadas e infinitas”.

Na avaliação de Igor Lago, no PDT não existe mais ambiente democrático. “Eles se negaram a fazer o V Congresso há um ano com medo do debate sobre eleições diretas, gestão transparente, limitação de mandatos de direção partidária, enfim, há uma ditadura partidária”.

Ao longo dos últimos meses, Igor Lago tem sido assediado por diversos dirigentes partidários. Ele já recebeu convites para se filiar ao PSDB, à Rede, ao MD, ao PSB e ao PSOL.

“Agradecemos a todos e dissemos que nos sentíamos muito honrados, e que vamos refletir muito para tomar esta decisão com o cuidado de não desmerecer a nenhum partido e seus lideres que estendem as suas mãos para continuarmos na luta. Temos até setembro para decidir. Isto tudo é, a bem da verdade, um reconhecimento ao Legado de nosso pai”, frisou Igor Lago.

Ele informou ainda que também não decidiu se irá disputar algum mandato eletivo no pleito de 2014. “Ainda não estamos pensando nisso no presente. Apenas colhendo a opinião dos companheiros, amigos e lideranças políticas. Penso que uma candidatura deve surgir de uma conjuntura, não de uma vontade pessoal”.

Ao formalizar sua desfiliação, Igor Lago disparou críticas à atual direção do partido no Estado, dizendo que o PDT maranhense foi tomado pelos seus piores setores graças à realidade partidária nacional.

“Se tivéssemos dirigentes corretos, que respeitassem as boas práticas partidárias e a vontade das maiorias, nada disso teria acontecido. Hoje, o PDT nacional e maranhense são dirigidos por pessoas que não tem estatura moral e política. Veja, há dirigentes respondendo a vários processos por improbidade administrativa. A rigor, por uma questão ética, se vivêssemos num outro momento, jamais poderiam exercer qualquer direção”, ressaltou.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Aos pedetistas do Maranhão

Amigas e amigos, companheiras e companheiros,


Estivemos substituindo o nosso pai na presidência da Comissão Provisória Estadual do PDT, a convite da maioria de seus antigos membros, entre os dias 06 de junho e 01 de dezembro de 2011.

A direção nacional do PDT exercida, autoritariamente, pelos senhores Carlos Lupi e Manoel Dias, nos aceitou depois de quase 60 dias da indicação (Eles tinham outros planos para o PDT do Maranhão, que vieram a ser confirmados posteriormente!).

Nesse período, ajudamos a reorganizar o partido em 211 municípios, apesar de todas as adversidades internas estaduais e nacionais. Do conhecido Fundo Partidário Nacional, não recebemos 1 real.

As denúncias de corrupção que envolveram o ex-ministro do Trabalho e Emprego e alguns de seus assessores, além da mal fadada viagem realizada ao Maranhão em 2009,    culminaram com a demissão daquele no dia 04 de dezembro de 2011, o que fez com que se voltassem contra nós e a nossa postura ao lado da verdade e esclarecimento dos fatos. Não nos surpreendeu, pois conhecemos a trajetória dos mesmos e o que tem feito ao partido durante todos esses anos após a morte de Leonel Brizola.

Após a decisão de nos tirar da presidência do PDT, apesar de todas as iniciativas que confirmavam o apoio da maioria de nossos companheiros para uma solução que respeitasse a nossa história, impuseram os atuais dirigentes para o seu controle cartorial.

Fiz o que pude para reverter a decisão baseando-me no Estatuto. Contudo, nem responderam às nossas reivindicações de discutir e confirmar a decisão tomada a fim de que fosse discutida por todos os membros da Executiva Nacional. Assim, caso confirmada, teríamos a oportunidade de levar o assunto à última reunião do Diretório Nacional – instância máxima do partido. Mas, como já disse antes, o PDT é deles e, não mais, dos trabalhistas, dos nacionalistas, dos democratas, do povo brasileiro.

