segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Maranhão 5

No Maranhão, o debate pré-eleitoral continua sendo dominado pelo paradigma situação por situação versus oposição por oposição.

Os dois principais grupos que se digladiam na mídia, o sarneísmo e os seus dissidentes, o reinaldo-dinismo, parecem seguir o mesmo roteiro.

Não dão sinais de que irão mudar o debate com os velhos jargões há muito utilizados como argumentos e contra-argumentos eleitorais.

Pior: se alguém apresenta críticas a um e a outro, logo é estigmatizado, pelas próprias redes de comunicação a serviço de cada grupo, como auxiliar de um ou de outro.

A pobreza do debate pré-eleitoral se baseia na lógica do Bem contra o Mal. Quem se coloca de forma diferente é visto como se estivesse a serviço de um dos dois grupos, conforme o lado que se apressa na avaliação.

Dessa pobre realidade, não se obtém bons resultados. A nossa pequena história está aí cheia de exemplos, aqui e alhures, para confirmar que ainda não saímos do mesmo lugar ou, quem sabe, andamos para trás.

Mergulhados na mesmice, não dizem a que querem vir, por mais simples que seja a situação.

Por exemplo, o eleitor quer saber se os hospitais regionais de que o estado tanto precisa (e o ex-governador Jackson Lago começou a fazer!) fazem parte de seus planos?

Todos sabemos que o estado precisa de grandes hospitais regionais para atender a demanda do interior. Estes hospitais são essenciais para dar solução aos problemas de urgências e emergências médicas, além de ajudar na integração com os hospitais municipais, unidades básicas e postos de saúde.

Outro exemplo, a eleitora também gostaria de saber se a segurança pública continuará como está, exercida sob o mesmo ponto de vista do atual governo, que é o mesmo da época do governo Zé Reinaldo, quando tiveram até o mesmo secretário?

Terão coragem de retomar o enfoque diferente, o da cidadania, além das inovações do período do governo Jackson Lago na área?

A rigor, não há sequer debate. O que há, na verdade, é muita campanha eleitoral fora de época.

Um lado, o do situacionismo, utilizando as oportunidades na presença da máquina estadual, para inveja do outro lado que, se pudesse, faria o mesmo.

O outro lado, tentando, de forma impositiva, ser visto como a solução única, o caminho da salvação do estado, numa espécie de messianismo barato e já carcomido.

Cada vez mais iguais e semelhantes. Olhamos para um e vemos a cara do outro, tal a semelhança da política (a chamada realpolitik) dos dois grupos.

As colocações de um servem para o outro e vice-versa.

Não se sabe qual grupo possui em maior quantidade as "boas" companhias da política.

Daí a necessidade de uma candidatura alternativa para viabilizar e provocar o verdadeiro debate que interessa às pessoas, eleve a discussão, rejeite a baixaria que tomou conta da mídia digital (muito utilizada pelos dois grupos) e assuma os compromissos com a população, em vez de assumir com a chamada "classe política" que anda muito distante daquela, da população.

Igor Lago

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

DIVÃ MARANHENSE 9

O imbróglio continua, continua(!), continua(?), …

O sarneyísmo e os seus dissidentes, os reinaldo-dinistas, parecem continuar mergulhados na incerteza.

Estão ansiosos. Falam e fazem a mesma política, sob o mesmo paradigma e seguindo a mesma lógica.

Elaboram os seus passos na busca pelo poder baseados na conquista do apoio do poder central.

Foi assim com Benedito Leite, Urbano Santos, Vitorino Freire e, nos últimos 48 anos, com José Sarney.
(É o dilema da influência do poder central sobre os destinos de um estado periférico dependente).

Acham que a realpolitik é a norma. É a política decidida nos gabinetes com os conchavos e compromissos nem sempre divulgados.

Enquanto não tivermos a decisão petista, que poderá acontecer formalmente ou não, resta aos dois segmentos "politicar" pelo tão cobiçado apoio de quem, em 2010, obteve 70% e 79% dos votos, respectivamente, nos primeiro e segundo turnos.

Vale lembrar que o Bolsa Família estava presente em 53% das famílias maranhenses. Hoje, esse número é bem maior.


Recentemente, o pré-candidato ao governo dos dissidentes afirmou que "Lula e Dilma querem a saída do clã Sarney do governo do Maranhão"; "que o Sarney só apoiou o Lula quando a vitória já estava sacramentada",  "que o Sarney não foi sequer um aliado de primeira hora".


O sarneísmo, com os seus longos anos de realpolitik, nada respondeu. Está quieto conforme o momento exige. Sabe do apreço (e que apreço!) do Lula pelo senhor incomum, da sua amizade com as principais figuras da era petista cuja governabilidade é devida a ele e ninguém mais.


O divã permanece e o poder central poderá formalizar algo que nenhuma das duas forças poderão se distanciar.


2014 poderá ser mais uma edição de 2010, quando estas duas forças mantiveram-se, lado a lado, no apoio federal.

E como ficarão os acertos com os outros palanques presidenciais oposicionistas?

Talvez nem Freud poderá explicar. Quem ficará com o papel de traidor ou de traído?

Cabe aos que se encontram fora dos dois campos fazer crescer as candidaturas alternativas já postas, a da deputada estadual Eliziane Gama (PPS) e a do advogado Luis Pedrosa (PSOL).

Assim, poderemos fazer com que o divã não nos submeta ao sono profundo da mesmice.

Igor Lago