Sempre fomos a favor do diálogo pela boa política, a qual coloca um partido político a favor dos interesses da maioria da sociedade, não somente na palavra mas, principalmente, na ação, no exemplo. Foi o que procurei fazer no PDT!

Infelizmente, acontece justamente o contrário.

Enfrentamos tudo e todos que se opunham a esta postura. Preferimos romper a lei do silêncio, a lei da esperteza, a lei das comodidades, a lei do convencionalismo e a lei do conforto que, incrivelmente, constituíram-se em condicio sine qua non para o  almejado “êxito político”, o que, para mim, não é nada mais que a prática da velhaca política que só nos conduz ao atraso.

Como alternativa de atuação política, uma vez que não há ambiente democrático partidário,  criamos com vários companheiros o Comitê de Resistência Democrática Jackson Lago e, assim, representar um canal de manifestação das nossas posições para todo(a)s o(a)s companheiro(a)s e a sociedade.

Igualmente, optamos por estimular a formalização do Comitê de Resistência Nacional Leonel Brizola, para que tivesse uma atuação nacional e, assim, encorajasse as lideranças mais expressivas, deputados e senadores. De forma voluntária, amadora, artesanal, tudo foi feito com o altruísmo de muitos companheiros e companheiras Brasil afora aos quais rendo as minhas sinceras homenagens. Tínhamos como objetivo apresentar uma chapa nacional e provocar o debate na Convenção Nacional, já que o V Congresso e sua fase deliberativa não foi realizado (como anunciado oficialmente pelos próprios dirigentes nacionais) no primeiro semestre de 2012.

Infelizmente o nosso partido já não é mais o mesmo. Seus melhores nomes concordam com as nossas posições (democratização partidária, eleições diretas, gestão transparente, etc.) mas, jamais tiveram a coragem e disposição políticas necessárias para enfrentar o establishment partidário que, quando muito, faz homenagens estéreis aos que dedicaram suas vidas a um país melhor e tinham, no PDT, um instrumento de luta em defesa do povo maranhense e brasileiro. Assim, acreditam ludibriar a boa índole e confiança de nossos militantes e de nosso povo.

Na última terça-feira, dia 07, o Comitê de Resistência Democrática Jackson Lago se reuniu e, após a exposição do ponto de vista de cada um, decidiu, por ampla maioria, pela desfiliação partidária. Creio ser a maior homenagem que possamos prestar aos nossos fundadores que já se foram! (Lembram quando o Brizola disse que fecharia o partido caso este deixasse de ser um instrumento do povo trabalhador brasileiro?)

Creio ser a decisão mais coerente a ser tomada depois de tudo o que aconteceu e temos feito até aqui. Aos que possam pensar o contrário, meus respeitos. Vejo que as motivações são, para uns, de ordem sentimental (as quais respeito); para outros, de cunho político-eleitoral.

Mas, o importante é que reconheçamos todos que, após o desfecho da Convenção Nacional do PDT que, pela forma em que aconteceu, com regras arbitrárias e impeditivas para que se formasse outra chapa, onde não houve sequer debate, não foi nada mais que um casuístico e falso episódio partidário, uma pseudo-convenção, depois da qual não se vislumbra nenhuma luz no fim do túnel para que ilumine a democratização do partido - causa maior de nossa luta partidária.

A iconoclastia foi concretizada. Para mim, o PDT acabou e, com estas direções nacional e local que tem, sem limites de todo tipo e de mandato, não é nada mais que uma sigla a negociar, para proveito próprio de seus dirigentes, a já maculada imagem do trabalhismo.

Esteja onde estiver, filiado ou não a outra sigla partidária, carregarei sempre as convicções democráticas e trabalhistas para que guiem os nossos passos.

Acredito, profundamente, ser a mais digna homenagem que possa prestar ao meu pai.

Abraço afetuoso, fraterno e amigo,

Igor Lago

Imperatriz, 09/05/2013